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Universidade Federal de Goiás
Olimpíada

Equipes da UFG se classificam na 1ª Olimpíada de Nanossatélites

Em 24/06/21 16:42. Atualizada em 24/06/21 16:54.

À medida que avançarem grupos terão a oportunidade de construir e lançar foguete no espaço

Versanna Carvalho 

 

As duas equipes da Universidade Federal de Goiás que participam da 1ª Olimpíada Brasileira de Nanossatélites (OBSAT 2021) foram classificadas para a próxima fase da competição. O grupo Pachecos SAT, primeiro lugar na categoria ensino superior em Goiás, é composto por estudantes do Instituto de Informática (INF) e a equipe Millenium, a segunda colocada, é formada por discentes da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC). 

 

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O projeto da equipe PachecosSAT é intitulado "Monitoramento do Rio Araguaia feito por nanossatélite do tipo cubesat". A equipe é formada por Jonathan Miguel Ribeiro (INF/UFG), Yuri dos Reis de Oliveira (INF/UFG), Douglas Sousa Jorge (INF/UFG) e Marcelo Henrique Soares Lino (INF/UFG).

Já o projeto da equipe Millenium é o "Mapeamento da magnestosfera e localização da anomalia magnética do Atlântico Sul em nanossatélite". O grupo conta com Ian Marcos da Cruz Chaves (EMC/UFG), Marlo Alves Rodrigues (EMC/UFG), Natalie Tolentino Serafim (EMC/UFG), e Rui Gonçalves de Oliveira Júnior (EMC/UFG).

Com a classificação, as duas equipes devem receber gratuitamente, kits oficiais de cubesat da Obsat. Trata-se de um kit para prototipagem, desenvolvimento e teste do sistema de nanossatélite proposto em cada projeto."Assim, cada equipe irá a se focar na elaboração do seu satélite visando cumprir com os objetivos propostos. Mesmo assim, estes kits, por ser de propósito geral (genéricos), possibilitam sim testar ou prototipar outros tipos de aplicações que venham a surgir no decorrer do desenvolvimento dos projetos", explica o professor do INF, Aldo Díaz-Salazar, que está orientando as equipes da UFG.

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Fins didáticos

Nanossatélite é um tipo de satélite de menor porte, podendo ter de 1 kg a 10kg, e menor custo de produção, e que não envolvem estruturas grandes como uma estação espacial. "Ele é ótimo para fins didáticos e de pesquisa por ser muito mais barato do que aqueles satélites enormes", explica Jonathan Miguel Ribeiro (INF).

"É um nanossatélite geoestacionário que vai orbitar a uma velocidade na qual poderá ser visto sempre em um ponto fixo", observa o professor do INF, Aldo Díaz-Salazar. "Por ser um nanosat o seu tempo de vida é muito curto. Normalmente, esse projeto tem uma vigência de um ano porque o nanossatélite não está instrumentado para suportar durabilidade ao longo do tempo. "Ele vai perdendo pique, velocidade, e nessa perda, não se torna mais um geoestacionário, começa também a perder altitude, e depois vai se desintegrar na atmosfera", complementa. 

"Essa é a ideia de nanosat. Ser um projeto para estudos pontuais e ao mesmo tempo ser degradado automaticamente para também não se converta em um lixo espacial", pontua o professor Aldo.

Araguaia

O projeto "Monitoramento do Rio Araguaia por Nanossatélite" parte de uma proposta pontual, mas com potencial para o desenvolvimento de diversos estudos. O satélite é instrumentalizado com sensores que são de propósito geral: uma câmera, sensores inerciais, magnetômetro, umidade, pressão atmosférica, luminosidade e outros. 

 

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Em entrevista para o canal do YouTube Linha de Divisa, Douglas Sousa Jorge (INF), explica que o projeto "Monitoramento do Rio Araguaia por Nanossatélite" pretende investigar as anomalias ambientais que podem comprometer a preservação e a longevidade do Rio Araguaia. Ele cita o desmatamento da mata ciliar e o assoreamento como dois exemplos dessas anomalias. "Também pretendemos monitorar pontos de poluição química, térmica e seca que são questões ambientais que podem comprometer o futuro do rio e das populações que dependem diretamente dele, como os pescadores, nos próximos 20, 40 anos".

O objetivo geral do projeto é o monitoramento e a conservação do Rio Araguaia, utilizando o nanossatélite do tipo cubesat - um nanossatélite miniaturizado, com volume de 1 litro, peso de até 1,3 kg, usado em pesquisas espaciais. "Também pretendemos utilizar técnicas de visão computacional, inteligência artificial e sensoriamento remoto", diz Douglas.

Para desenvolver o projeto, o grupo vai utilizar algumas estruturas localizadas na UFG como o Centro de Excelência de Inteligência Artificial (Ceia); o Laboratório de Ideias, Prototipagem e Empreendedorismo (IPELab), para fazer montagem e testes do cubesat. 

