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Universidade Federal de Goiás
Release Gyn está de Bike

Nem toda Gyn está de Bike

Em 11/09/19 16:55. Atualizada em 12/09/19 13:27.

Pesquisa da UFG indica os desafios para a democratização do acesso às bicicletas compartilhadas

Paulo Emílio Medeiros 

Em vigor desde 2016, o projeto de bicicletas compartilhadas Gyn de Bike já conta com mais de 183 mil viagens percorridas. Uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás (PPGeo/UFG) avaliou a interferência desse serviço na ciclomobilidade de Goiânia. Apesar do alto número de percursos realizados, a pesquisa concluiu que a iniciativa ainda possui problemas de logística e acessibilidade, sentidos principalmente pela população de baixa renda.

Em sua investigação, o pesquisador João Paulo Fonseca Peres levantou os fatores responsáveis por inibir o acesso dessas pessoas ao serviço de compartilhamento. “A exemplo da malha cicloviária goianiense, constata-se que os postos de bicicletas compartilhadas localizam-se apenas nos bairros componentes do centro expandido da cidade”, afirma. De acordo com o mapa disponível no aplicativo do projeto, as 18 estações do programa se concentram nos bairros Universitário, Centro, Sul, Oeste, Bueno, Marista, Bela Vista e Pedro Ludovico.

Gyn de bike

Estudo também constata que a cidade privilegia transporte motorizado individual (Foto: João Paulo F. Peres)

Na visão do pesquisador, isso mostra que o projeto não foi pensado para atender as classes sociais de menor poder aquisitivo. Ainda de acordo com o geógrafo, embora o Gyn de Bike não seja acessível a todos, as faixas econômicas menos abastadas são as que mais utilizam a bicicleta como meio de transporte, uma vez que essas pessoas não possuem acesso ao veículo motorizado individual e o transportes coletivo é de baixa qualidade.

Segundo relatos dos ciclistas ouvidos durante o estudo, o projeto de bicicletas compartilhadas também apresenta problemas logísticos. As reclamações dizem respeito ao fato de as estações se encontrarem distantes dos terminais de transporte público coletivo, o que dificulta a integração dos modais na mobilidade urbana dos goianienses.

Ciclomobilidade

Além de analisar a implementação do Gyn de Bike, a pesquisa “Ciclomobilidade: uma alternativa para a mobilidade urbana de Goiânia” também investiga como o espaço urbano da capital goiana é pensado para o deslocamento por meio de bicicletas, sejam elas compartilhadas ou individuais. As constatações de João Paulo Peres indicam que historicamente a cidade privilegiou o transporte motorizado individual em detrimento dos modos de transporte coletivo ou ativo (pedestres e ciclistas).

As consequências desse planejamento são absorvidas nas falas dos ciclistas entrevistados pelo estudo, os quais reclamam da falta de infraestruturas cicloviárias mais extensas e completas, do desrespeito por parte de alguns condutores e da ausência de iluminação e sinalização adequadas à ciclomobilidade. “A bicicleta pode ser um importante elemento para a reordenação e reconfiguração do espaço urbano, além de ser um recurso provedor de melhoria ambiental”, defende o pesquisador.

Fonte: Secom UFG

Categorias: destaque Humanidades