Vigilância para Ômicron: Goiás faz nova rodada de sequenciamento genômico
Noventa e seis amostras coletadas em 28 municípios goianos estão sendo sequenciadas por um grupo de pesquisadores da PUC Goiás e UFG
Helenice Ferreira (Fapeg)
O Estado de Goiás se prepara para mais uma rodada de sequenciamento genômico do Sars-CoV-2. Desde que a África do Sul informou sobre a presença da variante ômicron naquele país, o mundo ficou em alerta e voltou os olhos para entender melhor as novas mutações do coronavírus, sua biologia, sintomas, transmissibilidade e possíveis perigos que ela traz.
Nesta semana, a pesquisadora, bióloga, Mariana Pires de Campos Telles, da Pontifícia Universidade Católica (PUC Goiás) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) e sua equipe de pesquisadores, com o apoio da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e do Lacen deram início ao sequenciamento genômico de 96 amostras colhidas em Goiânia e 27 outros municípios. Os resultados devem ser enviados para a SES na próxima segunda-feira, dia 13.
Na última rodada de sequenciamento, realizada em novembro com amostras coletadas em outubro, 95% eram da variante delta. “Este predomínio ainda continua, e vamos dar continuidade ao monitoramento genômico para avaliar a ocorrência das variantes em Goiás”, ressalta a professora. “Esse trabalho de vigilância genômica viral busca o entendimento da quantidade de variantes circulando no Estado de Goiás, bem como entender a forma e velocidade com que o vírus está se espalhando e quais mutações o vírus vem acumulando ao longo do tempo,” diz a professora Mariana Telles.
Lições
A pesquisadora explica que atualmente os indicadores de hospitalização e óbito já não são suficientes para monitoramento da pandemia, “pois os números estão em queda depois que conquistamos uma ampla vacinação da população; e que bom que estamos conseguindo ampliar a vacinação com primeira, segunda e terceira doses. Agora, neste momento, as principais ferramentas para o monitoramento de novas variantes são as estratégias inteligentes de testagem e de sequenciamento genômico, mantendo a vigilância genômica, e isso, em Goiás a gente tem feito muito bem com o apoio do governo estadual por meio da Fapeg”, esclarece. Segundo ela, o sequenciamento é a tecnologia mais indicada e precisa para identificação e descrição de novas variantes. “Alguns kits de RT-PCR permitem identificar variantes já descritas, por isso a importância destas duas ferramentas”, relata Mariana Telles.
Embora seja descrita como uma “variante de preocupação” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a pesquisadora ressalta que a principal lição o mundo já aprendeu: “Estamos muito mais bem preparados para enfrentar qualquer surgimento de nova variante uma vez que já acumulamos conhecimentos significativos sobre a biologia do vírus e temos em mãos as ferramentas que são importantes para manter a vigilância genômica”. Além da testagem, sequenciamento genômico e da necessidade das três doses da vacina, a pesquisadora lembra que o velho aprendizado de manter o uso de máscara, evitar aglomerações e os demais protocolos sanitários, ainda permanece como aliado para o controle da pandemia de covid-19.
“Com relação à variante ômicron, o que já sabemos é que ela tem muito mais mutações em uma região importante em que o vírus usa para entrar na célula humana, daí a necessidade de ficarmos atentos ao comportamento dela, e isso tem uma relação importante com a questão da vacinação”, diz Mariana Telles. Ela acrescenta que, países que estão com a vacinação mais avançada podem ter uma performance diferente quando comparados com países que não têm um bom avanço na vacinação. “De todo modo, a principal mensagem que precisa ficar é que a vacinação ainda é a principal meta para conseguirmos um bom controle com relação ao agravamento de doenças e óbitos e isso é o que a gente consegue ver claramente nos dados deste ano aqui no Brasil, por exemplo”.
Apoio da Fapeg
Os trabalhos contam com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e são resultado de um projeto selecionado em um chamamento feito pelo Governo de Goiás, no início da pandemia, por meio da Fapeg e da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) com o objetivo de identificar projetos de pesquisa e inovação em todas as áreas do conhecimento produzidas no Estado que pudessem contribuir para reduzir os impactos da pandemia de Covid-19. Esta iniciativa buscou direcionar os esforços e os recursos para a viabilização de ações estratégicas. Além disso, conta com o apoio financeiro, de recursos humanos e logístico do INCT EECBio (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade, da Universidade Federal de Goiás).
Fonte: Fapeg