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Universidade Federal de Goiás
Voluntários Laboratórios de Campanha

Voluntários da UFG mantém Rede de Laboratórios de Campanha de Covid-19

Em 29/09/20 12:28. Atualizada em 30/09/20 17:01.

Dedicação deles vem garantindo a manutenção da atividade de enfrentamento à pandemia

Carolina Melo

Selo Bastidores da ciência

Foi por meio das redes sociais que o acadêmico do curso de Biomedicina, Thalison Rodrigues Moreira, ficou sabendo do projeto de diagnóstico de Covid-19 realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Composto pela Rede de Laboratórios de Campanha da UFG, o projeto se somou aos esforços de testagem gratuita da população goiana e se tornou viável graças à participação e dedicação dos voluntários da comunidade acadêmica. Com a rotina do trabalho nos laboratórios sendo divulgada em perfis nas redes sociais, Thalison Rodrigues viu ali a oportunidade de, como ele mesmo gosta de dizer, “retornar à sociedade todo o investimento que vem sendo realizado pela Universidade” em sua formação. Decidiu se tornar também um voluntário.

“Recebo bolsa moradia e bolsa permanência pela pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) da UFG. Então foi uma forma que eu achei de tentar agradecer a UFG por tudo que ela faz por mim e por toda a minha formação, pois se não fosse a política assistencial da Universidade eu não conseguiria terminar minha graduação. Para falar a verdade, não conseguiria nem ter começado”, afirma Thalison, que hoje faz parte dos cerca de 40 voluntários do Laboratório de Análises Clínicas e Ensino em Saúde, do Instituto de Ciências Biológicas (Laces/ICB).

Durante a vivência nos laboratórios de campanha da UFG, graduandos, pós-graduandos, técnicos e professores formam uma equipe multidisciplinar que garante a manutenção da atividade de diagnóstico. Assim como explica a professora e diretora do Laces, Gabriela Silvério Bazílio, o procedimento envolve desde o preparo do material até a emissão do laudo. “Dividimos os voluntários em todas as etapas. Temos equipe para recepção das amostras, que verificam a conservação, cadastram, identificam e separam o material. Equipe de extração de RNA viral, equipe para realização da RT-qPCR, equipe de esterilização e descarte de resíduos. Além disso, toda parte administrativa de controle de estoque e compra de insumos também é apoiada por voluntários”, afirma. 

Voluntários Laboratórios de Campanha
Thalison Rodrigues Moreira (ao centro): vivência permite aproximação ao universo da pesquisa científica

O trabalho dos cerca de 100 voluntários da comunidade acadêmica que compõem toda a rede de laboratórios da UFG permitiu que, até aqui, fossem realizados mais de 10 mil exames para diagnóstico molecular da Covid-19. O acadêmico Thalison Rodrigues faz parte da equipe de apoio, responsável por auxiliar as duas seções principais do laboratório: a de extração do material genético; e a de PCR, que lida com o diagnóstico. “Somos responsáveis pelos serviços gerais, ou seja, por etiquetar tubos, manter o laboratório em ordem, esterilizar materiais, lavagem, cadastro das amostras, às vezes digitação de laudos. Ou seja, nós damos o apoio e o suporte que os professores e pesquisadores precisam para atuar”, afirma.

A vivência e troca de experiências com mestrandos, doutorandos e professores é enriquecedora, garante o acadêmico. Além de lidar com a rotina e se familiarizar com as técnicas, os materiais e os procedimentos laboratoriais, Thalison vem podendo interagir com o universo da pesquisa científica e, a todo momento, se surpreende com o esforço da equipe em manter os laboratórios funcionando. “São as professoras e professores e também os pós-graduandos, os técnicos e os graduandos que estão lá para garantir o laboratório funcionando. Não é fácil. Estão dando aulas, pesquisando, estão tendo aulas remotas e sempre tiram um tempo da rotina para poder ajudar e isso ensina muito”.

Conciliar o tempo da pesquisa com o do trabalho voluntariado é uma tarefa desafiadora e gratificante, mesmo estando no primeiro ano do doutorado, afirma Déborah Carolina Carvalho dos Santos, que ficou sabendo do projeto pela sua orientadora, professora Menira Borges de Lima Dias e Souza, uma das responsáveis pelo exame de diagnóstico da Covid-19, no Laboratório Margarida Dobler Komma, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG (LMDK/IPTSP). “O trabalho voluntário com o diagnóstico ocupa grande parte da minha semana. Como meu projeto de pesquisa é com o Sars-CoV-2, acaba que passo a maior parte do meu tempo no laboratório, pois ele é o único lugar do nosso instituto equipado para atender esse nível de biossegurança. Mas ainda não tive tempo de pegar as disciplinas. A rotina é intensa e corrida”, afirma.

