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Universidade Federal de Goiás
Cristiano Novaes

Afinal, o que é a verdade?

Em 24/09/21 12:21. Atualizada em 24/09/21 12:23.

Professor Cristiano Novaes da Fafil UFG discute os conceitos de verdade em palestra promovida pela PRPI

Isabela Cintra

Entender os conceitos de verdade, frente à pós-verdade que se manifesta quando as emoções e crenças das pessoas são mais válidas do que os fatos comprovados cientificamente, foi o objetivo da palestra “Acertar é conhecer? A resposta dos modernos" que ocorreu nessa quinta-feira (23/9). Parte do Programa Diálogos em Pesquisa e Inovação, o evento é organizado Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da Universidade Federal de Goiás (PRPI/UFG).

De acordo com o palestrante, professor Cristiano Novaes da Faculdade de Filosofia da UFG (FAFIL/UFG), a resposta para a pergunta tema da palestra é a seguinte: “Não. Acertar não é necessariamente conhecer. Há vários problemas de Filosofia da Ciência ligados ao fato de que teorias falsas podem corresponder aos fatos”, afirmou. Para explicar a afirmação, o professor discorreu sobre a diferença entre essência e existência. Segundo ele, a verdade existe em essência. “Há coisas que tem uma definição inteligível, compreensível e nem por isso, existem. Algumas não existem ainda, outras não existem mais. Dinossauros, por exemplo.”, demonstra. Outro exemplo que o palestrante dá são carros voadores. Esses carros ainda não existem, mas possuem uma definição palpável.

“O que é a verdade?”, o professor perguntou aos espectadores. Para em seguida afirmar que a definição da verdade pode ser um paradoxo, visto que ao dar uma definição para a verdade, se pressupõe que a afirmação seja verdadeira. De acordo com o professor Cristiano Novaes, para os filósofos René Descartes e Immanuel Kant, a verdade enquanto palavra pode ser definida. “A verdade é a correspondência do que está no pensamento com o que existe no mundo, nas coisas. É a adequação do intelecto, do inteligido e das coisas”, disse. 

Cristiano Novaes

No entanto, segundo o professor, corresponder é uma condição necessária, mas não suficiente para tornar algo verdadeiro. O professor trouxe para o debate a teoria de Ptolomeu que dizia que a Terra está no centro do Sistema Solar e os planetas giravam ao redor dela. Para construir essa teoria, o matemático e astrônomo grego propôs diversos cálculos que explicassem a posição dos planetas, ou seja, cálculos que correspondessem com os fatos observados. A teoria de Ptolomeu apenas demonstrava que, a partir de cálculos, era possível apenas interpretar as posições dos planetas, mas não dizer onde eles estavam ou como era o Sistema Solar.

Também foi pauta o tema de validação de teorias e a supervalorização de testes científicos, ou seja, quando são feitos inúmeros testes que apontam sempre um determinado resultado, é dito que a teoria é verdadeira e comprovada, porém, o professor ressalta que a experiência não confirma uma teoria. “Eu posso ter visto 1 milhão de cisnes brancos [mas] eu não posso dizer que ser cisne é ser branco. [...] Um cisne negro basta para eu dizer que para todo o sempre a teoria ‘todo cisne é branco’ é falsa.”

O palestrante Cristiano Novaes também explicou sobre a diferença entre realidade e verdade. “Coisas não são verdadeiras ou falsas, coisas são reais [...] Verdade é a propriedade de algo, que, além de ser uma coisa, tem uma função a mais, além de existir ou ser, que é referir-se a. Ideias, palavras, símbolos se referem a alguma coisa. [...] Só uma coisa que tem função referencial pode ser chamada de verdadeira”, o professor exemplifica.

Para assistir a palestra na íntegra, clique aqui.

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Humanidades PRPI Fafil