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Universidade Federal de Goiás
Plantas

Livro aborda como as plantas percebem a si e ao meio

Em 23/09/21 14:35. Atualizada em 24/09/21 13:43.

Publicação reúne informações científicas sobre habilidades cognitivas das plantas

As plantas percebem a condição de dia/noite, estações do ano ou mesmo a hora exata do ciclo diário das 24 horas. Existem muitos casos corriqueiros que denotam essa capacidade das plantas: há uma planta ornamental no Brasil conhecida popularmente como onze-horas, a qual costuma abrir suas flores às 11h da manhã; muitos cactos desabrocham suas flores somente durante a noite; flores de muitas plantas, como a dama-da-noite, somente exalam forte perfume no período noturno; outras flores, como as dos citros e cafeeiro, exalam mais ou menos perfume em diferentes horários específicos do dia. No cerrado, temos o caso típico do ipê, que costuma florescer em meses específicos do ano. Há um outro caso intrigante que ocorre com alguns genótipos de bambus, alguns centenários, mesmo que muito distantes geograficamente, todas as plantas florescem e morrem ao mesmo tempo. Todas essas situações estão relacionadas ao relógio biológico das plantas, o qual regula o seu metabolismo e desenvolvimento, permitindo que elas percebam os diferentes ciclos do tempo e até mesmo somem ciclos temporais. 

Para entender como as plantas percebem a si e ao meio, como se comunicam internamente e externamente, assim como moldam seu comportamento em consonância com as mudanças que ocorrem nos estímulos endógenos e ambientais, o professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás, Hyrandir Melo lançou recentemente um livro que apresenta uma intrigante e inédita temática no Brasil, assim como de amplo interesse por profissionais de diferentes áreas do conhecimento. O Livro é intitulado "PLANTAS: Biologia Sensorial, Comunicação, Memória e Inteligência". O professor é do Departamento de Botânica do ICB-UFG e a publicação é pela Editora Appris.

O livro reúne o conhecimento científico das diversas habilidades cognitivas estudadas em plantas. É uma obra inédita e única em língua portuguesa, que, pela relevância do tema, é indispensável aos estudantes, professores e demais profissionais das Ciências Biológicas, Ciências Agrárias e alguns segmentos das Ciências Comportamentais. Além do caráter informativo sobre as novas fronteiras exploradas pela ciência vegetal, os conhecimentos abordados possibilitam o desenvolvimento de novas tecnologias ao cultivo de plantas e ampliam horizontes de investigação científica em diferentes áreas de pesquisa.

Embora contemporânea, a temática não se configura como uma subárea isolada dentro da biologia vegetal. Além do caráter comportamental, ela se estende especialmente aos estudos de Fisiologia Vegetal, Neurobiologia Vegetal, Eletrofisiologia Vegetal, Citologia, Histologia, Morfologia Vegetal, Fitossociologia, Biologia Reprodutiva de Plantas, Bioquímica, Genética, Ecologia, Evolução, Fitopatologia, Entomologia e Nutrição de Plantas. Utilizando-se de diversas bases de conhecimento, buscou-se, nesta obra, explicar como as plantas percebem a si e o meio, como se comunicam internamente e externamente, assim como moldam seu comportamento em consonância com as mudanças que ocorrem nos estímulos endógenos e ambientais. As mudanças comportamentais, por sua vez, são a base das abordagens realizadas no campo temático da memória e inteligência.

É uma obra recheada de assuntos intrigantes e inéditos em livro didático, como o aparato e o mecanismo sensorial das plantas ao som, ao toque, aos cheiros, à temperatura, ao O2, ao O3, ao CO2, à pressão atmosférica, ao NaCl, aos nutrientes, aos campos elétricos e magnéticos, à água e à umidade relativa do ar. Além dos elementos inanimados, também explora os mecanismos de percepção, reconhecimento e comunicação planta-planta, planta-microrganismo e planta-animal.

Mais curiosidades sobre as plantas

Plantas tem mecanismos de transmissão de memórias do estresse a que são submetidas: No âmbito da memória em plantas é comum que a prole de plantas submetidas a estresses naturalmente tenham maior tolerância ao estresse específico sofrido pelos seus genitores, o que necessariamente remete à capacidade das plantas não somente de memorização, mas também de transmissão da memória do estresse aos descendentes. O livro explora o que se conhece desse mecanismo de armazenamento e transmissão da memória, o que além de ser importante ao entendimento do processo, é um conhecimento de alto potencial para o desenvolvimento de tecnologias de cultivo de plantas.

Inteligência: Questiona-se a consciência que muitas plantas têm sobre a forma física e os hábitos alimentares ou sexuais de seus respectivos polinizadores, umas vez que muitas são as variedades de orquídeas que desenvolvem pétalas imitando a forma física das fêmeas de seus polinizadores, algumas vezes mimetizando suas cores, e ainda exalando substâncias que atuam como atrativo sexual dos polinizadores machos, ou seja, a planta manipula o ambiente a seu favor, de forma que seja polinizada sem sequer produzir néctar para recompensar seu polinizador.

Esses são alguns dos aspectos explorados no livro que remetem a questões cognitivas, como a percepção, memória e consciência, em seres não dotados de cérebro, instigando as discussões e ampliando o debate sobre as habilidades cognitivas de qualquer célula viva, independentemente de integrarem o sistema nervoso ou imunológico, como já é estudado na ciência animal. Mais detalhes sobre o livro no link



Plantas

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Ciências Naturais ICB