 

Atlântico Sul

Como o nome do projeto aponta, a proposta da equipe Millenium é fazer o mapeamento de alguns pontos da magnestosfera (campo magnético no entorno da Terra) durante a trajetória do nanossatélite, estudando-a sobre a influência da anomalia magnética do Atlântico Sul (Amas). A equipe também foi entrevistada no canal Linha de Divisa. Na ocasião, o estudante Rui Gonçalves de Oliveira Júnior, explicou que a anomalia magnética do Atlântico Sul (Amas) é uma espécie de enfraquecimento na intesidade magnética da Terra observado nesta região, que compreende as regiões Sul e Sudeste do Brasil e uma parte do oceano Atlântico e do continente Africano.

O objetivo do projeto é o desenvolvimento do satélite propriamente dito e de novas técnicas e coletar dados por meio dos quais possam ser feitas predições e análises, usando algoritmos de inteligência artificial. O grupo tem a proposta de realizar o mapeamento pelo GPS (sigla em inglês para sistema de posicionamento global) e também um sistema de localização e mapeamento simultâneos (slam) por sensoreamento remoto. Desta forma, se eventualmente o GPS não funcionar, devido a alguma falha por interferências de fenômenos climáticos, temporais, ou pelo campo eletromagnético de aviações, reduzindo a potência do sinal, o trabalho não vai ser prejudicado. 

O professor Aldo destaca que normalmente o tipo de mapeamento que pretendem fazer é feito por meio de uma constelação de satélites. "Pelo que nós temos conhecimento, quem fez isso foi a ESA, Agência Espacial Europeia", observa. A equipe Millenium vai adotar uma técnica um pouco diferente que vai permitir blindar o trabalho de mapeamento contra eventualidades que surjam pelo fato de estar operando em alturas no nível da magnetosfera.

"Ao empregar a técnica slam podemos, além do mapeamento propriamente dito, trazer também robustez à pesquisa. Vamos utilizar um outro conjunto de sensores inercais como acelerômetro, giroscópio, o próprio magnetômetro e um altímetro que seria um barômetro funcionamento diretamente como um sensor de elevação. Dessa maneira complementamos a precisão satelital, tendo uma redundância, não dependendo estritamente do GPS. O que já é algo bastante inovador", ressalta o professor orientador das equipes.

A equipe Millenium também vai usufruir de algumas estruturas localizadas na UFG como o Centro de Excelência de Inteligência Artificial (Ceia); o Laboratório Multiusuário de Computação de Alto Desempenho (Lamcad), o Núcleo de Robótica Pequi Mecânico, o Instituto de Informática da UFG e a Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC).

 

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Para a estudande da EMC, Natalie Tolentino Serafim, as expectativas são elevadas. Ela brinca que "o céu não é o limite", em referência ao nanossatélite que irá para a magnetosfera. "Acredito que nosso projeto seja bastante inovador e que poderemos desenvolver um trabalho muito importante para o meio acadêmico e científico brasileiro, mas claramente, em escala mundial".

O professor Aldo também se mostra entusiasmado com as duas equipes da UFG. "Estou muito feliz e grato por participar da 1ª Olimpíada de Nanossatélites com duas equipes pioneiras na UFG, e em Goiás. As expectativas são muito grandes e esses estudantes já são vitoriosos por terem colocado duas propostas muito fortes academica, cientificamente, tecnológica e socialmente. É um grande ganho para nós neste curto tempo, e esperamos que isto seja uma prática recorrente e que possamos trazer várias conquistas para a nossa escola, Universidade e sociedade", finaliza.

Obsat

Segundo informações do portal do evento, a 1ª Olimpíada Brasileira de Satélites MCTI, é uma olimpíada científica de abrangência nacional, concebida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e organizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em conjunto com a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP). 

A Obsat possui 5 fases principais: 1) planejamento; 2) construção, programação e teste do satélite; 3) lançamento do satélite (etapas regionais); 4) lançamento do satélite (etapa nacional) e 5) apresentação de resultados. A progressão entre fases é classificatória e dependerá da avaliação dos projetos em cada etapa.

O professor Aldo explica que o nível de competitividade aumenta em cada etapa, tendo a possibilidade de um possível lançamento em foguete na fase 5. Para isso, o satélite irá ser instrumentado, equipado e testado com a robustez que cada etapa requer. "Por exemplo, é possível que a fase 3 inclua um lançamento em balão, no qual o próprio kit recebido na fase1, o qual é um protótipo para testes em solo (ele ainda não possui o instrumental para ser utilizado no espaço), poderá ser utilizado na íntegra", observa. 

"Já nas fases mais avançadas, a prototipagem, desenvolvimento e teste do cubesat terá que incluir outros detalhes técnicos de engenharia, por exemplo, blindagem contra a radiação solar, testes de telemetria (comunicações com a estação terrena) e fornecimento de energia por paineis solares. Para isso, é possível que estas fases aconteçam sobre a assesoria de entidades como o Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais], onde existe a infraestrutura tecnologica e de recursos humanos que viabilizam a demanda que um projeto aeroespacial satelital precisa", conclui.

 

Confira no link matéria da Rádio Universitária sobre os projetos

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: Tecnologia inf