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Universidade Federal de Goiás
maio roxo

Como vai seu intestino?

Em 07/05/21 09:46. Atualizada em 10/05/21 17:30.

Campanha Maio Roxo busca conscientizar sobre doenças inflamatórias intestinais

Kharen Stecca

Dia 19 de maio é o dia mundial das doenças inflamatórias intestinais. Aproveitando essa data foi criado o Maio Roxo, mês de conscientização para essas condições. Neste mês no mundo todo são realizadas atividades para a população sobre essas doenças que podem ser diagnosticadas e tratadas proporcionando qualidade de vida para seus portadores. Na Universidade Federal de Goiás, além de uma campanha de conscientização, serão realizados eventos para discutir e informar a comunidade: no dia 12/05 o programa Mundo UFG, da TV UFG, terá como tema: Doença inflamatória intestinal, às 16 horas; no dia 19 de maio uma live será realizada às 17 horas, no Youtube da UFG Oficial, com o título: Saúde mental em pauta: O que o intestino tem a ver com nossas emoções?

Segundo a coloproctologista Paula Chrystina Caetano Almeida Leite, há duas doenças inflamatórias intestinais de maior gravidade: a Doença de Crohn e a Retocolite ulcerativa. “São doenças autoimunes que tem alguns fatores desencadeantes que podem acelerar o seu aparecimento e são caracterizadas por inflamação no intestino. A doença de Crohn é uma inflamação em todo o intestino e a Retocolite restringe-se ao colo e reto”, explica a médica.

Paula Leite ressalta que a idade mais comum de incidência dessas doenças é entre adultos jovens, mas pode aparecer também em crianças e adolescentes. “Os principais sinais são alterações nas evacuações, como diarréias persistentes por longos períodos, associadas a sangramento, muco ou pus nas fezes. Também pode surgir dor abdominal, distensão, emagrecimento, anemia, presença de lesões como fístulas e estenoses tanto no intestino quanto na regiao anal,  lesões dermatológicas, articulares e oftalmológicas, enfim, podem acometer todo o nosso corpo.

Nos últimos anos tem-se falado muito de doenças no intestino. “Além dessas duas doenças, podemos citar o câncer do intestino, que hoje é o segundo com maior incidência no país, ficando atrás do câncer de mama em mulheres e próstata em homens (excluindo o câncer de pele); a doença diverticular do intestino, que pode evoluir com inflamação e levar a sangramento e perfurações”, ressalta dra. Paula. Ela também cita outros problemas como as intolerâncias alimentares à frutose, lactose, glúten e, também, o supercrescimento bacteriano; e as doenças orificiais (de hemorroidas, fissuras, prolapsos e fístulas, até o câncer anal que tem aumentado muito devido a relação com as doencas sexualmente transmissíveis).

Paula Leite ressalta que Goiânia possui a Associação Goiana de Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais: um grupo formado por pacientes, médicos, nutricionistas, psicólogos, familiares e interessados que visam divulgar a doença, ajudar na conscientização, explicação, apoio psicoterápico e nutricional. A divulgação da doença é feita em hospitais, clínicas, colégios, tv e rádio. “O aumento da incidência dessas doenças tem sido grande'', explica a médica. 

Convivendo com a doença

Damaris

A psicóloga do Siass, Damaris Rocha teve o diagnóstico de uma doença inflamatória intestinal há mais de 30 anos: ela tem a retocolite ulcerativa. A psicóloga conta que no início chegaram a pensar que ela tivesse doença de Crohn, porque tem sintomas muito parecidos, mas rapidamente o diagnóstico de retocolite foi fechado. “Eu tive muita sorte porque meu diagnóstico foi muito rápido, pois eu já caí direto em um especialista nessa área. Só com os sintomas e um exame fui diagnosticada”, ressalta Damaris. Ela lembra que na época foi muito difícil porque não conhecia ninguém que tinha  a doença e não havia redes sociais e internet para buscar informações. Além disso, não existiam os tratamentos que existem hoje. Em uma fase em que a doença tornou-se de difícil controle, ela passou pela remoção do intestino e reto e convive há 21 anos com uma bolsa de ileostomia. Ela conta que depois da cirurgia ainda tem a doença, porque ela tem expressões extra intestinais, “mas o cuidado maior que tenho hoje é fazer o retorno no médico pra ver se está tudo certo. Se eu tivesse o intestino eu teria que aderir muito ao tratamento com medicações biológicas, mas na época eu não podia fazer isso e, especificamente, no meu caso, as medicações não são indicadas”, explica. 

“Após ter quadros de diarreia com sangue e várias internações com quadro persistente de vômito, diarreia e cólicas intestinais fortes - no hospital cheguei a tomar morfina para dor - procurei um gastroenterologista que descobriu uma intolerância à lactose e, suspeitando da doença de Crohn, pediu uma colonoscopia, que confirmou o diagnóstico”, esse foi o processo de descoberta da doença pelo técnico em laboratório de informática da Regional Goiás, Carlos Cesar Alves Carvalho. 

Carlos

Como Damaris retirou o intestino, o uso de medicamentos no caso dela não surte os mesmos efeitos. Mas hoje existem tratamentos alternativos à cirurgia que conservam o órgão, mas exigem do paciente uma adequação de sua rotina para melhor conviver com a doença. Esse é o caso de Carlos. Ele explica que além do acompanhamento médico constante e exames de rotina para avaliar a absorção de nutrientes pelo intestino (em alguns casos é preciso usar suplementos, na fase ativa da doença), precisa tomar  anti inflamatórios, corticoides e imunossupressores, de acordo com orientação médica. A alimentação também precisa ser adequada e acompanhada por nutricionista, principalmente durante os quadros de diarreia. Outro acompanhamento importante, segundo Carlos, é o psicológico, pois a doença pode se agravar em momentos de estresse e ansiedade.

Como se cuidar - Ainda não se sabe as reais causas das doenças no intestino, mas a alimentação com ultraprocessados e estresse podem ser gatilhos para uma doença que tem também uma predisposição genética. Carlos, que teve sua rotina completamente alterada pela doença, dá algumas sugestões de como ter cuidados para evitar a progressão da doença e também facilitar o diagnóstico: “Se tiverem sintomas como diarreia constante, sangue nas fezes, dores abdominais, procure um especialista rapidamente (proctologista ou gastroenterologista), quanto mais cedo o diagnóstico melhores as chances de tratamento sem intervenção cirúrgica. Cuidem da alimentação e estilo de vida. Evite ao máximo alimentos industrializados, excesso de glúten, leite e derivados. Coma comida de verdade (frutas, verduras, legumes, castanhas…). Tenha um estilo de vida com hora pra comer e dormir, tempo para lazer, medite, faça exercício físico, ame a si mesmo e seja grato”.

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: Saúde SIASS Goiás