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Universidade Federal de Goiás
Palestrante Ramon Consenza em aula magna

Aula Magna aborda a importância do aprender constante

Em 28/07/21 15:59. Atualizada em 11/08/21 10:04.

O professor convidado Ramon Consenza participou do evento que marca o início do semestre letivo 2021/1

Luciana Santal

Em cerimônia transmitida pelo canal UFG Oficial, a Universidade Federal de Goiás (UFG) realizou a Aula Magna do Semestre Letivo 2021/1 com a participação do professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ramon Moreira Cosenza. Com experiência na Medicina desde 1971, atuante na área de Neurociências, com ênfase em Neuroanatomia e Neuropsicologia e ainda autor de diversos livros e trabalhos neste campo do conhecimento, Ramon ministrou a aula intitulada “No mundo de hoje, o que é importante aprender”.  A ideia foi trazer contribuições da neurociência aplicada à educação para um melhor enfrentamento das demandas e desafios contemporâneos. 

Palestrante Ramon Consenza e Jaqueline

Para começar, o professor explicou a definição de aprendizagem, que acontece por meio das conexões que o cérebro faz com o ambiente e se realiza de forma individual em cada pessoa. Outra curiosidade compartilhada por Ramon é que o cérebro mudou muito pouco durante a evolução. Para ele, o desafio que se apresenta nos dias de hoje reside nesse descompasso entre o “cérebro paleolítico” e o presente futurístico. As inovações tecnológicas influenciam no mercado de trabalho, que exige cada vez mais novas habilidades para as quais o cérebro pode não estar preparado. Essa fragilidade também tem sido utilizada para manipular decisões e emoções por meio dos algoritmos, “que nos conhece melhor que nós mesmos”, segundo Cosenza. 

Para acompanhar essas mudanças imperiosas, o professor sugere que se siga os “Quatro pilares para a educação no século XXI”, proposta pela UNESCO em 1999: Aprender a fazer, Aprender a conhecer, Aprender a ser, e Aprender a viver juntos. O professor explicou cada um deles:

Aprender a fazer: como as máquinas já são capazes de cumprir as atividades rotineiras, é preciso aprender fazer, que significa saber utilizar o conhecimento para resolver problemas e atuar de forma competente em situações de incerteza. Conteúdos programáticos e até profissões podem se tornar obsoletos, por isso todos devem saber que o conhecimento progride e que há a necessidade de se adaptar a essa mudança. “É uma atividade que se estende para a vida inteira, todos nós temos que aprender o tempo inteiro”, enfatiza  Ramon.

Aprender a conhecer: ou aprender a aprender; em tempos de desinformação, é preciso aprender a buscar informações em locais certos; ter autonomia para aprender e utilizar as informações com uma atitude crítica e atenta, integrar o conhecimento numa síntese adequada e útil; utilizar o pensamento crítico, saber raciocinar logicamente e criar conclusões objetivas. O conferencista ressaltou a importância de se resistir aos vieses cognitivos, que são comportamentos baseados em julgamentos distorcidos. Ele citou o exemplo dos vieses da crença e da confirmação, que se configuram quando a pessoa tem a tendência de acreditar em informações que sejam compatíveis com aquilo que ela já considera verdade ou quando elabora argumentos para comprovar algo que ela quer que seja verdadeiro. O professor também falou sobre o “viés do meu grupo”, quando se acredita em pessoas que participam de um mesmo grupo e duvidam das informações de quem está fora do grupo, e da “cegueira dos vieses”, quando a pessoa não enxerga  que ela mesma age sob os vieses e não só os outros. Para terminar esse tópico, Ramon pontuou as diferenças entre os dois tipos de pensar: o tipo 1, que é rápido (autônomo, automático) e o tipo 2 que é devagar (voluntário, consciente). 

