Icone Instagram
Ícone WhatsApp
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Edward evento pós-graduação

Programas de mestrado e doutorado ainda têm grande assimetria regional

Em 02/12/20 18:22. Atualizada em 02/12/20 18:43.

Representantes da CAPES e CNPq discutem a importância da pós-graduação para a ciência e sociedade

Bárbara Ferreira

A região Centro-Oeste desenvolveu seus cursos de pós-graduação tardiamente e, por isso, ainda não se consolidou completamente. Para que um programa de pós seja considerado consolidado, é preciso que sua nota na avaliação do MEC seja acima de cinco. De acordo com dados do próprio MEC, 82,8% dos cursos da região ainda estão em processo de consolidação. Pensando nisso, o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Benedito Aguiar Neto, afirma a existência de “assimetrias regionais”, assimetrias dentro de uma só região e, por vezes, dentro de uma mesma universidade, quando discutiu sobre o assunto na abertura do II Colóquio de Avaliação da Pós-Graduação da UFG.

Edward evento pós-graduação

O primeiro aluno de doutorado do centro-oeste brasileiro, com exceção da UNB, foi o atual reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira, que abriu o evento na última segunda (30/11). O reitor reforça seu pioneirismo e diz que a correção dessas assimetrias regionais é papel das universidades federais. O evento promove e discute a importância da pós-graduação no país, em um primeiro momento, destacando o desenvolvimento científico, tecnológico e social, evidenciando também que, vivenciar momentos como a vigente pandemia por Covid-19 reafirma a importância da pós, já que a solução demanda pesquisa e multidisciplinaridade.

Essas assimetrias já mencionadas revelam a desigualdade educacional do Brasil, com maior concentração de programas de mestrado e doutorado na região sudeste. No entanto, é preciso enfatizar que a pós é jovem no país. Atualmente, ainda de acordo com dados do MEC apresentados pelo presidente, existem 4.650 programas de pós-graduação no território nacional e apenas 4% deles foi avaliado com nota 7, que enquadra os programas de excelência. Isso mostra como falta uniformidade na qualidade dos programas oferecidos, uma vez que crescer com qualidade é um dos desafios da pós no Brasil.
O crescimento na formação de mestres e doutores deve ser proporcional ao crescimento da própria população. “A pós precisa acompanhar a demanda da população para que possa dar a contribuição necessária para o desenvolvimento regional”, disse Benedito Aguiar. É necessário que a pesquisa não se resuma à academia ou que atenda apenas as demandas da mesma, é preciso que a relação entre demandas e entregas atenda toda comunidade. A pós precisa ter mais protagonismo no processo de desenvolvimento social e tecnológico no país, criando mais conexão com setores não acadêmicos. A pró-reitora adjunta de pós-graduação, Maria Márcia Bachion, também refletiu sobre a importância da “formação de mestres e doutores capazes de produzir conhecimento que responda às necessidades e demandas da sociedade".

 

Edward evento pós-graduação

Esse tópico foi retomado pelo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Evaldo Vilela, quando reconheceu o “milagre”, nas palavras dele, que foi a evolução da pós brasileira. No entanto, Vilela reconhece que por muito tempo o foco foi formar professores doutores, o que fez com que esses profissionais fossem devolvidos para a academia. Atualmente, o foco precisou ser modificado. O presidente salienta que também precisa-se de doutores em empresas, inseridos na sociedade e não restringidos à academia.

Ações para a consolidação da pós regional
A pós-graduação brasileira cresce por ser constantemente avaliada, afirmou o presidente do CNPq, Evaldo Vilela. Essa fala reconhece os serviços das instituições que os palestrantes mencionados representam. O presidente da CAPES, Benedito Aguiar, afirma que existem estratégias a serem seguidas para solucionar os problemas discutidos neste colóquio. A questão da pandemia, constantemente lembrada, proporcionou um experimento com o estudo à distância que, segundo Aguiar, era um “preconceito” da academia. Isso só foi possível por que, mesmo em tempos turbulentos, a pós não parou, a pesquisa não parou no Brasil, não descartando as dificuldades sociais, políticas e culturais da crise sanitária e a interrupção de pesquisas em laboratórios, por exemplo. A ideia de implantação de um programa de pós à distância era rejeitada, já atualmente, a legislação está sendo reformulada para que o ensino on-line seja uma opção permanente.

Por esses programas serem jovens, estão em constante modificação. Em todo o país, de acordo com o MEC, 358 programas foram avaliados mais de três vezes consecutivas com nota 3. Desde 2018, a continuidade de cursos nessa situação não é permitida pela CAPES, por isso, seu presidente afirma que pretende fiscalizar e encontrar soluções sem causar dano a instituição, já que muitas vezes, esses programas são estratégicos para a universidade. Assim, foram propostos programas em redes, na intenção de que esses programas com potencial mas notas baixas se unam e se auxiliem, uma tentativa de uniformizar a qualidade. Já alguns outros programas serão desligados.

Nessa mesma linha, o reitor da UFG, Edward Madureira, anunciou no início desse evento um projeto piloto para uma parceria futura já confirmada com dez universidades para compartilhar disciplinas na graduação. “O Sistema de pós-graduação brasileiro tem mais de 50 anos. A UFG contabiliza hoje 64 programas de pós-graduação stricto sensu e 80 cursos de pós-graduação lato sensu. Ainda temos muitos desafios e precisamos nos atualizar e nos adaptar para que as mudanças em curso não nos atropelem”, finaliza Laerte Ferreira, pró-reitor de pós-graduação e mediador do colóquio. O evento continua até dia 4 de dezembro, com outras perspectivas sobre a pós-graduação no Brasil.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Institucional PRPG