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Universidade Federal de Goiás
Bastidores da Ciência

Química e bióloga desenvolveram o teste molecular rápido para Covid-19

Em 10/07/20 09:20. Atualizada em 13/07/20 10:29.

Segundo episódio da série apresenta as pesquisadoras da UFG que criaram o teste molecular rápido para Covid-19

Carolina Melo

Selo Bastidores da ciência

Com a pandemia, pesquisadores da UFG se viram na tarefa de redirecionar objetivos, hipóteses, métodos e metodologias para atender a necessidade urgente do combate ao vírus Sars-CoV-2. Esse foi o caso das professoras da UFG Gabriela Rodrigues Mendes Duarte, do Instituto de Química (IQ), e Elisângela de Paula Silveira Lacerda, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Ambas estavam em meio a projetos de diagnóstico molecular para zika, dengue e chicungunya, quando, em meados de março, resolveram fechar uma parceria acadêmica e adaptar seus objetivos e metodologias para a Covid-19. O resultado foi o desenvolvimento do teste rápido para Covid-19, 10 mil vezes mais sensível do que o PCR, mais simples, rápido e cerca de 40 vezes mais barato.

Especializada em Química Analítica, professora Gabriela Rodrigues, como gosta dizer, “é prata da casa” devido a sua forte relação com a UFG. Formada na instituição, fez mestrado e trabalhou como professora substituta, até se tornar professora efetiva na Universidade. No entanto, foi a escolha da linha de pesquisa, no doutorado, que levou a pesquisadora a trabalhar com análise de DNA nas plataformas microfluídicas. “Queria trabalhar com análises genéticas e, no doutorado, usava a técnica de ampliação mais conhecida, ou seja, a PCR em microchips”, conta.

Gabriela Rodrigues
Gabriela Rodrigues Mendes Duarte, química, especialista em Química Analítica

Já como professora da UFG, iniciou seus estudos de ampliação do DNA com outra técnica, chamada RT-LAMP. “Com a experiência que adquiri no doutorado, e com os trabalhos com microfluídica e análise de DNA, passei a utilizar a técnica de ampliação e aplicar em bactérias e vírus”, lembra Gabriela. A pesquisadora chegou a desenvolver novos diagnósticos para dengue, zika e chicumgunya. Até que, com o redirecionamento de sua pesquisa, e a parceria com professora Elisângela Lacerda, chegou ao desenvolvimento do teste de diagnóstico rápido e acessível de Covid-19. “Sabemos da importância da ampla testagem para a contenção do vírus”.

As pesquisas científicas são inevitavelmente multidisciplinares. E o estudo realizado pela UFG do diagnóstico para Covid-19 não é diferente. Ele envolve diferentes áreas de conhecimentos que, inclusive, estimularam a aproximação das pesquisadoras, a química Gabriela Rodrigues e a bióloga Elisângela Lacerda. A ampliação do material genético do vírus, a RT-LAMP, por exemplo, envolve técnicas de Biologia Molecular, que é uma área de estudo dos biólogos. Mas, para se ter ideia das relações interdisciplinares, quem inventou a PCR, uma outra técnica da Biologia Molecular, foi um bioquímico, o pesquisador Kary Mullis, vencedor do Nobel de Química. 

Elisângela Lacerda
Elisângela de Paula Silveira Lacerda, bióloga, especialista em Genética e Bioquímica

Bióloga e professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, Elisângela Lacerda vem realizando, desde 2016, o diagnóstico molecular de dengue, zika, chicumgunya e mayaro na população goianiense. O estudo avalia as formas manifestadas das doenças e as correlaciona com o diagnóstico molecular, visando, assim, diferenciar os sintomas de cada uma das arboviroses. Mesmo tendo objetos de pesquisas muito correspondentes, as professoras da UFG Elisângela Lacerda e Gabriela Rodrigues começaram, de fato, a trabalhar juntas quando assumiram o desafio de encontrar um diagnóstico mais rápido para a Covid-19.

O atual desafio das pesquisadoras, agora, é finalizar os estudos para a produção em larga escala. Para isso, recentemente, receberam incentivo financeiro do Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO) e da Justiça do Trabalho. A pesquisa também foi aprovada nas chamadas emergenciais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). E já foi submetido um artigo cientifico sobre o estudo. “Estamos avançando para conseguir em breve fazer os testes na população”, afirma Gabriela.

 

Breve Currículo das pesquisadoras

Gabriela Rodrigues Mendes - Bacharel e Licenciada em Química pela Universidade Federal de Goiás (UFG), onde também obteve o título de mestre em Química em 2001. No mestrado teve experiência na área de Química Analítica, com ênfase em Separações, atuando principalmente nos seguintes temas: cromatografia, ácidos graxos, triacilglicerídeos, óleos vegetais e tocoferóis. Entre 2001 e 2006 atuou como professora universitária. Em 2010 concluiu o doutorado na Universidade de São Paulo (USP), em Química Analítica, atuando principalmente nos seguintes temas: Instrumentação Analítica, Microchips, Eletroforese Capilar, Microfabricação, Análises Genéticas, Extração , Amplificação e Separação de DNA em Microchip. Em 2008 fez estágio de doutorado (sandwich) de 4 meses na University of Virginia sob a orientação do Prof. James P. Landers e em 2009 retornou novamente para outro estágio de mais 6 meses no mesmo Laboratório. Atualmente é Professora da Universidade Federal de Goiás e trabalha com diagnósticos moleculares para doenças infecciosas.

Elisângela de Paula Silveira Lacerda - Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (1994), mestrado em Imunologia e Parasitologia Aplicadas pela Universidade Federal de Uberlândia (1997) e doutorado em Genética e Bioquímica pela Universidade Federal de Uberlândia (2003). Elisângela Paula Silveira Lacerda é um PhD em Genética e Bioquímica, área de concentração Oncologia Experimental e Genética toxicológica pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professora adjunto e Chefe do Departamento de Genética da Universidade Federal de Goiás e Pesquisadora PQ2 do Laboratório de Genética Molecular e Citogenética no Instituto de Ciências Biológicas da mesma instituição. Atua na busca de novas drogas com antitumorais atividades, com ênfase em tratamento de câncer com compostos orgânicos, inorgânicos e nanopartículas magnéticas, diagnósticos genéticos, estudos na área da farmacogenética e farmacogenômica, e coordenadora da Rede de Farmacogenética e farmacogenômica do Estado de Goiás. É orientadora nos Programas de Pós-Graduação em Ciências Biológicas e Programa de Pós-Graduação em genética e Biologia Molecular da Universidade Federal de Goiás, e colaboradora nos programas de Ciências Farmacêuticas e Inovação Farmacêutica da mesma universidade. Ela é membro do conselho editorial e revisora da Revista de Biologia Neotropical e Secretária da Sociedade Brasileira de Genética - Regional Centro Oeste.

 

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Fonte: Secom-UFG

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