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Universidade Federal de Goiás
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Polarização política afeta conhecimento sobre a covid-19

Em 31/05/21 15:35. Atualizada em 31/05/21 15:44.

Estudo associou posturas políticas com conhecimento sobre o coronavírus 

Um grupo de pesquisadores de universidades brasileiras, entre eles o professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás, Pedro Mundim, investigou o conhecimento e a desinformação sobre o coronavírus e sua doença, a covid-19, por parte da população brasileira. O artigo escrito após análise de uma pesquisa com amostra online nacional de 2.771 brasileiros realizada entre setembro e outubro de 2020 ressalta que as preferências políticas desempenham um papel substancial na explicação das diferenças no conhecimento sobre o coronavírus e a covid-19. 

Especificamente, os brasileiros que acreditam que o atual governo Bolsonaro é “ótimo” sabem cerca de 10% menos sobre o vírus e sua doença quando comparados àqueles que acreditam que o governo é “ruim”. Da mesma forma, a probabilidade de apoiar a conspiração sobre a origem do coronavírus é 32 pontos percentuais maior entre aqueles que acreditam que o governo é "ótimo", em comparação com aqueles que o consideram “ruim”.

Estudos pré-existentes - A maior parte do trabalho existente sobre os determinantes do conhecimento sobre a covid-19 concentra-se em variáveis ​​demográficas como renda, educação, gênero e idade e negligencia a importância do contexto político na capacidade de aprendizagem das pessoas, como o grau de polarização da elite em torno da pandemia e as medidas para combatê-la. É essa a intenção de investigação do artigo publicado pelos professores.

Segundo os pesquisadores, o conhecimento sobre saúde está aliado a três fatores: a oportunidade de acessar a informação, a capacidade de entendê-la e armazená-la e a motivação para estar ciente dela. O primeiro fator está associado normalmente à renda devido ao acesso aos meios de comunicação, o segundo está associado à educação porque depende da capacidade cognitiva de entender as medidas preventivas, mas o último depende de conjuntos complexos e heterogêneos de interesses que os indivíduos têm de direcionar sua atenção para alguns objetos e não para outros, como por exemplo, a proximidade com pessoas que tiveram a doença ou a politização da doença em determinados indivíduos e em determinadas regiões. O artigo discute exatamente o papel dessa politização no conhecimento da população e adesão às medidas preventivas.

Alfabetização em saúde - Um conceito discutido no artigo é a capacidade de um indivíduo em adquirir, compreender e aplicar conhecimentos sobre saúde de forma a promover e manter a boa saúde, algo desejável para combater a pandemia. Esse processo durante uma pandemia precisa ser rápido e homogêneo, como por exemplo, entender e aplicar o uso das medidas não farmacológicas de prevenção (álcool em gel, lavagem das mãos e uso de máscaras).

Estudos demonstram que quem têm mais conhecimento sobre a doença é mais propenso a aderir a práticas preventivas como o uso de máscaras. Por outro lado, não é fácil adquirir essas informações já que há abundância de informações falsas que podem confundir a população. E as populações mais vulneráveis têm dificuldade de ser expostas até mesmo às campanhas do governo. Portanto, tanto a falta de informação quanto um ambiente de informações falsas dificultam a adesão às medidas preventivas. Já a polarização política faz com que esse ambiente torne-se ainda mais confuso para a população que está em busca de informações sobre a doença.

Para acessar o estudo completo, clique aqui.

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades destaque FCS