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Universidade Federal de Goiás
Caruru Rasteiro

WebCiência apresenta as plantas alimentícias não convencionais

Em 28/10/21 11:32. Atualizada em 17/11/21 17:09.

Evento organizado pelo IQ recebeu Alcyr Viana do IFG que demonstrou as aplicações de hortaliças muitas vezes ignoradas no cotidiano

Pedro Ribeiro*

Já ouviu falar das plantas alimentícias não convencionais (PANC)? Elas são de grande importância econômica, social e também gastronômica. O webnário realizado na última segunda-feira (26) pelo Instituto de Química (IQ) da UFG, teve como convidado o professor Alcyr Viana do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Alcyr é docente no curso técnico de cozinha do IFG e autor do livro: PANC na Cozinha Vegana. Mas, afinal, o que são essas plantas e quais são suas especificidades?

Alcyr Viana

As Panc são plantas comestíveis que podem ser encontradas facilmente, seja em quintais,canteiros ou até mesmo terrenos baldios.É válido ressaltar que essas plantas não são produzidas ou comercializadas em larga escala, elas estão ligadas às produções da agricultura familiar, porém são difíceis de encontrar em feiras e mercados. Vegetais não convencionais em uma região, podem ser corriqueiros em outras.

Outro fator relevante relacionado às Panc é o fato de não necessitarem de agrotóxicos em sua produção, desse modo, o cultivo é mais simples e mais barato. Esses vegetais normalmente foram trazidos de outras regiões, mas se adaptaram bem à região e às condições climáticas. 

Um exemplo de uma planta não convencional bastante comum no Cerrado é o Caruru Rasteiro (Amaranthus deflexus). De acordo com o palestrante, o vegetal pode conter um percentual de ferro 20 vezes maior que a carne vermelha e pode ser incorporado em diversas receitas. Outro exemplo de Panc é a casca da abóbora que tem o valor nutricional tão alto quanto a parte interna do fruto.

Alcyr ressalta que em muitos casos as pessoas têm receio dos pratos com ingredientes não convencionais, mas, para o pesquisador, cada vez mais que as pessoas têm acesso e conhecem os produtos, elas se tornam divulgadores e aceitam incorporar os alimentos em seu cotidiano.

Para identificar quais alimentos podem ser identificados como Panc, é preciso de um trabalho colaborativo que envolve biólogos, botânicos, químicos para analisar em conjunto as propriedades e o aproveitamento de determinado alimento. O estudo bioquímico em colaboração com as particularidades gastronômicas, consegue resultar em uma produção de conhecimento que envolve fatores econômicos, sociais e ambientais.

Em toda a palestra foram apresentadas a vasta quantidade de Panc encontradas facilmente na região Centro-Oeste,e as inúmeras aplicações que essa flora pode figurar na gastronomia. Segundo o palestrante, a falta de políticas públicas que poderiam incentivar a agricultura familiar, o consumo consciente e a valorização dos ingredientes que são produzidos no Cerrado, é o principal fator que impede a propagação deste tipo de alimentação.

O professor Alcyr, em sua pesquisa, apresenta a gastronomia como um ato político. Para o pesquisador, é necessário mostrar o que há por trás do prato e da produção agrícola que chega até às mesas. “O agronegócio em larga escala está produzindo ricos e não riquezas. Quem faz a comida chegar até a nossa mesa são os pequenos produtores, a agricultura familiar que faz isso,” afirmou o docente. Além disso, o pesquisador discute a importância de incentivar que restaurantes busquem implementar alimentos típicos do cerrado em seus cardápios. Com essa prática, a preservação do bioma se torna mais viável.

*Pedro Ribeiro é estagiário de Jornalismo sob supervisão de Carolina Melo e orientação de Silvana Coleta

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Ciências Naturais IQ