Estudo da UFG mostra redução no isolamento social por parte da população
Pesquisa mostra que se isolamento social for menor do que 50% pode sobrecarregar o sistema de Saúde
Carolina Melo
A segunda nota técnica divulgada por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás na última sexta-feira (15/05) destacou a tendência de aumento da mobilidade social no Estado de Goiás. O fenômeno ocorre devido ao engajamento da população em atividades não-essenciais, especialmente em parques e em atividades recreativas. O estudo analisa o modelo de expansão espaço temporal da COVID-19 em Goiás a partir da variação de cenários de isolamento social obtidas no estado nas últimas semanas.
De acordo com o levantamento realizado nos 246 municípios goianos, entre os dias 21 de abril e 5 de maio, 186 municípios, ou seja, 75,6%, apresentaram média de isolamento abaixo de 50%. E quase a totalidade das cidades, ou seja, 236, apresentaram tendência de redução no isolamento social. Considerando que o índice de mobilidade social continue a aumentar de acordo com a tendência observada, os pesquisadores traçaram um cenário alarmante de crescimento de contágio da Covid-19 e de internações em hospitais para o período de 15 de maio a 30 de junho.
Levando em conta a pior conjuntura, os modelos de simulação projetam que até o final de maio haverá entre 4.359 e 6.346 pacientes internados em leito hospitalar, que aumentará para entre 45.319 e 62.499 até o final de junho. E, mais, o estudo estima um número acumulado de 337 a 504 pacientes internados em UTI até final de maio, que aumentará para entre 3.533 e 4.949 até o final de junho. Já em relação ao número de óbitos, espera-se em Goiás um total de 90 a 144 no final de maio, que pula para entre 871 e 1.239 no final de junho.
De acordo com a nota técnica, apesar de o distanciamento social ter contribuído para “a redução da velocidade de transmissão do SARS-CoV-2 no Estado no mês de abril”, a estimativa de transmissão na população ao longo do tempo (Re) tem apresentado uma tendência de aumento progressivo a partir da última semana do mesmo mês.
Foram avaliados três cenários diferentes para o Estado de Goiás, que, de acordo com o estudo, já pode conter um total de 142.801 pessoas infectadas pelo SAR-CoV-2. Além das estimativas relacionadas à tendência de aumento da mobilidade social (no gráfico ao lado, em vermelho), os pesquisadores também levaram em conta a possibilidade da taxa de isolamento, a partir do dia 5 de maio, manter-se igual àquela observada entre os dias 29 de abril a 5 de maio (no gráfico, em verde); e outra, onde o índice de isolamento goiano aumenta e se iguala à observada entre os dias 23 e 29 de março, cuja média estadual ficou entre 50 e 55% de isolamento (no gráfico, em azul), sendo essa última considerado ideal.
Cenário ideal – A projeção ideal diz respeito àquela onde a taxa de isolamento social retorna aos índices de 50 a 55%. Considerando essa realidade, em comparação à pior conjuntura onde há pouca adesão ao isolamento social, cerca de 40 a 50 mil pessoas a menos terão necessidades de leitos de hospitais convencionais até o final de junho. Por sua vez, entre três a quatro mil pessoas não terão necessidade de ir para a UTI. E entre 713 a 1019 vidas serão preservadas até o final de junho.
De acordo com os dados, no cenário ideal, até o final de maio, o número acumulado de pacientes internados em leito hospitalar fica entre 2.697 e 3.952 e aumentará para entre 4.859 e 7.016 até o final de junho. Os pesquisadores também estimaram que até o final de maio entre 239 e 354 pacientes estarão internados em UTI. O número de pacientes aumentará para entre 446 e 645 até o final de junho. Já os óbitos ficarão entre 75 e 112 no final de maio, e entre 158 e 220 no final de junho.
Aumento da mobilidade por setor - Os pesquisadores constataram que há um gradual aumento de mobilidade social causado pelo engajamento da população em atividades não-essenciais. De acordo com os dados fornecidos pelo Google Mobility, entre 20 de abril e 2 de maio, os goianos ficaram em média 15% mais em casa quando comparado com 2019. Além disso, nesse período os goianos estiveram em média, 47,7% menos em atividade de compras no varejo e recreação.
No entanto, a tendência de variação da mobilidade dos goianos mostra uma redução gradual e constante do isolamento. Entre os dias 20 de abril e 2 de maio os goianos ficaram, em média, 0,15% menos em suas residências por dia. Ao mesmo tempo, cresceu a utilização de parques em média 1,29%/dia, mercado e farmácia 1,09%/dia, transporte público 1%/dia, varejo e recreação 0,72%/dia e escritório e indústria 0,23%/dia.
Fonte: Secom UFG