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Universidade Federal de Goiás
Projeto Feirô - Ana Elisa Chaves (FAV/UFG)

Estudantes da UFG desenvolvem soluções de acessibilidade às feiras

Em 10/07/19 12:15. Atualizada em 25/07/19 14:50.

Projeto Feirô cria desde aplicativos até guias de cartografia para facilitar trocas informativas sobre feiras

 

Projeto Feirô - apresentação dos estudantes (Fotos_Pedro Gabriel)

Grupo que fez o trabalho é formado por 27 alunos do 9º período (Fotos: Pedro Gabriel)

Versanna Carvalho

Um outro olhar para a Arquitetura e Urbanismo. Essa é a proposta da disciplina Projeto 7 direcionada aos estudantes do 9º período do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG). Neste ano, a turma foi desafiada a fazer um projeto sobre as feiras e os resultados obtidos surpreenderam aos estudantes e professores da Faculdade de Artes Visuais (FAV). O grupo desenvolveu diversos produtos como livro, cartografia, perfil no Instagram dentre outras soluções para facilitar a vida dos feirantes e dos frequentadores de feiras em Goiânia. 

As feiras de Goiânia são famosas em todo o Estado e algumas, como a Feira Hippie, são conhecidas em todo o País. Essa atividade econômica e manifestação cultural é vista com carinho pela população goianiense que marca presença nesses mercados, realizados todos os dias da semana, em diferentes locais. De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec) da Prefeitura Municipal de Goiânia, existem 169 feiras cadastradas, entre feiras livres, especiais e orgânicas. 

Projeto Feirô - Colagem - Ana Elisa Chaves Jawabri (Feira da Lua)

Colagem por Ana Carla Barbosa: a Feira da Lua fez parte do estudo

A turma escolheu seis feiras para acompanhar de perto: Feira livre do Conjunto Vila Bela, na Vila dos Alpes; Feira livre do Cepal Jardim América, no Setor Jardim América; Feira Hippie de Goiânia (feira especial), Setor Central; Feira da Marreta (feira especial), no estacionamento do Parque Agropecuário, no Setor Vila Nova; Feira da Lua (feira especial) na Praça Tamandaré - Setor Oeste; e Feira do Cerrado (feira alternativa), no Parque das Crianças - Jardim Goiás. 

Projeto Feirô - Imagem - Maria Eduarda da Costa Alves (App)

Projeção da estudante Maria Eduarda da Costa Alves para o app Feirô

Objetivos e produtos

As soluções apresentadas ao final do semestre foram inspiradas em cinco objetivos principais do estudo sobre as feiras. A exploração dos aspectos das troca simbólicas para enfatizar a identidade e tradição das feiras; a efemeridade das feiras como forma de se apropriar do espaço público; valorização da cultura como forma de diversidade da cidade; facilitação do acesso e do conhecimento sobre as feiras de Goiânia; e identificação das necessidades infraestruturais das feiras.

Dessa observação, discussões estudos teóricos resultaram onze produtos. Um deles é o aplicativo Feirô, pensado como um facilitador para os feirantes e consumidores das feiras da Capital e parte do lema "as feiras de Goiânia na palma da sua mão". A ferramenta permite ao usuário, dentre outras coisas, saber onde e quando são realizadas as feiras da cidade, bem como o perfil de cada uma. O Sobracontêiner, é um contêiner diferenciado para receber os resíduos descartados durante a realização da feira. A ideia é reduzir o descarte errado do lixo nesses locais e promover o reaproveitamento.

Projeto Feirô - apresentação dos estudantes 3 (Fotos_Pedro Gabriel)

Todo o projeto foi desenvolvido durante o semestre 2019/1 

O Guia de cartografia para feiras leva em conta a especificidade e a efemeridade das feiras, que estão em constante mudanças. Segundo o estudo, foram gerados mapas 3D, 2D e mapas psicogeográficos para traduzir a heterogeneidade da feira por meio de imagens sendo possível através delas fazer a catalogação de cheiros, sons, fluxos, acessos, multidões, temperatura ou qualquer outro traço que ajude a compreender o fenômeno urbano.

Memória olfativa

O Mapa de cheiros, tem o objetivo de aproximar a vivência nas feiras ao cotidiano da população em geral, destacando concepções subjetivas a partir da memória olfativa. A Experiência envolveu a realização de atividades que pudessem trazer resultados que pudessem ser analisados como parte do projeto. O Apoio móvel propõe a adequação da infraestrutura para acolher melhor os comerciantes e usuários. O Protótipo de barraca também tem a finalidade de dar mais conforto às pessoas que frequentam aquele espaço.

