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Universidade Federal de Goiás
Criação UFG

A criação da UFG, uma ousadia histórica

Em 18/11/20 12:03. Atualizada em 18/11/20 13:24.

Conheça alguns detalhes da história da Universidade

Luciana Santal

Era uma sexta-feira, de uma semana de dezembro de 1960. O então presidente da República, Juscelino Kubitschek, assinava o decreto que instituía a Universidade Federal de Goiás. Dois dias antes, em 14 de dezembro, o Congresso Nacional acabava de aprovar o projeto de criação da instituição, que nasceu do anseio de idealistas, como os participantes do movimento estudantil. Um ano antes, em 23 de abril, eles fundaram a Frente Universitária Pró-Ensino Federal em Goiás, que lutava incansavelmente para reunir as faculdades de Direito, de Farmácia e Odontologia, de Engenharia, de Medicina e o Conservatório Goiano de Música numa instituição de ensino superior federalizada. Entre os integrantes, estava Orlando Ferreira de Castro, ora aluno, ora professor da Escola de Engenharia do Brasil Central.

Colemar Natal e Silva

E foi nesse contexto que se juntou ao movimento um senhor muito conhecido em terras goianas, Colemar Natal e Silva. Nascido em 1907 no município de São José do Tocantins, hoje Niquelândia, Colemar graduou-se em Direito na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. A convite do interventor de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira, ministrou aulas de História, Sociologia e Português, em 1930, e participou da comissão que escolheria o local para instalação da nova capital de Goiás. Já em 1933, ano oficial da criação de Goiânia, Colemar contribuiu para o surgimento do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e, em 1939, tornou-se o líder da fundação da Academia Goiana de Letras.

Nos anos 1950, quando assumiu o cargo de diretor da Faculdade de Direito de Goiás, fundada em 1898, organizou ações em defesa da criação da UFG, como assembleias e passeatas. Unido aos estudantes da Frente Universitária, conseguiu que o projeto que instituiria a universidade chegasse ao Congresso Nacional, em outubro de 1960. Dois meses depois, o sonho se tornava realidade. Como denomina Orlando, a história aqui se torna rocambolesca, cheia de peripécias. Antes que Jânio Quadros assumisse o cargo de presidente em janeiro do ano seguinte, Colemar seguiu de avião, de Brasília até o Rio de Janeiro, livro de posse do Ministério da Educação na bagagem. Acordou o ministro Clóvis Salgado para que a assinatura dele o efetivasse como o primeiro reitor da universidade. Tudo isso porque havia conversas de que Jânio Quadros, ao receber a faixa presidencial das mãos de Juscelino no dia 31 de janeiro de 1961, não criaria uma instituição federal de ensino superior em Goiás. 

Colemar, agora reitor, voltou à Goiânia no mesmo dia em que Jânio Quadros tomava posse como presidente da República. Depois de tantos desafios, encontrou um amigo do tempo de faculdade, quando estudava na Universidade do Brasil. Para sua felicidade, esse colega era Ademar Martins, o chefe de gabinete da Casa Civil e, a partir desse momento, um aliado na concretização do sonho de criar a UFG. Foi no Salão Nobre da Faculdade de Direito, localizada no Centro da capital, que seria oficializada a instalação da universidade, em 03 de fevereiro de 1961. 

O primeiro graduado

Em abril do mesmo ano, Colemar participou da primeira solenidade de formatura da recém-criada UFG: a colação de grau dos estudantes da Escola de Engenharia, antiga Escola de Engenharia do Brasil Central. Oito alunos que se formariam nesta faculdade em 1960 precisaram esperar o ano seguinte, pois apenas um deles tinha pontuação suficiente para a aprovação: José Rubens Ambrósio. Natural de Catalão, ele se mudou para Goiânia aos 17 anos com o objetivo de estudar. Morou em quartos com chão de terra batida, sem chuveiro de água quente, na Avenida Paranaíba, e almoçava em pensões. Seguia a pé até a Praça Botafogo para chegar ao Hospital das Clínicas, sede provisória da Escola de Engenharia. 

Primeiro graduado

Na noite de formatura, José Rubens fez o juramento em nome da turma e foi o primeiro a receber o diploma, como queria o reitor Colemar. E dele também ganhou uma coleção de livros de engenharia, tão raros e caros para a época. Da Escola de Engenharia, veio uma medalha de honra ao Mérito. Para que ninguém duvidasse do fato, José Rubens pediu à instituição uma carta que confirmasse a verdade sobre a medalha. Casou-se com a engenheira Jane Laboissière, a primeira mulher a se formar na área pela UFG. Após a formatura, ele logo foi contratado por uma empresa multinacional e se mudou para São Paulo. Dos 15 anos que se dedicou a esse emprego, dez foram vividos no exterior. Voltou ao Brasil e trabalhou na Eletronorte até se aposentar, em 1991. Essa trajetória de lutas e conquistas de José Rubens se une a tantas outras de sucesso para comprovar que, há 60 anos, é mesmo um orgulho ser UFG! 

Toda essa trajetória foi contada em detalhes em uma publicação histórica da UFG: a Revista UFG Afirmativa nº 2. Para mais detalhes sobre a trajetória de criação tão importante para nosso estado, acesse o link: https://secom.ufg.br/p/7236-revista-ufg-afirmativa

Outras fontes sobre essa história:

Jornal UFG https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/243/o/jornal-ufg-16.pdf 

Colemar Natal e Silva - O Popular
Veja mais em:https://www.opopular.com.br/noticias/80-anos/colemar-natal-e-silva-1.1491320

Fonte: Secom-UFG

Categorias: UFG 60 anos destaque Institucional