Fernanda Cunha*

O vídeo intitulado A incrível superação da Arte/Educadora para aprendizagem não parar na pandemia acontece em conversa com a arte/educadora Lara Lima, professora da educação básica do ensino da rede estadual e municipal em Goiás. A professora Lara é licenciada em Artes Visuais, em Pedagogia e já quase formada no curso em História. Possui várias especializações. Seus estudos se concentram pela UFG e UEG.

Sua experiência arte/educativa de inserção da cultura digital juvenil para dentro da sala de aula não se centra em show pirotécnico, mas pelo imaginário das crianças, em suas expressões estéticas. Em contraponto a muitas instituições, a pandemia deixa as escolas em que Lara atua paradas por alguns dias apenas, vez que a reação é imediata: entrar em contato com os alunos. Profundo trabalho de mobilização. Enfrenta significativo desafio ao iniciar a primeira turma da escola de artes na cidade de aparecida de Goiânia em tempos de pandemia. Confira nas palavras da arte/educadora Lara Lima:

“Esse foi um processo árduo, complexo. De dia a escola de arte rolando e como dar aula de cursos livres de pintura, de moda? Eu estava dando aula de cursos de desenho de moda, pintura em tela, desenho para criança, iniciação ao desenho para crianças de 8 anos. Nós tínhamos cursos de dança, cursos de fotografia, de cinema e tudo isso adaptado para whatsapp. E nós tínhamos um alunado, de pessoas mais idosas. Aulas aconteciam de diferentes formas – pelo whatsapp, por ligações no whatsapp... Muito aprendizado. Muitas descobertas. Eu nunca tinha feito uma videoaula de pintura.... É instaurado um processo, em total processo de desconhecimento no desafio de uma escola pública, na cidade de aparecida de Goiânia, nós sabemos que tem ali muitos desafios a serem vencidos... Muitos alunos não tinham acesso à internet. Como trabalho na periferia: alunos de bairros de assentamento, alunos trabalhadores.  Buscava atender os alunos da melhor maneira possível”.

Lara enfrentou a distribuição de 40 livros – de apenas 40 livros - para todo o alunado noturno e matutino, ao transformar estes livros em partes, por arquivos PDFs. 

E os alunos sem internet e sem celular? Começaram a preparar material impresso para estes alunos. Depois adaptaram lista de atividades para o perfil de cada aluno. Os docentes ligavam para os alunos, com alunos dos mais diferentes estados que voltaram para suas cidades em razão da pandemia e estes alunos foram atendidos por diferentes meios.

Muito esforço, muita dedicação, muita inventividade pedagógica. A Professora Lara comenta que alguns alunos sumiram, em suas palavras: “Então, nós começamos a caça ao tesouro...” 

Neste processo de formar a escola de artes, vem a pandemia. Foi imprescindível repensarem a escola. Pensaram novos formatos, criando e abrindo novos cursos. Observe o que Lara nos conta:

“Pela precariedade, na escola de artes, nossa preocupação era os professores chegarem até os alunos e não os alunos chegarem até os professores. Assim, em agosto [de 2020] iniciamos cursos de artes pela EAD”.

Somente a professora Lara iniciou 4 cursos, a saber:

- Uma viagem pela arte e o imaginário para alunos de 8 a 12 anos; mas também recebe alunos mais velhos, acabando por abrir 2 turmas;

- Desenho com lápis de cor para crianças;

- Curso de iniciação a pintura em tela, para acima de 14 anos,

- Curso de desenho de moda – croqui de moda à figura humana. Introdução ao desenho de moda.

O número de inscritos foi enorme, turmas de 60 alunos.

Com os pés no presente, olhar para o futuro, Lara adverte: “O aluno que nós tínhamos em março [de 2020], não é aluno que nós chegamos em agosto [de 2020], e acho que não vai ser os alunos que nós vamos ter em 2021. Mesmo as crianças de 8 anos entenderam as ferramentas, o Whatsapp que é pra ajudar a aprender.

A professora Lara exclama que ficou bem impactada, que a educação não dá para voltar ao que era antes:

“O curso livre na pandemia foi uma válvula de escape, foi o momento dele. Um momento bom. Não é que nós temos que virar Youtubers, mas temos que ir lá assistir o que esses alunos assistem. Eles estão ensinando estes alunos. Não é aprender a ferramenta, é usar essa ferramenta a seu favor.”

Em um semestre a professora Lara teve cerca de 600 alunos, somente em seu Whatsapp, com atendimento quase que 24 por dia, 7 dias da semana.

Quando verdadeiramente não se quer parar, ir é um processo desafiador de superação.

A professora Lara menciona sobre políticas simples, de união entre os dirigentes políticos para bem maior, e claro a democratização da Internet, o acesso a conteúdo pela TV o quanto poderia ter ajudado professores e alunos a atravessar este momento.

Lara é uma professora, já pensou se Lara fosse a secretária da educação em sua cidade?

A professora Lara Lima pisa no acelerador para potencializar o ensino, abrindo novos cursos em tempos de pandemia, enquanto tantas e tantos desaceleram a aprendizagem ou ainda buscam enfrentar  pandemia pelo ensino presencial às nuvens da chamada biossegurança...

Neste processo escolas retornam às aulas, aparecem casos de alunos infectados. Assim, escolas pelo presencial em sala de aula, ainda que em situação de ensino híbrido, por vezes novamente com as aulas suspensas...

Pergunto: para quê este tipo de recorrência?

Professora Lara aceitou o desafio, experienciou a superação.

Para a professora Lara superação é acontecimento de “experiência magnifica”.

Ouvir a professora Lara Lima é [re]aprender muito.

Para acessar o conteúdo na íntegra desta conversa assista ao vídeo:

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*Fernanda Cunha é professora da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac) da UFG

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