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Universidade Federal de Goiás
Papo Musical

PAPO MUSICAL

Em 19/11/21 14:56. Atualizada em 19/11/21 14:57.

Gilberto Gil: O mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras

Gyovana Carneiro*
Gilberto Gil (1942)

No mês que celebra a consciência negra, um dos nomes mais importantes e premiados da música popular brasileira, incansável na valorização da cultura afro, Gilberto Gil (1942), foi eleito para ocupar a cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras.

A eleição aconteceu no dia 11/11 sem a presença do cantor e compositor baiano que foi eleito com 21 votos. Assim falou Gilberto Gil:

“Quando a Academia me acolhe, acolhe aquele que ela sabe quem é. O apreço que eu tenho pela formação negro-mestiça da sociedade brasileira. Os problemas relativos a isso e a necessidade de posicionamento em relação a esses problemas, que tem sido uma constante na minha vida.”

Gilberto Gil concorreu com os escritores Salgado Maranhão e Ricardo Daunt à cadeira número 20 que pertencia ao jornalista Murilo Melo Filho.

Gilberto Gil

Após apuração, os votos foram queimados, como manda o ritual da instituição, e, nesse momento, Marco Lucchese, presidente da ABL,  se pronunciou:

“Estamos todos muito felizes. Gilberto Gil é esse traço de união entre a cultura erudita e a cultura popular, como poucos souberam fazer”.

Certamente, o mais novo imortal da ABL entra levando muito mais do que a credencial de escritor, Gilberto Gil leva riqueza cultural, traduzida em poesia e inspiração.

A Academia Brasileira de Letras, ao agraciar o compositor/poeta como novo acadêmico, repete o que a comissão julgadora do Premio Nobel da Literatura já havia feito em 2016 ao contemplar o cantor, compositor, ator, pintor e escritor Bob Dylan (1941) com o mais importante premio da literatura mundial.  

Bob Dylan (1941) recebe o mais importante premio da literatura mundial.  

O imortal Gilberto Gil, nos quase 80 anos de vida, sendo 60 dedicados à carreira, foi um dos criadores do movimento Tropicalista.

Em 1967, a música “Domingo no Parque”, que Gilberto Gil cantou com a também participação dos Mutantes, conjunto de grande sucesso à época, ficou em 2.º lugar no III FMPB.

Jorge Ben; Caetano Veloso; Gilberto Gil; Os Mutantes – (Rita Lee, Arnaldo Baptista, Sergio Dias) – e Gal Costa

O festival foi o ponto de partida para o movimento artístico chamado “Tropicalismo”, em que Gilberto Gil participou junto com Caetano Veloso, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério Duprat, entre outros artistas.

A ideia do movimento tropicalista era a fusão de elementos da música inglesa e americana junto com as músicas de João Gilberto e Luiz Gonzaga. O movimento polêmico, em seu momento inicial, abriu portas para uma nova etapa na música popular brasileira.

Em 1968, o compositor lançou o disco “Gilberto Gil” com 14 músicas, entre elas, “Procissão” e “Domingo no Parque”. Lançou também um disco manifesto, intitulado “Tropicália” do qual participaram, além de Gilberto Gil, Caetano, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.

Gilberto Gil, Caetano, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.

O Movimento Tropicalista foi considerado subversivo pela ditadura militar e Gilberto Gil foi preso, junto com Caetano Veloso. Em 1969 Gil se exilou na Inglaterra. Nesse mesmo ano foi lançado o disco “Gilberto Gil” (1969), onde se destacou a música “Aquele Abraço”.

A obra foi à última música que Gil gravou no Brasil, um dia antes de partir para a Europa. “Aquele Abraço” foi o seu maior sucesso popular e tornou-se um samba de despedida.

No inicio de 1972, voltou definitivamente ao Brasil, em seguida lançou “Expresso 2222”. Em 1976, junto com Caetano, Gal e Betânia, formaram o conjunto “Doces Bárbaros” que rendeu um álbum e varias turnês pelo país.

Caetano Veloso, Betania, Gilberto Gil e Gal Costa – “Doces Bárbaros

Em 1978, se apresentou no Festival de Montreux, na Suíça. Nesse mesmo ano ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Word Music com “Quanta Gente Veio Ver”. Em 1980, lançou uma versão em português do reggae (No Woman, No Cry) “Não Chores Mais”, sucesso de Bob Marley.

Entre os anos de 2003 e 2008, Gil foi Ministro da Cultura do Brasil.

“Sou um agente cultural por força do trabalho que faço, por força da representação que tenho. Essa palavra ‘cultura’, nesse sentido do cultivo da qualidade humana, da humanidade em cada um de nós, isso é um interesse que eu sempre tive” – Declarou Gil.

Gilberto Gil

Ainda em 2008, Gilberto Gil lançou o álbum “Banda Larga Cordel”. Em 2010, lançou “Fé na Festa”. Em seguida vieram: “Gilberto Samba” (2014) e “Ok Ok Ok” (2018).

Entre suas músicas mais famosas destacam-se ainda: “Não Chore Mais” (1979), “Andar com Fé” (1982), “Se Eu Quiser Falar Com Deus” (1981), “Vamos Fugir” (1984) e “Esperando na Janela” (2000), que recebeu o Grammy Latino: Melhor Canção Brasileira.

Gilberto Gil acaba de chegar de mais uma turnê na Europa, a primeira desde o começo da pandemia. Prepara-se agora para seu mais novo palco – a academia dos imortais.

Ouviremos “Refazenda” (1975)

Observe! Depois do experimentalismo da época do Tropicalismo Gil surpreendeu o público e a crítica com a sonoridade mais simples de Refazenda, inspirada no “baião”  e nos ritmos nordestinos. Segundo a crítica da época “tratava-se de uma falsa simplicidade, em que o músico se propunha a retomar elementos da tradição musical brasileira e transformá-los por meio de um ‘despojamento voluntário’”.

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*Gyovana Carneiro é professora da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunistas Emac