Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Machado de Assis

Internacionalização tardia de Machado de Assis é tema de pesquisa

Em 01/07/19 14:17. Atualizada em 02/07/19 13:16.

Estudo foi apresentado durante Colóquio sobre os 180 anos do autor brasileiro

Letícia Santos

Um dos maiores nomes da literatura do Brasil completaria 180 anos em 2019. Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro e foi autor de diversos sucessos literários, como ‘Dom Casmurro’ e ‘Memórias póstumas de Brás Cubas’. Para comemorar a data, a Faculdade de História da UFG realizou o “Colóquio Machado de Assis – 180 anos”, onde foram discutidas diversas temáticas relacionadas a literatura machadiana.

Na última sexta-feira (28/07), a professora Lúcia Granja, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), foi convidada para apresentar sua tese de doutorado com a temática “Machado de Assis (editor?) e seus editores”. Durante sua apresentação, a professora analisou a relação dos irmãos e editores Garnier Frères com o escritor Machado de Assis. Para ela, a relação do escritor com os Garnier envolviam três editores diferentes, embora da mesma família e com o mesmo sobrenome. “Eu passei os últimos anos sete anos da minha carreira pesquisando documentos em diferentes bibliotecas do Brasil e do exterior para melhor esclarecer a relação de Machado de Assis com seus editores”. Para Lúcia, o questionamento principal de sua pesquisa é o por que Garnier, editor de Machado de Assis, impediu os passos do escritor rumo à tradução e internacionalização de sua obra. “Machado de Assis não era um autor ligado diretamente aos irmãos Garnier como muito tem se pensado e afirmado ao longo dos anos. As características de cada um desses editores e as peculiaridades da relação estabelecida entre autor e editores são uma das principais razões da obra machadiana ter aguardado até 1910 para ser traduzida para a língua francesa e até 1911 para ser traduzida para o espanhol”. Segundo a professora, essa tradução era um importante meio para que as obras de Machado de Assis ganhassem circulação intencional, o que não veio a acontecer enquanto o escritor estava vivo.

Para discutir a relação dos editores com Machado de Assis, a professora apresentou a trajetória dos irmãos Garnier, no que diz respeito a mudança de país, da França para o Brasil. Segundo Lúcia, o caçula dos nove irmãos Garnier, Baptiste-Louis, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1838 ou 1844 e suas as estratégias comerciais juntamente ao seu trabalho e escolhas dos literatos contribuíram para que ele passasse a ser reconhecido como o grande editor dos textos brasileiros do século XIX. Nos anos de anos 1860, Machado de Assis e Baptiste-Louis Garnier se conheceram. “Machado era um jovem homem de Letras que frequentava o ambiente literário carioca e que precisava de um editor. Enquanto Garnier era um editor que tentava firmar essa atividade no País e precisava de autores brasileiros para essa conquista”.

A relação de Machado de Assis com Baptiste se estreitou e a partir dos anos 1860 e 1870 diversas obras do escritor foram publicadas. “Foram publicados livros de poemas, contos escolhidos e romances”, afirmou a professora. Embora a relação dos dois fosse aparentemente positiva, a professora defendeu que isso não resultou na internacionalização das obras. “Considerando a separação entre os irmãos de Paris e o do Rio de Janeiro, o caminho Brasil-França pelo canal Garnier estava interrompido. E, se não fosse pela via dos Garnier, a circulação da literatura brasileira no velho continente, embora fosse possível, passava por caminhos menos evidentes, que era necessário explorar. Isso explicaria o porque de todas as tentativas conhecidas de tradução e possível circulação da obra machadiana na Europa terem partido do próprio escritor”.

prof
Professora Lúcia Granja, da Unesp, pesquisou por sete anos a relação do autor com editores (Fotos: Natália Cruz)

 

Depois de diversos impasses relacionados à tradução das obras de Machado de Assis para outros idiomas e à gestão da editora, que foi assumida por diferentes membros da família, houve uma renovação na editora Garnier durante a fase Pierre-Auguste. Nesse período, a editora passou a permitir a tradução de obras francesas para o Português e para o mundo hispanofônico, e também de obras brasileiras para o Espanhol e o Francês. “Em 1911, a Garnier Hermanos publicou Varias historias, Memorias Postumas de Blas Cubas e Don Casmurro, todos traduzidos por Rafael Mesa Lopes. Até 1913, sairia Quincas Borba. Nesse momento Machado de Assis já não vivia”, afirmou a professora. Ao final de sua fala, Lúcia ainda acrescentou seu desejo em publicar um livro com as respostas encontradas nas suas pesquisas a respeito de Machado de Assis. “Tenho publicado os resultados em artigos por enquanto, mas pretendo fazer um livro, além de elaborar outra pesquisa individual para responder novas perguntas que surgem a respeito do tema”, concluiu.

plateia

Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades