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Universidade Federal de Goiás
palestra sobre deficiência visual

Escola especial não é inclusiva

Em 24/10/20 19:33. Atualizada em 24/10/20 19:35.

Assunto ganhou destaque com novo decreto de 30 de setembro que baliza a nova política de educação especial no Brasil

Mariana Machado


“Escola especial não é escola inclusiva”, defendeu Flávia Silva, professora na área da deficiência visual e de geografia da secretaria municipal de educação de Goiânia, em palestra realizada na última sexta-feira (23/10). O evento teve como tema “inclusão na educação básica: materiais e experiências pedagógicas com alunos deficientes visuais e auditivos”. A atividade foi realizada pela Comissão de Educação Inclusiva do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada a Educação da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG) durante a programação do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFG (Conpeex 2020).

palestra sobre deficiência visual
A palestra foi transmitida ao vivo pelo canal da UFG no YouTube e teve como intérpretes a estagiária Graciele, Ellen e Milena

A relevância de discutir essa temática ganhou uma abrangência ainda maior considerando o lançamento da nova política de educação especial do Brasil no dia 30 de setembro. Os palestrantes consideraram o novo decreto como um retrocesso. “O decreto que baliza essa nova política, coloca em risco a educação inclusiva”, ponderou Flávia.

De acordo com o Art.58 da Lei n° 9.394/1996 , entende-se por educação especial, a modalidade de educação escolar, na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais. Ou seja, “a educação especial deve ser oferecida dentro da modalidade de educação da rede regular”, explicou o professor de geografia da secretaria de educação do estado do Mato Grosso e especialista em Língua de Sinais (Libras), Pedro Moreira, durante a palestra.

Direito de acesso igualitário
Em palestra, o professor Pedro Moreira defendeu o acesso igual para surdos e cegos. “Para atingir a educação especial dentro da modalidade escolar, preferencialmente da rede regular, o acesso e permanência tem que ser igual, inclusive de materiais didáticos. O surdo teria que ter o material específico para ele, bem como o aluno que é deficiente visual”, afirmou.

A Constituição Federal de (1988), prevê a educação para todos e nela está incluso o deficiente auditivo, tornando-se assim um direito universal. Mas tendo em vista a realidade das escolas da rede regular, o professor Pedro Moreira questionou se elas estão preparadas para receber alunos surdos de forma que eles aprendam os conteúdos e temas escolares em sua língua. “O surdo tem um atraso linguístico, porque ainda não existe a Libras dentro das escolas como componente curricular”, afirmou. Para Flávia Silva, a responsabilidade de adequação é do sistema e não do aluno portador de necessidades especiais.

Conforme explicou Pedro Moreira, os desafios enfrentados pela educação inclusiva no ensino regular, principalmente, nas escolas públicas ainda são diversos. “Alunos surdos e cegos estão presentes nas escolas e existem dados que comprovam que ele não tem acesso a materiais específicos. Então a busca pela formação continuada é crucial e importante para superar essas dificuldades pedagógicas que encontramos nas escolas”, destacou.

Segundo a professora Flávia Silva, é preciso entender os desafios que que a deficiência coloca à educação, para que possa ser desenvolvido um processo de aprendizagem que seja significativo para o aluno. “O professor conhecer o aluno e suas especificidades são fundamentais. São essas preocupações muito simples que iniciam o processo, porque elas vão contribuir para o bem estar do aluno na sala de aula e isso em alguma medida inclui no processo de ensino e aprendizagem dele”, reiterou.

A cartografia tátil e a audiodescrição, são alguns dos materiais importantes para a aprendizagem de alunos cegos e com baixa visão em sala de aula. Mas a professora aponta que as escolas não possuem suporte com materiais específicos e, em muitos casos, o professor não sabe como mediar o processo de ensino desse aluno.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades Conpeex 2020