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Universidade Federal de Goiás
Projeto Tenda

Estudo da UFG destaca papel das universidades na mitigação da pandemia

Em 16/03/21 10:04. Atualizada em 16/03/21 10:41.

Artigo foi publicado pela revista internacional Frontiers

Carolina Melo

O estudo da UFG, publicado na revista Frontiers, analisa duas tendências sociais e políticas opostas que se fizeram, e ainda fazem, presentes na pandemia no Brasil: de um lado, “o fracasso do Poder Executivo em liderar e gerenciar” a crise sanitária e, de outro, o esforço científico realizado pelas universidades federais no sentido a mitigar os efeitos da pandemia. Assinado pelos professores da UFG, Cristiano Alencar Arrais e Graciella Corcioli, e pelo professor da UNB, Gabriel Medina, o artigo resume as iniciativas de pesquisa e extensão protagonizadas pelas instituições federais de ensino superior (Ifes), e destaca a não-consonância dessas ações com a gestão do governo federal.

Baseado nas análises realizadas com os materiais institucionais publicados pelas próprias universidades, os resultados do levantamento demonstram que as instituições de ensino atuaram em três direções, que se vinculam às ações solidárias, ao apoio à gestão da crise, e à pesquisa. São elas: “1) Alerta à sociedade sobre os riscos da pandemia, com ênfase na criação de observatórios que auxiliam os governos locais e a sociedade civil na compreensão da evolução da doença, bem como na implementação de medidas para a sua prevenção; 2) Atendimento direto às comunidades locais, com ênfase na adição de leitos em hospitais universitários para tratamento de pacientes com Covid-19 e na fabricação de equipamentos de proteção individual e; 3) Pesquisas com ênfase no desenvolvimento de testes para Covid-19, bem como na realização de ensaios de vacinas na fase 3”. 

De acordo com o estudo, devido à suspensão das atividades de ensino na primeira fase da pandemia, as atividades de pesquisa e de divulgação ganharam mais destaque. Ainda assim, com base em um dos relatórios utilizados, da Associação Nacional dos Dirigientes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), o estudo destaca a atuação das 68 universidades no atendimento direto às populações locais, com ênfase no aumento dos leitos de Unidades de Terapias Intensivas (UTIs). “Mais de três mil leitos hospitalares foram alocados em toda a rede universitária. E mesmo as universidades que não alocaram leitos, receberam pacientes regulares em suas instalações” e assim colaboraram para ampliar o atendimento dos hospitais públicos. Ainda segundo a análise do relatório, é possível afirmar “que mais de mil iniciativas de pesquisa foram desenvolvidas e quase 500 ações de solidariedade voluntárias foram realizadas por docentes, funcionários e alunos para dar assistência à comunidade”.

A crise socioeconômica causada pela pandemia Covid-19 gerou uma prova de fogo para as universidades públicas brasileiras, avaliam os autores do estudo. “Hospitais universitários, laboratórios e grupos de pesquisa têm feito esforços substanciais e instituído programas de grande escala em curtos períodos de tempo, juntamente com a assistência de prefeitos locais e governadores estaduais para combater a pandemia com grande sucesso”, afirmam.

Poder Executivo

Com base na reflexão levantada pelos pesquisadores da UFG, a atuação do poder Executivo e de seu representante máximo, o presidente do Brasil, além de não estar em consonância com o esforço das IFEs no combate à pandemia, gera uma segunda via de narrativa, contrária, sobre o caminho de enfrentamento à crise sanitária. O cenário é ilustrado, por exemplo, pela atuação pública do presidente do Brasil, que “publicou regularmente notícias enganosas” e “raramente aparece em público com máscara de proteção individual”. Mas também pelas medidas adotadas pelo poder Executivo, como a não-destinação de recursos orçamentários para socorrer as áreas Social, da Saúde, da Educação e Ciência.

Sobre os pronunciamentos públicos do presidente da República pelas redes sociais, os pesquisadores observaram que entre os alvos dos ataques e mensagens enganosas e de ódio estavam as universidades federais públicas, compostas por 69 instituições. Narrativa reforçada pela gestão da área da Educação, que sofreu uma forte redução do seu orçamento público, assim como ocorreu com a área da Saúde e na área Social.

Conforme ilustrado pelo estudo, e com base na instância colegiada deliberativa do Conselho Nacional de Saúde, o Ministério da Saúde (MS) tinha R $ 39 bilhões em recursos para o combate ao novo Coronavírus, mas 66% do orçamento estava congelado até agosto de 2020, quase seis meses após a deflagração da crise. “Dos R $ 11,4 bilhões destinados à compra de respiradores, máscaras e demais EPIs necessários à população, trabalhadores da saúde e para equipar as unidades de saúde, apenas 25% dos recursos foram liberados pelo MS. As transferências de recursos federais para estados e municípios atingiram apenas 41% e 44% do total disponível, respectivamente”.  A confiança na governança foi abalada, segundo o estudo, que, ainda, ressaltou a falta de transparência do Ministério da Saúde (MS) na divulgação de informações públicas durante a pandemia. 

Em relação ao aporte de recursos também direcionados ao setor econômico e social, o estudo conclui que a “não adoção de medidas imediatas e efetivas foi a perda de 1.092.578 empregos no primeiro semestre de 2020 (diferença de -18,5% em relação ao mesmo período de 2019), queda de 11,4% do PIB no segundo trimestre de 2020 quando comparado ao mesmo período de 2019, e projeção de nova queda do PIB de 5,52%. Atualmente, o Brasil tem quase 50% da população economicamente ativa, desempregada”.

Sendo assim, de acordo com a análise dos pesquisadores, o fracasso do poder Executivo em liderar e gerenciar a crise sanitária, levando à taxa de mortalidade crescente no Brasil, somada à abordagem negacionista do presidente da República, contrasta com o esforço científico realizado pelas universidades federais para a mitigação dos efeitos da pandemia.

Acesse aqui o artigo completo publicado pela revista Frontiers

Fonte: Secom-UFG

Categorias: destaque FH EA Institucional