Biotina pode diminuir doenças em cascos de bovinos
Vitamina do complexo B diminui problema que pode afetar a produção de gado de corte e de leite
Kharen Stecca
Na agropecuária um problema pode pôr a perder a produção bovina: as doenças nos cascos dos animais. Em alguns casos sua ocorrência pode ultrapassar 30% do rebanho, o que é um problema grave que pode trazer muitos prejuízos para o produtor. Se a lesão não for corretamente tratada, pode significar perda de peso do animal, com significativa redução da produção.
Um dos manejos que podem significar diminuição dessas doenças está relacionado à dieta dos animais. Pesquisadores da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG), do grupo de pesquisa sobre técnicas cirúrgicas, diagnósticas e anestésicas e seus impactos na saúde, bem estar animal e no ambiente vêm coordenando estudos sobre o uso de uma vitamina do complexo B, a biotina, para diminuir a ocorrência da doença.
Apesar de ser um problema com alto potencial genético, ou seja, alguns animais são mais predispostos às doenças, o manejo sanitário e o fornecimento de dieta adequada podem melhorar esses números. A biotina é uma vitamina que o próprio bovino produz no rúmen. Segundo o professor aposentado da UFG e coordenador dos estudos, Luiz Antônio Franco da Silva, em determinadas situações, especialmente em animais confinados ou superalimentados, a produção da vitamina e sua absorção podem ficar comprometidas.
“Como a vitamina participa da constituição do casco e dos pelos, nossos estudos sugerem que a suplementação com essa vitamina diminui a ocorrência de enfermidades de casco”. Segundo ele, também se sabe que essa vitamina pode auxiliar na produção de leite. Apesar dos benefícios auferidos pela vitamina, é preciso avaliar o custo benefício para o produtor.
O pesquisador explica que a suplementação diária fornecida durante as pesquisas é baseada em trabalhos científicos realizados no exterior e no Brasil. São 20 miligramas da vitamina diariamente. Essa dosagem tem sido suficiente para melhorar a qualidade dos cascos e diminuir a ocorrência de enfermidades podais.
Ele destaca que, paralelamente a esses estudos, estão sendo realizadas pesquisas de aplicação de técnicas de nanotecnologia para avaliar a estrutura microscópica do casco de animais suplementados ou não com a biotina. Essas análises estão sendo feitas em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), de Campinas (SP).
Os estudos têm apoio do CNPq, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e de produtores rurais. Também participam a Escola de Veterinária e Zootecnia da Regional Jataí da UFG, Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Tipos de doenças
As doenças dos cascos dos bovinos são variadas e as causas são multifatoriais. Sabe-se que o tratamento é caro e nem sempre resulta na recuperação completa. As doenças podem comprometer o casco e a estrutura interna dos dígitos (dedos). O desconforto é muito grande e compromete o bem-estar do animal.
Os prejuízos financeiros também são grandes, ultrapassando, em alguns casos, o valor intrínseco do animal. As enfermidades mais comuns são a laminite e suas complicações (de origem nutricional), dermatite digital e pododermatite séptica (ambas de origem infecciosa), furúnculo interdigital, dentre outras.
O problema também pode comprometer a reprodução dos animais: fêmeas não dão cio e perdem até 20% da produção de leite, machos têm a qualidade do sêmen comprometida e podem perder até 25% no peso corporal. Sem computar o custo com tratamento clínico e cirúrgico e com a mão de obra de um profissional.
Outras medidas também auxiliam a diminuir a ocorrência da doença, como evitar adquirir animais doentes e introduzi-los no rebanho, manejar corretamente, incluindo o fornecimento de dieta adequada, manejo sanitário e quarentena em casos de doença, casqueamento preventivo para ajustar a medida dos cascos e diminuição da umidade e sujidades nos currais.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Destaque Ciências Naturais