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Universidade Federal de Goiás
Curricularização da Extensão na UFG

UFG inicia discussões sobre a curricularização da extensão

Em 26/06/19 13:28.

Mudanças dos PPCs e uma nova organização dos cursos de graduação devem ser implementadas

Carolina Melo

Durante todo o dia de ontem (25/6), a comunidade acadêmica se reuniu para pensar e debater a formalização e formatação da curricularização da extensão na UFG. O primeiro seminário organizado sobre o tema na Universidade trouxe experiências de instituições parceiras, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), e levantou discussões conceituais sobre a Resolução 07/2018, que estabelece as diretrizes para a extensão na Educação Superior.

Curricularização da Extensão na UFG

(Fotos: Carlos Siqueira)

Durante a abertura do evento, a pró-reitora de Extensão e Cultura (Proec), Lucilene Maria de Sousa, valorizou a importância do diálogo transparente para a implantação da extensão nas matrizes curriculares da UFG, de forma a garantir a “formação acadêmica alicerçada na prática profissional, junto à comunidade”. A pró-reitora de Graduação, Jaqueline Araújo Civardi, também destacou a importância do debate, uma vez que se trata de uma mudança que irá “impactar o currículo e os cursos de graduação”. A professora chamou a atenção para a necessidade de participação tanto das unidades acadêmicas, quanto dos técnicos-administrativos da Educação.

Debate

“Pensar a extensão é urgente. E agora obrigatório”, chamou a atenção a pesquisadora e extensionista da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Andréa Khochann. A professora fez uma exposição conceitual, problematizando e provocando o público para a efetiva curricularização da extensão nas instituições de ensino superior.

De acordo com Andréa, é necessário pensar sobre os conceitos e concepções que regem a Resolução 07/2018 e que devem nortear os documentos específicas das instituições de Educação, para que a extensão, de fato, cumpra o seu papel na formação acadêmica. Entre os textos que podem contribuir para nortear as resoluções específicas de extensão das Ifes, a professora citou a Política Nacional de Extensão Universitária, de 2012. “Destaco a concepção de extensão do documento e as diretrizes para as ações, que contribuem para a escrita dos documentos”, afirmou.

Segundo a professora, o processo de curricularização da extensão deve permear dois momentos: a extensão de cada curso, mas também a extensão como uma política da universidade. “Qual a extensão que a universidade quer? A discussão deve partir daí para,então, pensar-se cada curso, de forma a garantir a unidade”, acredita. Nesse sentido, cada conceito que irá nortear a prática de extensão da UFG deve ser “cuidadosamente” analisado.

Uma discussão relevante, na avaliação de Andréa Khochann, é a garantia de uma extensão que não propicie o acadêmico se tornar uma mão-de-obra barata para o mercado. “Deve-se pensar como alocar as horas mínimas na matriz curricular. E isso gera polêmica. De que forma fazer? Deve-se conhecer todas as resoluções, para respeitar todas. Eu posso cumprir as horas de maneira mercadológica, ou prática e política”, afirmou. 

Curricularização da Extensão na UFG

Outro aspecto levantado pela professora diz respeito às formas de avaliação das atividades de extensão. Segundo Andréa, é necessário que as avaliações tenham o rigor que se equipare às de ensino e pesquisa. Ela deve ser uma validação para o currículo do aluno. “Não podemos pensar na fragmentação da extensão perante o ensino e a pesquisa. Não pequemos na burocratização de implementação da resolução e deixemos de lado a formação”, disse.

Um item pouco valorizado na extensão é a produção científica advinda dela e isso, para Andréa  Khochann, é um equívoco. “A extensão é ciência. Temos que dar esse olhar para ela. Minha fala é a de que a extensão é pesquisa. São pesquisas, partem de pesquisas ou se tornam pesquisas. Precisamos construir e fortalecer essa concepção”, afirmou. Conforme explicou a professora, a extensão não é prática, e sim práxis. Ela é um movimento entre a teoria e a prática. “Taí a importância de se discutir as concepções e conceitos que envolvem a extensão. Como iremos garantir a indissociabilidade sem a interlocução direta com a pesquisa?”.

