Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
hipertensão arterial

Associações genéticas podem apontar suscetibilidade à hipertensão arterial

Em 16/11/21 11:27. Atualizada em 16/11/21 11:29.

Estudo avaliou alterações genéticas em enzimas envolvidas no controle da pressão arterial que podem apontar maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares

Kharen Stecca

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição multifatorial que já atinge um terço da população mundial. Diversas pesquisas tentam entender os mecanismos da doença de forma a pensar tratamentos para a condição. Um dos caminhos é a identificação de variantes genéticas que predispõem alguém a hipertensão. Destaque é o fato de que eles precisam ser avaliados de forma integrada para se conseguir trilhar no caminho de desvendar  esses mecanismos fisiopatológicos. 

Uma pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas da  Universidade Federal de Goiás publicada em uma revista de alto impacto (Plos One) e que está entre os mais citados em outros artigos na área trouxe novo entendimento sobre a participação de enzimas envolvidas no controle da pressão arterial. Chamadas Enzimas Conversoras de Angiotensina (ECA e ECA2), essas enzimas funcionam como reguladores-chave da pressão sanguínea que têm funções contrabalanceadoras, agindo sobre os peptídeos vasoativos do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (RAAS). Esse sistema possui enzimas, peptídeos e receptores envolvidos no controle do volume de líquido extracelular e na pressão arterial. Polimorfismos genéticos, ou seja, alterações nas sequências de DNA dessas enzimas, têm sido associados à maior suscetibilidade à hipertensão. 

O estudo de associação genética avaliou dois polimorfismos, um em cada enzima, em 117 pacientes hipertensos, com média de idade de 59,7 anos,e em grupo controle de 123 pacientes normotensos e sem diabetes com idade média de 57,5 anos. Os polimorfismos de ECA e ECA2 foram genotipados por meio de dois tipos de técnicas: PCR em tempo real SYBR Green e PCR-RFLP.

Na análise inicial, nenhuma associação foi verificada para cada gene individualmente, mas a combinação de polimorfismos de ECA e ECA2 no sexo feminino revelou uma associação significativa e inusitada na literatura científica para portadores do genótipo DD/G_, que tiveram um risco 3 vezes maior para o desenvolvimento de hipertensão arterial com uma suscetibilidade ainda mais forte em portadores do perfil DD/GG, que apresentaram risco sete vezes aumentado à doença. Além disso, também foi verificado que o alelo D da ECA mostrou associação com alterações ​​do perfil lipídico no grupo hipertenso, sendo que os portadores do genótipo DD apresentaram níveis mais elevados de triglicérides e VLDL-colesterol.

Esses achados indicam que a combinação dos efeitos dos polimorfismos de ECA  e ECA2 pode desempenhar um papel na predisposição à hipertensão arterial sistêmica, sendo o genótipo DD/G_ o perfil de suscetibilidade. Esse resultado permite levantar a hipótese de que um aumento da atividade da ECA nos portadores do genótipo DD (efeitos pró-hipertensivos) em conjunto com a redução da atividade da ECA2 nos portadores do genótipo GG (efeitos anti-hipertensivos) poderia ser o mecanismo por trás disso. A associação do alelo D de ECA com alterações lipídicas indica que este pode ser um marcador de mau prognóstico na evolução da hipertensão e contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Embora esses achados preliminares devam ser confirmados por pesquisas futuras, é possível observar que a análise integrativa de ECA e ECA2 pode ser uma ferramenta informativa no entendimento da hipertensão que precisa ser explorada em novos estudos, com potencial de permitir aplicação na medicina personalizada, pelo estabelecimento de marcadores genotípicos de risco na população,além de conduzir a novas estratégias de tratamento a doença que levem em consideração a abordagem combinada dessas duas enzimas, principalmente em pacientes que manifestam formas resistentes de hipertensão arterial.

Financiamento - O estudo foi financiado pela FAPEG (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Goiás), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, MS (Ministério da Saúde) e SUS (Sistema Único de Saúde). 

Acesse  o artigo completo: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0221248

Fonte: Secom UFG

Categorias: ICB destaque Saúde