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Universidade Federal de Goiás
teste rápido covid saliva

Testes rápidos de Covid-19 pela saliva são avaliados por pesquisadores

Em 18/01/21 10:39. Atualizada em 03/12/21 15:56.

Objetivo é indicar o teste como alternativa rápida, barata, mais segura e menos invasiva 

Helenice Ferreira (Assessoria de Comunicação da Fapeg)

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) estão otimistas com os resultados iniciais que vêm obtendo na busca de comprovação de eficácia de diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus. Eles estão avaliando o desempenho dos testes rápidos na detecção salivar de anticorpos produzidos contra o vírus Sars-CoV-2 (Covid-19). Os estudiosos pretendem avaliar a acurácia para validar testes rápidos de diagnóstico para Covid-19 com utilização de amostra da saliva e assim disponibilizar testes rápidos seguros, mais baratos, com ações menos invasivas e com menos riscos de contaminação dos profissionais envolvidos.

“O que eu posso adiantar é que os resultados iniciais são promissores. Os testes estão positivando para saliva e a gente observa uma concordância para a positividade do sangue também, o que é muito bom!” Esta é a afirmação da idealizadora da pesquisa e coordenadora do Programa de Pós-graduação do curso de Odontologia da UFG, Nadia do Lago Costa. “Ainda não atingimos o número desejável de pacientes para o estudo e ainda não fizemos a análise estatística do que foi encontrado até esse momento, mas acreditamos que teremos resultados muito satisfatórios e que irão ao encontro daquilo que nós esperávamos,” diz.

Momento coleta teste rápido covid saliva
Momento da coleta (Foto: arquivo da pesquisadora/via Fapeg)

Nadia Costa explica que será necessário o acompanhamento de, no mínimo, 50 pacientes doentes confirmados para se obter uma resposta segura e satisfatória. Já foram avaliados 35. “Parece fácil conseguir esse número de doentes com Covid-19, mas a avaliação exige a coleta de swab, a confirmação do PCR positivo, a análise da saliva e sangue por um tempo mínimo de 15 dias, que é o período necessário para se ter segurança da produção de anticorpos IgG e IgM, e nesse caminho muitos se perdem”, explica a pesquisadora. A equipe acompanhou mais de 300 pacientes que deram entrada no HC fazendo a análise inicial, graduando a gravidade, fazendo o acompanhamento, colhendo esfregaço para o teste PCR para a confirmação da doença, mas apenas 35 foram habilitados para a pesquisa. Segundo a pesquisadora, a análise estatística prévia vem confirmando a tendência de positividade para a saliva, “mas a ciência exige a confirmação numérica e estatística para se obter um resultado com segurança que comprove a importância da saliva”.

“Ainda estamos coletando as amostras dos pacientes. A próxima etapa é analisar a acurácia desses testes e, caso sejam eficazes, publicaremos um artigo científico internacional propondo a utilização da saliva para aplicação destes testes”, explica Nadia Costa ressaltando a praticidade da coleta da saliva, que tem demonstrado a presença do vírus ativo e de anticorpos que o combatem.

Amostras de sangue, swab de orofaringe e saliva serão obtidas de indivíduos doentes e saudáveis e empregadas para avaliação dos testes rápidos de detecção de anticorpos IgG e IgM contra a Covid-19. O projeto está sendo executado no Hospital das Clínicas da UFG. “A equipe comparece ao HC duas vezes por semana para avaliação/triagem dos doentes e coleta do material biológico. Esses pacientes são monitorados, pois a coleta tem tempos certos para cada tipo de material biológico”, ressalta a pesquisadora.

Os testes podem ser uma alternativa para a identificação de indivíduos suscetíveis e doentes com liberação rápida de resultados para que sejam encaminhados para o tratamento ou demais condutas necessárias. Os resultados dos testes rápidos pela saliva serão comparados aos obtidos pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase da Transcrição Reversa em Tempo Real (RT-PCR) considerado o padrão-ouro como técnica confirmatória para identificação do vírus. As comparações entre os métodos de diagnóstico (teste rápido e RT-PCR) serão realizadas pela acurácia, sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo, probabilidade de falso positivo, probabilidade de falso negativo e área sob a curva ROC com intervalo de 95% de confiança, explicam os pesquisadores.

Vantagens

Geralmente, os testes rápidos são realizados em amostras de soro, plasma ou sangue total. A coleta do soro é realizada por punção venosa, necessitando de profissionais capacitados e infraestrutura mínima para coleta e processamento das amostras. A praticidade na coleta da saliva traz vantagens para a testagem e minimiza os riscos de transmissão do vírus aos profissionais de saúde envolvidos. “A coleta de saliva não demanda ambiente laboratorial, o que facilita a realização dos testes em pacientes suspeitos que não se encontram em ambiente hospitalar. Destaca-se o papel da saliva como elemento não invasivo para diagnóstico, monitoramento e controle da infecção em pacientes”, completa Nadia Costa.

A saliva pode ser coletada facilmente com o auxílio do paciente que deve cuspir em um frasco. O teste, utilizando a saliva como uma espécime clínica alternativa, pode oferecer vantagens, entre elas, por ser um procedimento não invasivo e indolor; maior facilidade e conforto aos pacientes; baixo risco biológico com coleta mais segura; risco de descarte minimizado; redução de custos; coleta que pode ser realizada em grupos; e os pacientes podem ser orientados a realizar a autocoleta, explicam os pesquisadores. Além disso, pode ser uma excelente alternativa para triagem de indivíduos infectados e tem grande importância na liberação rápida de resultados.

Saliva como marcador

As glândulas salivares possuem um sistema imunológico local que inclui a produção de IgA, relacionada com o estágio da doença e a IgG predominante no fluido oral. Estes anticorpos são transferidos do sangue circulante para o fluido gengival de modo que, eles possuem toda gama de especificidades dos anticorpos presentes no soro. A validação de testes rápidos de diagnóstico para Covid-19, bem como a análise do seu desempenho para a detecção de diferentes marcadores do vírus pode ser uma excelente alternativa para triagem de indivíduos infectados e tem grande importância na liberação rápida de resultados, explica Nadia Costa destacando a importância deste estudo para avaliar os valores de acurácia de testes rápidos de acordo com o teste padrão.

O Projeto de Pesquisa intitulado “Avaliação do desempenho de testes rápidos na detecção salivar do novo Coronavírus (Covid-19) foi um dos selecionados pela Chamada Emergencial realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi). Esta ação estratégica do governo teve como objetivo identificar e auxiliar financeiramente, projetos de pesquisa e inovação em todas as áreas do conhecimento produzidas no Estado que pudessem contribuir para reduzir os impactos da pandemia de Covid-19. Nesta pesquisa, a Fapeg investiu R$ 50 mil que estão sendo aplicados na aquisição dos testes, kits PCR e EPIs.

A equipe é composta pela pesquisadora Nadia do Lago Costa, que é professora da disciplina Diagnóstico Bucal, da área de Patologia Bucal e Estomatologia do curso de Odontologia da UFG; pelas doutorandas Ana Carolina Serafim Vilela e Camila Alves Dias; pela aluna de Iniciação Científica Suzane Aparecida de Oliveira; pela professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP-UFG) Fabíola Souza Fiaccadori, responsável pelo PCR e pelo professor da Faculdade de Odontologia da UFG Cláudio Rodrigues Leles, estatístico. Colaboram ainda com a pesquisa os cirurgiões-dentistas Tiago Dias Gomes e Alex Alves da Costa Andrade.

Fonte: Fapeg

Categorias: Saúde FO