O Atlas das feiras foi elaborado para ser um grande mapa contendo informações diversas sobre as feiras. Já o perfil Projeto Feirô no Instagram é uma ferramenta utilizada para discutir, trocar experiências e de compartilhar as iniciativas e etapas do projeto. Inspirado nas trocas que ocorrem nas feiras, foi criada ainda a Fava, uma moeda solidária, que seria utilizada para a troca de serviços ou produtos artísticos no meio acadêmico. Para fechar o ciclo, toda a experiência foi reunida no livro intitulado Projeto Feirô discussões, trocas e experiências sobre as feiras de Goiânia.

Aprendizado

Na avaliação de Gabrielle Ribeiro, uma das integrantes da equipe composta por 27 estudantes, 2 orientandos e o professor Camilo Vladimir de Lima Amaral, a atividade foi positiva para a turma inteira. “Como algumas colegas disseram, para nós foi muito importante para finalizar o curso participar de uma experiência tão benéfica, que desafia a gente. Todo mundo ficou muito orgulhoso ao terminar esse trabalho”, afirma a discente. 

Segundo o diretor da Faculdade de Artes Visuais (FAV) e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo, Bráulio Vinícius Ferreira, a proposta trabalhada no Projeto 7 deste ano levou um grande aprendizado ao curso de Arquitetura. “O primeiro deles é o de ir além do projeto do edifício ou do desenho urbano em uma escala maior, mas principalmente de tentar atribuir a isso um conhecimento baseado nas informações coletadas nas referências teóricas, resultando em uma produção de conhecimento que é valiosa para nós e está sintetizada nesses produtos. Há produtos com potencial de inovação muito grandes. Desde a barraca, passando pelo livro, o atlas e o aplicativo que é um elemento um pouco mais diferenciado em relação às feiras de Goiânia”, analisa Bráulio. 

Motivação 

A apresentação do trabalho contou com a presença do representante do  setor de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia, da Agência UFG de Inovação, Luiz Fernando Gonçalves da Silva Araújo. Ele compôs a banca avaliadora juntamente com o professor Bráulio e o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo, Pedro Dultra Brito. O diretor da FAV explica que a intenção ao convidar um representante da Agência UFG era a de motivar os alunos em relação à inovação. “De como os produtos desenvolvidos nesses meses todos significam uma possibilidade de incremento da contribuição da UFG para com a sociedade organizada”, explica.

Braúlio Ferreira complementa afirmando ter solicitado à Câmara de Vereadores de Goiânia uma audiência pública para apresentar os projetos do curso de Arquitetura e Urbanismo para a cidade de Goiânia. A expectativa é de que a reunião seja marcada para meados de agosto de 2019. “Possivelmente o norte da nossa apresentação será o Projeto Feirô porque ele sintetiza muito o ensino oferecido na nossa área, já que foi feito por estudantes do 9º período”, antecipa. A FAV também está em contato com outras instituições como a Prefeitura de Goiânia, a associações de feirantes como a Associação dos Feirantes da Feira Hippie, dentre outras. 

Projeto Feirô - Imagem - Ana Elisa Chaves Jawabri (Capa do Livro 3) - FAV/UFG

Capa do livro Projeto Feirô criada por Ana Elisa Chaves Jawabri 

Próximos passos 

De acordo com Luiz Fernando, a Agência de Inovação, vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI), está buscando cada vez mais estar presente em momentos como esse. A iniciativa permite uma maior aproximação e interação com a Universidade. “Eu estou fascinado com o que eu vi. O aplicativo é fenomenal. Temos visto que a Universidade tem caminhado muito para esta direção [o desenvolvimento de aplicativos]. O INF [Instituto de Informática] é uma referência nessa área”, observa. Na sequência deu orientações sobre como se resguardar formalmente, com o respaldo da UFG, antes de mostrar os produtos para parceiros em potencial. 

Projeto Feirô - apresentação dos estudantes 2 (Fotos_Pedro Gabriel)

Gabrielle (a esquerda): participar da experiência foi benéfico e desafiou a todos

A turma demonstrou estar em sintonia com as ideias de Luiz Fernando e já pensa nos próximos passos do Projeto Feirô. “É do interesse de todo mundo conseguir fazer com que esses produtos realmente se concretizem. Queremos tirar o ISBN [sigla para International Standard Book Number, código internacional para identificação de obras impressas] do livro e fazer a publicação oficial dele para poder colocar na Biblioteca da UFG. Sobre o aplicativo, então, a partir das orientações que recebemos, tomaremos todos os cuidados para que não se perca tudo o que fizemos até agora”, assegura Gabrielle. 

Fonte: Secom / UFG

Categorias: Humanidades