
Congresso de Psicologia idealiza abordagens mais atuais no meio
Convidados abordaram temas que frisam a necessidade de uma psicologia mais abrasileirada, com problemáticas do cotidiano
Samih Zakzak*
Foi iniciado na última terça, dia 15, a abertura do 16º Congresso de Psicologia. A conferência foi organizada pela 12ª turma de Psicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) junto à professora adjunta Lívia Gomes dos Santos e trouxe, para o dia inicial, o tema “o silêncio em frente ao espelho”.
Junto de Lívia, outras docentes da UFG que auxiliaram no projeto estiveram na abertura: Lueli Nogueira Duarte da Silva e Susie Amâncio Gonçalves de Roure, ambas da Psicologia. destacaram o empenho e a felicidade em trazerem o congresso. O tema central do dia também foi pincelado, tanto pelas professoras quanto pelos mediadores, com a angulação do silêncio da Psicologia frente a problemas e questões atuais e cotidianas.
Posteriormente, foi a vez dos convidados participarem do debate, ocorrido de maneira virtual. Anna Turriani, psicanalista que compõe o Coletivo Margens Clínicas, trouxe à discussão perspectivas da ciência dentro do modelo capitalista. Reforçou que a psicologia ainda é trazida em caráter colonizador, principalmente no Ocidente, e que tal abordagem não acompanha o tempo em que vivemos. Termos como a branquitude e o racismo estrutural precisam ter seus “nós desatados” para que tenham seu entendimento completo e, na visão da doutoranda, melhor abordados dentro do estudo da mente.
Paulo Alberto Bueno, doutor em Psicologia Social (PUC-SP), abordou uma figura que acabou “silenciada” em meio às suas obras: Neusa Santos Souza. Com estudos e conteúdos publicados entre os anos de 1980 e 1990, a psiquiatra, já falecida, iniciou no segmento racial com o título “Tornar-se Negro”. Nos anos seguintes, muito por conta da comercialização de temas imposta pelo capitalismo, trouxe outros assuntos e, por assim, acabou fugindo do foco inicial das abordagens em estudo, já que em vida o tema da negritude era constante. Paulo completou o pensamento que tais esquecimentos devem ser combatidos de maneira óbvia: sendo lembrados, pois são necessárias novas fontes de eco dentro da Psicologia.
Fechando o trio escalado para a abertura do Congresso, Marcio Farias completou a temática trazendo a perspectiva da humanização da Psicologia. Doutorando pela PUC-SP, teceu críticas à ideia de síntese brasileira. Que o país é uma grande mistura que deu certo. Tem margem para dar, na sua visão. Mas que, para isso, o estudo da mente tem de se aliar com a luta de classes, tornando-se mais humana e menos colonizante. Reiterou que há recursos para que uma desambiguação do estudo brasileira comece a tomar forma. Pois, com a barbárie do Brasil saindo debaixo do tapete, é necessário uma nova lente, justa e democrática, para entender os “novos” problemas.
Depois da exposição das ideias e das respostas às dúvidas dos que acompanharam o debate, o 16º Congresso de Psicologia fechou seu dia de abertura com um ensaio. Robin, artista goiano e discente de Direção de Arte na UFG, mostrou seu cotidiano imerso em versos de rap e retratou as dificuldades rotineiras da periferia, além de seus momentos de alegria.
O congresso retorna já nesta quarta (16), com novo debate. O tema central para a sequência é “Se fere a minha existência, serei resistência” e contará com Livia Arrelias, Leda Mendes, Paulo Barros e Mônica Alvim à mesa de discussões.
A palestra de abertura pode ser vista aqui:
Samih Zakzak é estagiário de Jornalismo sob supervisão de Kharen Stecca e orientação de Silvana Coleta
Fonte: Secom UFG
Categorias: Humanidades FE