Cinthia Emidio

A pesquisadora Sabine Righetti (Unicamp) participou, na última terça-feira (05), da palestra “Ciência brasileira: indicadores, percepção pública e comunicação social”. O evento faz parte da programação do 18º Congresso de pesquisa, ensino e extensão (Conpeex) que esse ano ocorre de forma remota com organização da Universidade Federal de Goiás (UFG). A palestra debateu sobre o cenário da ciência no Brasil, sua percepção pública e a sua relação com a comunicação. O evento teve como mediadora a diretora de Jornalismo da SECOM (Secretaria de Comunicação), Mariza Fernandes. 

Sabine Righetti recordou o período em que foi coordenadora do Ranking Universitário Folha (RUF) o que possibilitou que visitasse todas as universidades brasileiras. Segundo a pesquisadora, isso proporcionou que obtivesse um cenário da ciência dentro dessas instituições. Sabine enfatizou a grandiosidade da produção científica brasileira, de acordo com ela, o país está no grupo dos “15 países que mais produzem ciência no mundo”. Ainda segundo Sabine, em 2020, “os cientistas brasileiros produziram mais de 100 mil artigos científicos”. 

A pesquisadora afirmou que mesmo com os cortes sofridos pelas universidades públicas brasileiras no último ano, essas instituições ainda produzem muito conhecimento científico. Durante a pandemia de Covid-19, o Brasil figurou entre os 10 países que mais produziram pesquisas científicas sobre o tema. Entretanto, Sabine Righetti ressaltou que a sociedade desconhece grande parte do panorama da ciência brasileira. 

Sabine Righetti trouxe os resultados de uma pesquisa feita em 2019 pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que identificou que 9 a cada 10 brasileiros não sabiam informar o nome de um pesquisador ou instituição que produz ciência no Brasil. Nesse sentido, o estudo revela um distanciamento entre a ciência, os cientistas e a sociedade brasileira. Uma forma de identificar esse problema, segundo a pesquisadora, é a utilização de pesquisas de percepção pública da ciência que revelam como as pessoas se relacionam com a ciência, ou seja, seu engajamento, a valorização, entre outros fatores.

Sabine ainda revelou que acredita que talvez o cenário provocado pela pandemia, em que os cientistas tiveram maior presença na mídia, possa alterar esse panorama. A Covid-19 colocou os cientistas e as instituições que produzem ciência como porta-vozes. Entretanto, como informa a pesquisadora, o distanciamento entre a sociedade e a ciência brasileira faz com que as pessoas não acreditem em alguns momentos nas informações transmitidas por estes porta-vozes.

Além disso, Sabine Righetti afirmou que o nível da educação científica de base no Brasil está entre os mais baixos do mundo. Segundo a pesquisadora, “a gente aprende ciência na escola de uma forma muito teórica. Ademais, informou que segundo o Censo da educação básica do Brasil, somente 1 a cada 10 escolas no Brasil possui laboratório de ciências além de “o que não significa que ele seja usado ou que ele esteja funcionando”. 

A pesquisadora ressaltou a importância da comunicação de ciência para que a população entenda a maneira como a ciência é produzida no Brasil. Ainda de acordo com Sabine, a distância entre a ciência e a sociedade dificulta que as pessoas sigam e confiem nas evidências científicas e que, diante disso, é importante proporcionar a comunicação de ciência para a sociedade. Cabe ressaltar que Sabine Righetti é fundadora da Agência Bori que tem como objetivo aproximar a ciência da sociedade por meio da utilização do jornalismo.

A palestra assim como todos os eventos que fazem parte da 18º edição do Conpeex, que ocorre do dia 04 a 08 de outubro, estão disponíveis no canal da UFG no YouTube.