
Escolas podem ser mais criativas
Evento refletiu temas como o agir pedagógico, superdotação e escolas criativas
Janyelle Pereira
Ao contrário do que se imagina, “crianças talentosas” ou superdotadas não costumam ser o destaque nas turmas. Normalmente o que ocorre é uma invisibilização delas. A fala é da professora Carla Luciane Blum Vestena, docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), que fez parte da mesa-redonda “Abordagem criativa no agir pedagógico: rumo a uma práxis inventiva complexa e transdisciplinar”, uma das mesas do IV Seminário da rede internacional de escolas criativas (RIEC) e X Fórum internacional de inovação e criatividade (INCREA) que aconteceram do dia 26 à 27 de agosto com realização de diversas universidades, entre elas a Universidade Federal de Goiás.
A professora Carla Vestena pontua alguns motivos para que isso aconteça, diagnósticos equivocados e tédio, são exemplos. Ela caracteriza também essas crianças como perfeccionistas, introvertidas, perseverantes, entre outros adjetivos. A professora criticou o sistema educacional do Brasil por negligenciar cerca de 3 milhões de crianças e adolescentes superdotados. Ela pontua o baixo fomento de prêmios para a categoria no país, o que desestimula, tendo em vista como outras nações como Estados Unidos e Reino Unido investem no desenvolvimento dessas crianças. Ela discutiu também sobre métodos de como potencializar a criatividade e pontuou os três elementos essenciais que são pensar, sentir e querer, que em consequência levam a descobrir, vivenciar e praticar. Por fim, ela citou as pesquisas feitas acerca do tema, expondo a metodologia e a adaptação para o modo remoto.
A segunda parte da mesa foi comandada pelo professor João Henrique Suanno, professor titular da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Suanno pontua que é importante para uma didática efetiva que o aluno assuma um papel atuante e não passivo no espaço de ensino em que esteja inserido, recebendo e oferecendo respeito. Por fim, ele frisa atitudes importantes de se ter presente no ambiente de ensino e afirma que deve ser um local de crescimento pessoal, deixando que o aluno cresça, se expresse e seja protagonista da própria educação.
Escolas Criativas - A mesa-redonda “Escolas criativas e vadecrie” foi mediada também pela professora Marlene Zwierewicz professora da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe e contou com a participação das professoras Verónica Violant da Universidade de Barcelona e a professora Lindalva Pessoni (UEG). Violant explicou o conceito de escolas criativas e o principal diferencial delas para as convencionais: o estímulo do desenvolvimento humano de forma abrangente. Ela cita a comunicação como um processo criativo, pelo processo de transformação pessoal que a informação sofre.
Lindalva Pessoni fez um recorte temporal de 2011 até 2021 sobre as escolas criativas. Utilizando esse recorte, ela expõe as mudanças e atitudes precisas para elaborar esse modelo educativo, por exemplo a expansão do ensino para fora dos muros da escola. Outro ponto importante é a integração da escola com outras instituições e a participação em eventos que promovem e pesquisam sobre escolas criativas.
Lindalva Pessoni usou a escola Casa Verde de Aparecida de Goiânia como modelo de pesquisa e pontuou as características que a tornam criativa: hortas, a próxima relação com os pais e a comunidade da escola, atividades ao ar livre e o respeito à individualidade de cada estudante. A professora ainda explica o conceito de vadecrie (instrumento de valoração do grau de desenvolvimento criativo de instituições educativas) e como ela foi usada como metodologia para a finalização de sua pesquisa. “Sala de aula é um lugar de aprendizagem, mas não pode ser o único”, afirma Pessoni.
A professora Zwierewicz falou sobre o histórico da rede internacional das escolas criativas e da aplicação do vadecrie no processo. Ela retomou a fala da professora Violant sobre as escolas criativas que transcendem e conseguem ir além das salas de aula. Ela citou que a transdisciplinaridade é ir além das disciplinas e conseguir enxergar entre e através das mesmas. Ela encerra sua fala com o desejo da expansão das escolas criativas e do vadecrie para a valorização da educação, dos estudantes e dos professores.
A mesa foi encerrada com a reprodução de um vídeo cultural sobre a dança Suça. A gravação das duas mesas está disponível no canal do Youtube da Proex Unitins. Confira nos links:
Janyelle Pereira é estagiária de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta
Fonte: Secom UFG
Categorias: Humanidades FE