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É necessário uma ciência que pensa na vida futura

Em 13/09/21 10:29. Atualizada em 13/09/21 10:31.

Ética, saúde dos seres humanos e do meio-ambiente foram temas de conferência na Semana ICB Virtual

João Gabriel Palhares

Os atravessamentos da ética e da biologia dentro da relação entre os seres humanos e o meio ambiente foi o assunto que norteou a conferência “Bioética: saúde do ser humano e saúde da terra”, na quinta-feira (9/9). Parte da Semana do ICB Virtual, o encontrou contou com a presença do filósofo e professor da PUC(PR), Arnor Sganzerla, e foi mediado pelo acadêmico Sebastião Paulo dos Santos Carvalho.

Anor PUCPR

Durante a fala, o professor enfatizou sobre a necessidade de pensar estratégias que pensassem a saúde do ser humano ligada à saúde da terra, questões que, historicamente, estiveram separadas. Como base teórica, Anor apresentou obras que pensam sobre a necessidade da bioética principalmente nas sociedades tecnológicas, como: Van Rensselaer Potter, Hans Jonas e Nicholas Georgescu-Roegen.

Para o professor, a relação entre o ser humano e o meio ambiente está relacionada não a uma questão técnica, mas sim a um conflito ético. Assim, para ele, enquanto não for possível identificar a questão ética entre os dois, continuaremos no mesmo modelo sistémico. A continuidade do modelo atual é apontado como um dos principais comprometimentos da continuidade da vida às gerações futuras. Segundo Anor, quem sofrerá as consequências dos modos atuais não são os seres humanos do presente, mas sim as pessoas que ainda não nasceram e que até mesmo não podem ser responsabilizadas por isso.

As populações mais afetadas, de acordo com o professor, são as menos desenvolvidas. Por outro lado, as sociedades mais desenvolvidas e ricas são as maiores causadoras da destruição do planeta, comprometendo o habitat de todos os seres vivos. Portanto, ao pensar uma ética para o futuro, Anor aponta para atitudes que devem ser tomadas no presente. A bioética, de acordo com ele, deve ser realizada na atualidade como forma de garantir um futuro para outras gerações e assim superando o nosso atual imediatismo que ignora a possível presença de um futuro.

Ciência da Sobrevivência

De acordo com o professor Anor, as respostas ainda são locais para os problemas globais. A pandemia, de acordo com ele, revelou como as sociedade buscam problemas locais. O pensamento em comum e a mobilização de todos é uma alternativa para os pensamentos direcionados apenas a causas locais.

Assim, o professor retoma sobre a importância de ampliar as dimensões da ética. Citando o bioquímico, Van Rensselaer Potter, Aron entra mais a dentro sobre a relação da saúde do ser humano e a saúde estarem ligados ao nascimento da bioética. De acordo com o professor, Potter destaca a necessidade de uma ciência da sobrevivência, que pensa na vida futura. O professor enfatizou novamente sobre a querência de um futuro estar ligado às atitudes do presente, que também está ligada a uma obra de Potter em 1970. Aron citou os estudos do bioquímico sobre a bioética ser a ponte entre a biologia e a humanidade e sobre a bioética global e a bioética global-aprofundada.

O professor citou uma dos trechos da obra de Potter, que representa o seu conceito sobre Ciência da Sobrevivência: “a humanidade necessita urgentemente de uma nova sabedoria que forneça o ‘conhecimento de como usar o conhecimento’ para a sobrevivência humana e para o melhoramento da qualidade de vida”. Avançando no conceito, o professor conta sobre a interdisciplinaridade da ciência da sobrevivência. De acordo com a leitura de Potter, a ciência da sobrevivência deve ser construída com a ciência biológica, com as ciências sociais e com as humanidades.

Em alternativa aos problemas ambientais, o professor fala sobre a necessidade de pensar o holismo ecológico e ético, alternativa de Potter para sobreviver e garantir o equilíbrio ecológico, e que, após estabelecida, pode avançar para a bioética global, unificando a ciência ecológica com a ciência médica. Dessa forma, o professor enfatizou na apresentação sobre a necessidade constante de pensar a sociedade e o seu bem-estar com a qualidade de vida do ambiente e do local onde estão inseridos os seres humanos. Assim, determinando a saúde do ecossistema como um fator determinante para a saúde humana. “O adoecimento de uma das partes promove o adoecimento do todo”, destacou.

João Gabriel Palhares é estagiário de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Humanidades ICB