Voluntários Laboratórios de Campanha
Trabalho em equipe: desde à limpeza até o diagnóstico todas as etapas são igualmente importantes 

Com experiência em diagnóstico por Biologia Molecular, Deborah Carolina conta que se interessou por ajudar de maneira mais aplicada à sociedade nesse momento histórico e crítico da saúde pública. Ao longo de sua atuação no projeto, chamou a sua atenção a importância do trabalho em equipe. “O trabalho de todos é necessário por igual. Desde quem monta o kit de coleta, ou uma caixinha de ponteiras, até quem realiza a PCR, uma parte não funciona sem a outra”, afirma.

A doutoranda Medicina Tropical e Saúde Pública, Mônica Gomes e Silva de Holanda, também destaca a vivência do trabalho em equipe. “É emocionante ver o amor que os profissionais envolvidos possuem pela causa”. A voluntária atua no Laboratório Rômulo Rocha/Biotec da Faculdade de Farmácia desde a sua organização para a realização dos testes. Ela é responsável pelo recebimento das amostras para o diagnóstico, emissão de laudo, assim como por toda a intermediação entre os laboratórios da rede e as Unidades Básicas de Saúde (UBS), sob a supervisão da professora Valéria Christina de Rezende Feres.

 

Servidores públicos

Entre a equipe de voluntários estão os servidores públicos da UFG, professores e técnico-administrativos, que vêm dedicando seu tempo e serviço para manter o atendimento ao diagnóstico de Covid-19 de forma gratuita para a população. Assim como destacam os professores do ICB, Juliana Alves Parente Rocha e Clayton Luiz Borges, que atuam junto à coordenação da ação de diagnóstico molecular, há inclusive docentes que disponibilizaram os seus recursos que seriam utilizados em pesquisas para viabilizar a prestação desse serviço à população. 

“Os pesquisadores envolvidos na ação não doam somente tempo, mas colocam à disposição do laboratório a infraestrutura de pesquisa para o atendimento da população”, afirmam. Segundo os professores, o laboratório de campanha para detecção da Covid-19 foi estruturado no Laces, por exemplo, com parte da infraestrutura de equipamentos já existentes, mas boa parte dos equipamentos necessários para garantir a biossegurança (Cabines biológicas NB2), para a extração de ácidos nucleicos virais (agitadores de tubo, termoblocos, centrífugas, bomba de vácuo, etc) e para a detecção da Covid-19 (estação para RT-qPCR, termociclador em tempo real) foram fornecidos em empréstimo por docentes.

Voluntários Laboratórios de Campanha
Doutoranda Deborah Carolina dos Santos: conciliar pesquisa e trabalho voluntário é desafiador e gratificante

Assim como lembra professor e diretor do ICB, Gustavo Pedrino, no princípio, os discentes do ICB realizaram uma campanha de doação para aquisição dos primeiros equipamentos de proteção individual (EPIs) e professores doaram reagentes e material plástico dos laboratórios de pesquisa para a estruturação do diagnóstico no Laces. “A ação de implementação durou cerca de um mês, um tempo muito rápido, até que os primeiros exames fossem realizados. Em pouco menos de 40 dias o laboratório de campanha do Laces para diagnóstico da Covid-19 estava em funcionamento em dois turnos (matutino e vespertino). Hoje, opera em três turnos (manhã, tarde e noite). Temos convênios com as prefeituras de Inhumas, Caldas Novas, Goiatuba e Goiânia (este último, juntamente com a Rede de Laboratórios de Campanha)”, conta.

De acordo com o professor, Gustavo Pedrino, o projeto de diagnóstico molecular da Covid-19 foi idealizado por um grupo de professores e técnicos-administrativos e foi uma mobilização por livre adesão também dos acadêmicos. “Especificamente no Laces, a intenção de montar o laboratório de campanha foi colocar equipamentos e conhecimento - utilizados na pesquisa - para atender a população”. Além do Laces e do laboratório do IPTSP, o Laboratório Rômulo Rocha, da Faculdade de Farmácia (RR/FF) também faz parte da Rede de Laboratórios de Campanha da UFG.

Fonte: Secom-UFG

Categorias: pandemia Bastidores da Ciência