Vieses cognitivos por Ramon

Aprender a ser: esse pilar está relacionado à formação do caráter, à formação de valores e construção de um sentimento ético, com discernimento e responsabilidade pessoal. O nosso cérebro tende a valorizar as gratificações imediatas e tem predileção pelas intenções de curto prazo (impulsos) em detrimento das intenções de longo prazo (relacionam-se com nossos valores, com o que consideramos importantes) porque as ações impulsivas requerem pouca energia para a tomada de decisão.

O professor afirmou que todo mundo quer estar bem, quer buscar a felicidade, mas que existem dois tipos de felicidade: hedônica, que é alcançada por meio dos bens materiais e prazeres dos sentidos; no entanto, ela é fugaz, porque ser feliz depende necessariamente de ter coisas e emoções. Já a felicidade eudaimônica se conquista a partir da busca de objetivos maiores na vida, de descobrir talentos e de trabalhá-los para que se alcance a realização pessoal. As duas felicidades devem se complementar, mas o professor enfatiza que a eudaimônica é mais importante que a hedônica.

Aprender a viver juntos: o último pilar é aquele que defende que todos os seres vivos são interdependentes; “o tempo inteiro, nós dependemos dos outros e da natureza e nós precisamos aprender a viver juntos, a interagir, a nos comunicar de forma efetiva”, afirma Ramon. É preciso saber cooperar, evitar conflitos ou resolvê-los de forma pacífica; ter tolerância e respeito à diversidade; e desenvolver uma consciência ecológica. “A natureza não deve ser vista como fonte de recursos, nós fazemos parte da natureza. A pandemia ensinou como viver juntos faz falta”, enfatizou. 

Após a explanação sobre os quatro pilares, o professor fez a seguinte pergunta: Como desenvolver os quatro pilares do saber? Para ele, na universidade, esse é um trabalho conjunto de estudantes, professores, dirigentes e da sociedade e pode ser feito com vistas a cultivar atividades que protejam o cérebro e suas conexões, que diminuam o estresse, aumentem a conexão social e promovam a saúde física e mental. Também é importante cultivar sistemas de valores positivos para a sociedade e para a conexão com a natureza e cultivar o raciocínio crítico e o pensamento lógico. 

Como as interações sociais feitas de forma presencial estão prejudicadas já há algum tempo devido ao excesso de exposição aos meios digitais de comunicação, uma das orientações do professor é que se desenvolva a inteligência emocional por meio do incentivo às interações não virtuais, especialmente entre os jovens, e pela autorregulação. Esse é um mecanismo muito importante para que o indivíduo saiba reconhecer e regular suas próprias emoções para ser capaz de interagir com os outros de forma adequada. E, segundo Cosenza, uma prática eficiente para se buscar isso seria a meditação feita sob a ótica do mindfulness (atenção plena). Após a conferência, foi aberta a sessão de perguntas.

Mesa diretiva

A pró-reitora de Graduação, Jaqueline Civardi, atuou como mediadora na Aula Magna e saudou os novos alunos. “Queríamos recepcioná-los, lotar nosso Centro de Eventos e ocupar a nossa querida UFG. Contudo, o momento não nos permite. Mas quando for possível, e de modo seguro, nós nos encontraremos, nos olharemos e diremos pessoalmente que vocês são importantes e fazem a diferença”, ressaltou.

Mesa diretiva aula magna 2021

Nesse clima de acolhida, a vice-reitora Sandramara Matias Chaves falou da alegria de iniciar o primeiro semestre letivo de 2021: “De maneira muito especial, quero dar as boas-vindas aos nossos ingressantes e dizer a eles que a UFG existe principalmente em função de todos os estudantes que nós recebemos. Sejam todos e todas muito bem vindos à Universidade Federal de Goiás e usufruam do que essa universidade pode oferecer a vocês”.

O reitor Edward Madureira parabenizou a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) pela escolha do palestrante e do tema da conferência. “Nada mais contemporâneo do que trazer reflexões sobre o que é importante aprender. Nós nos vemos bombardeados por uma inundação cada vez maior de informações que estão ao alcance, na ponta dos dedos. E cuidar disso no ingresso dos nossos estudantes é fantástico”, enfatizou. 

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Institucional