Icone Instagram
Ícone WhatsApp
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Inova

INOVA

Em 11/03/22 13:23. Atualizada em 11/03/22 13:23.

O papel da propriedade intelectual na internacionalização universitária

Tatiana Ertner*

O mundo vem passando por um processo gradual de globalização, que se iniciou com as grandes navegações no século XV e se intensificou com a Revolução Técnico-Científico-Informacional, no século XX. As suas motivações são diversas e direcionam as prioridades de planos estratégicos de internacionalização. É notório que a globalização, por meio do fomento às novas tecnologias e à inovação de processos é a razão para a nova organização do trabalho, da produção de bens e serviços e das relações entre nações e influenciam até culturas locais. Nenhuma comunidade está imune aos efeitos da globalização. 

Por ter suas principais bases na informação e na inovação é que a globalização se expande dependente de um processo de internacionalização que precisa ocorrer nas universidades. Muitos autores consideram que as razões para a internacionalização universitária compõem dois grandes grupos: econômicas e políticas; socioculturais e educacionais. Dessa forma, a necessidade do desenvolvimento da ciência e da educação globalizadas logo se seguiu à globalização político-econômica, também como uma forma de facilitar a globalização social. Por isso, a internacionalização universitária é uma ação que vem sendo o foco das agências de fomento à pesquisa científica e de programas de pós graduação no Brasil.

No entanto, esse é um processo dispendioso e que vem sendo promovido com mais sucesso nos países desenvolvidos que nos em desenvolvimento, de certa forma, aumentando o distanciamento entre a ciência e tecnologia produzidas nesses países.

É importante, portanto, ter ciência de que as motivações e os meios para promover a internacionalização que são eficazes em países desenvolvidos são distintos daqueles à disposição dos países em desenvolvimento, e entender que, mesmo entre eles, há diferenças importantes.

Tomando o Brasil como cenário, embora tenha-se a percepção de que o intercâmbio promovido na pós-graduação seja uma forma segura e rápida de se estabelecer vínculos que promovam a internacionalização, há que se considerar que o papel dos cursos de graduação é fundamental, lembramos que o programa Ciência Sem Fronteiras do Governo Federal compreendeu isso.

É imprescindível, portanto, ter claras as motivações para a internacionalização universitária. Como elas podem ser econômicas, políticas, educacionais, sociais e/ou científicas, a importância que se dá a cada uma dessas motivações é o que deve alimentar os planos estratégicos de internacionalização de cada instituição. Considerar que as Universidades brasileiras têm “background” locais diferentes é o primeiro passo para se estabelecer essas motivações.

Portanto, é fundamental que a universidade corretamente se identifique na linha da internacionalização, ou seja, ela tem que fazer uma avaliação séria e clara de suas capacidades de produção técnico-científica-cultural, do seu grau inicial de internacionalização, da sua região de atuação, das caracetrísticas econômico-sociais das comunidades influenciadas por ela e do ponto em que quer se encontrar após a ação de internacionalização ter se concretizado. 

Ao avaliar sua capacidade produtiva, é crucial entender os atores dessa produção e as formas de fomento que são dedicadas a essas produções. A universidade não pode se abster de avaliar seriamente as formas que tem empregado para a valorização e proteção de sua produção intelectual. Essa avaliação passa pela acurada identificação da produção, as formas empregadas para a proteção desses produtos, a gestão dos produtos intelectuais protegidos, a promoção constante de ações de conscientização da comunidade acadêmica sobre a proteção intelectual e a valorização de sua capacidade produtiva e o estabelecimento de metas relativas aos usos do portifólio intelectual. Por meio desse uso e da projeção internacional do portifólio intelectual é que também se pode promover uma eficiente e rápida internacionalização acadêmica, pois é por meio da visibilidade que se dá ao portifólio intelectual que a universidade alcança credibilidade e meios, financeiros inclusive, de promover a inserção estratégica da internacionalização nos seus processos.

Com isso, verifica-se como é importante que toda a comunidade acadêmica entenda que todo produto intelectual produzido na universidade tem valor e que esse valor é melhor canalizado quando a proteção adequada é realizada. Assim, informar a comunidade acadêmica sobre as formas de proteção e posterior uso da sua produção é uma ação fundamental e isso é o que vamos fazer nessa coluna!

Acompanhe! Interaja! Valorize seu produto intelectual!

*Tatiana Duque Martins Ertner de Almeida é professora do Instituto de Química, mantém linhas de pesquisa sobre propriedade intelectual, projetos de extensão de PI no ensino básico e coordena o curso de especialização em Prorpeidade Industrial da UFG

Categorias: colunistas IQ