Familiares de 22% das pessoas com câncer de mama em Goiás correm risco de ter a doença
Pesquisa inédita da UFG identifica índice de câncer de mama e ovário hereditário na região centro-oeste
Carolina Melo
Pesquisa desenvolvida pelo Centro de Excelência em Genética Humana e Médica (ICB/UFG), em parceria com o Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA) do Hospital das Clínicas da UFG, identificou a taxa de 21,56%
de incidência de câncer de mama e ovário hereditário em Goiás. Isso quer dizer que, no Estado, em cerca de 22% dos casos, os filhos e familiares de pacientes com câncer de mama e ovário podem também desenvolver a doença. O índice está bem acima da média de outros estados brasileiros.
Ao todo, 102 pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da UFG participaram do estudo. Foram avaliados o histórico familiar, realizados heredogramas – ferramenta na genética utilizada para identificar grau de parentesco – e o diagnóstico molecular, que é o sequenciamento de nova geração. “Percebemos que 21,56% tiveram o BRCA1 e o BRCA2 mutado. Esses são os dois genes principais associados ao câncer de mama e ovário”, afirmou a pesquisadora e professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, Elisângela de Paula Silveira Lacerda.
O índice identificado no Estado de Goiás é compatível com a média nacional e até internacional. No entanto, é bem superior se comparado aos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde as taxas de câncer de mama e ovário hereditário ficaram em 2,3% e 3,5%, respectivamente.
Segundo professora Elisângela Lacerda, o acesso ao diagnóstico molecular, único capaz de mapear a probabilidade genética do câncer, contribui para a detecção precoce da doença. Também oferece oportunidade de prevenção aos familiares e pode contribuir com a indicação de tratamento. “A confirmação sobre a presença de mutação genética permite a adoção de medidas preventivas à manifestação do câncer, que devem ser discutidas com o médico, como a quimioprevenção ou a retirada cirúrgica das mamas e ovários”, explica.
Tratamento pelo SUS
De acordo com o estudo da UFG, cerca de 70 a 80% da população não têm acesso ao teste genético, uma vez que não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Goiás, os diagnósticos genéticos são realizados com o envio do material para fora do Estado.
O diagnóstico molecular realizado pela UFG, durante o segundo semestre do ano passado, foi pioneiro no Estado de Goiás e só foi possível com o fomento do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), que garantiu a compra do aparelho e insumos. “Com o fim do projeto, nosso objetivo, agora, é buscar novas fontes de fomento e fazer parcerias para conseguir os reagentes, que acabaram, para continuar a fazer os exames”, afirma professora Elisângela Lacerda. “Com parcerias, podemos disponibilizar exames com um valor bem menor do que o de mercado”.
Fonte: Secom
Categorias: Saúde