Comunicação pública é debatida por pesquisadores da área
Maria Helena Weber e Fernando Oliveira Paulino discutem o espaço da comunicação pública e da democracia no Brasil
Anna Júlia Steckelberg*
A comunicação pública e a democracia dentro das universidades públicas tornaram-se interesse para um debate avançado, em 2021, com o 1º Congresso Brasileiro de Comunicação Pública, Cidadania e Informação e 4º Seminário de Comunicação Pública e Cidadania, sediado na Universidade Federal de Goiás. No primeiro dia de evento (18/10) a mesa redonda online Panorama de experiências e pesquisas relacionados à Comunicação Pública contou com a participação de dois grandes especialistas da área, a escritora e professora a UFRGS, Maria Helena Weber, e o professor da UnB, Fernando Oliveira Paulino. Juntos, os pesquisadores abordaram suas experiências e pesquisas direcionadas à comunicação pública.
“Vivemos em uma época em que a democracia, o debate público e o conhecimento são negados. Os interesses privados parecem sobrepor ao interesse público. As vezes, prefiro pensar que esse é um dos cenários dos meus contos, mas não é”, afirmou a professora e escritora Maria Helena ao dar início ao debate. A pesquisadora aproveitou o seu espaço no evento para contextualizar a realidade do Brasil e a democracia da comunicação pública.
Maria Helena não exitou em destacar sobre a falta de recursos em algumas instituições públicas, em especial, as universidades. “Há falta de políticas públicas que associam ciência e educação ao desenvolvimento. Além da perseguição às universidades públicas e aos servidores ao usarem verbas de pesquisa para outros fins. E isso tem uma ligação direta com a comunicação pública”, afirmou a cientista.
“Quando adotamos a comunicação pública como conceito de pesquisa é porque entendemos que ela tem uma dimensão normativa associada à dimensão instrumental da comunicação do estado. Não há democracia sem a comunicação”, afirmou Maria Helena Weber. A professora ainda não mediu esforços ao destacar que a comunicação pública não se desenvolve em um estado autoritário. A comunicação pública conta com a liberdade e a identificação da opinião pública.
A universidade pública, segundo Maria Helena, é um espaço privilegiado e responde à dinâmica da comunicação pública, pois é um espaço de acolhimento e compartilhamento. Ao encerrar sua fala, Maria trouxe exemplos de discussões sobre a democracia brasileira, debates públicos, manifestações e interpretações. E deixou o questionamento: até quando os interesses públicos estão sendo atendidos pelas instituições públicas?
O professor Fernando Paulino trouxe para o debate alguns marcos temporais contemporâneos relacionados à comunicação pública, além de apresentar pesquisas sobre o tema já realizados e que podem vir a ser realizadas. E no final o professor demonstrou algumas experiências nesse tema no Brasil.
Em referência aos marcos temporais, Fernando fez questão de citar a criação da Lei do Cabo, que proporcionou a comunicação pública e consequentemente a democracia. “A Lei do Cabo determina a existência de canais de acesso público. Isto é, TV e rádios legislativos e judiciais comunitárias, assim são referência importante para o crescimento de práticas e redefinição de algumas experiências que já existiam antes ligadas a toda sociedade”, destacou o estudioso.
Durante a conversa, Fernando trouxe livros e estudos para exemplificar, além de mobilizações e manifestações que já ocorreram no Brasil a favor da democracia. Existem, de acordo com ele, duas possibilidades de entendermos questões relacionadas à comunicação pública. “Devemos pensar em um guarda-chuva que inclua pesquisas relacionadas à comunicação pública a partir da formação, execução e da avaliação de políticas públicas. Mas também, há uma ponte interessante que vem motivando pesquisas que geram uma reflexão relacionada a economia política da comunicação e a compreensão da comunicação pública a partir de processo de produção, distribuição e acesso ao seu conteúdo”, afirmou o professor.
A mesa redonda do Congresso encerrou com uma troca entre os estudantes e os palestrantes, com esclarecimentos de dúvidas. O evento está disponível no site e pode ser assistido por qualquer um de forma online.
*Anna Júlia Steckelberg é estagiária de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta
Fonte: Secom-UFG
Categorias: Humanidades Fic