Definição

Andréa Khochann questionou as modalidades das atividades extensionistas, definidas pela resolução 07/2019. De acordo com o documento, as atividades se inserem em cinco modalidades: programas, projetos, cursos e oficinas, eventos, prestação de serviços. “Ao considerar cursos, eventos e prestação de serviços como extensão questiono onde está o aluno. Precisamos pensar com cuidado nessas três modalidades. Como em um curso em que o professor é o protagonista, a extensão vai garantir o protagonismo do aluno? Então, depende da concepção que a UFG vai criar para as atividades de extensão”, afirmou.

Curricularização da Extensão na UFG

Como contribuição ao debate, o pró-reitor de Extensão da UFSM, Flavi Ferreira Lisbôa Filho, trouxe a experiência percorrida pela Universidade Federal de Santa Maria. Segundo ele, foram realizadas rodadas de discussões em cada unidade para fortalecer a compreensão do que é, de fato, extensão. Nesse sentido, foram utilizados como textos bases a Política Nacional de Extensão Universitária; a meta 12.7 do Plano Nacional da Educação (2014-2024); e a resolução 07/2018.

As discussões propiciaram a criação da Política de Extensão da UFSM (resolução 006/2018), que se tornou o documento base, e serve como norte e orientação para as atividades de extensão. “Ainda assim, surgiram muitas dúvidas posteriores”, afirmou o professor. No entanto, o documento contribui para qualificar uma ação como extensionista. 

Uma ação é considerada extensão, segundo o professor Flavi Lisboa Filho, se ela abranger todas as diretrizes. Ou seja, se a atividade garantir: interação dialógica; interdisciplinaridade; interprofissionalidade; indissociabilidade; impacto na formação do estudante; impacto e transformação social; priorização das demandas da sociedade. “Um esforço importante é tentar enxergar se nossas ações dão conta das diretrizes e, se não, o que está faltando. Na nossa política, classificam-se como ações de extensão programas, projetos, cursos, eventos e prestação de serviços que cumpram as diretrizes de extensão”, afirmou. As bolsas de extensão, por sua vez, podem se enquadrar nas modalidades de iniciação à extensão; organização de eventos; participação de eventos externos; e inserção social (pós-graduação).

Experiências

A Universidade Federal de Santa Maria também criou o Fórum Regional Permanente de Extensão, que é um evento direcionado à comunidade. “Durante o evento, a universidade faz a escuta e organiza a Plataforma de Coleta de Dados do Fórum. Com isso, identificamos para cada câmpus o que é demanda da comunidade. Isso ajuda a pontuar os programas e projetos para a conquista de financiamento”, explicou o pró-reitor Flavi Lisbôa. 

Entre as modalidades de curricularização da extensão, foram elegidas: ações complementares de extensão (dentro de programas, projetos, cursos, eventos e prestação de serviços registrados); componentes curriculares de núcleo rígido (disciplinas obrigatórias com destinação em sua carga horária para a extensão); e componentes curriculares de núcleo flexível (disciplinas complementares extensionistas de graduação).

Curricularização da Extensão na UFG

O pró-reitor de Extensão e Relações Externas do Instituto Federal de Santa Catarina, professor André Dala Possa, também apresentou a forma como incluíram as modalidades no currículo. Segundo ele, são compatíveis com as da UFSM. Foi incluída o “componente curricular específico de extensão” (os programas e projetos podem estar vinculados aqui); e o “componente curricular não específico de extensão”.

A instituição de Santa Maria também criou a tríade extensionista. De acordo com o pró-reitor, as atividades devem ter servidor orientador, comunidade externa ativa e estudante ativo. A definição foi formalizada também em resolução específica da instituição, publicada em 2015 e atualizada em 2016. “O grupo que pensou a resolução tinha consciência do desafio e previu sua atualização um ano depois”. A IFSM hoje tem 62 PPCs, 32 são curricularizados (nem todos em plena oferta) e 28 em processo de curricularização. “É um equívoco pensar numa espécie de alinhamento curricular. Erro que nós cometemos inicialmente. Afinal, os arranjos locais interferem na organização do currículo”, afirmou Dela Possa.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Institucional