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Universidade Federal de Goiás
Inova

INOVA

Em 26/04/22 15:56. Atualizada em 04/05/22 16:56.

A internacionalização construída sobre a reputação da universidade 

Tatiana Ertner*

Não há duvidas de que a comunidade contribui para com a universidade e fomenta seus planos por meio de sua produção intelectual. É por meio dessa produção que a universidade tem a possibilidade de estabelecer sua imagem e reputação, essenciais para firmar parcerias que possibilitarão qualquer plano de internacionalização universitária.

Também a inserção da universidade na sociedade ocorre principalmente por meio de seus produtos e a importância da sua influência no modo de vida dessa sociedade é medida pela reputação conferida à universidade e pelo valor que se dá ao que dela provém.

Sem dúvida a reputação da universidade está diretamente ligada às características dos produtos que entrega e será tão boa quanto a sua qualidade, diversidade e solidez.

Além disso, a boa reputação também é construída na relação que a universidade estabelece com a sociedade: se ela se ocupa de resolver os problemas apontados pela sociedade, esta entende a universidade como conexa a ela, preocupada com seu bem estar e trabalhando para a melhoria de vida da sociedade.

E assim, sem mais esforço do que o necessário para realizar seu trabalho com esmero e integridade, a universidade cria uma boa reputação, mas isso em seu meio, na sociedade que diretamente se beneficia de seus produtos. 

Obviamente, quando o interesse da universidade é expandir seus horizontes para além do alcance imediato de seus produtos, como o que ocorre em planos de internacionalização, ela precisa ter estratégias de expandir o alcance de seu bom nome e há diversas formas de fazer isso, explorando o sistema de proteção da propriedade intelectual. De um modo, pode-se explorar os recursos da proteção internacional por patentes e depositar pedidos de patentes via o “Patent Cooperation Treaty”, gerenciado pela World Intellectual Property Organization (WIPO), em que um pedido de patente pode ser depositado em outros mercados de interesse, além do nacional, de uma maneira mais tranquila. 

Mas um meio bastante interessante de fazer a reputação anteceder à percepção do produto é criando uma marca! A marca é uma forma de comunicação, que pode ser muito bem explorada para difundir os aspectos de sua reputação que a universidade quer explorar. Portanto, criar uma boa reputação exige muita dedicação ao produto, mas difundi-la será muito mais fácil através da criação de uma marca.

E o que uma universidade, que se interessa por internacionalização, gostaria de comunicar aos seus possíveis parceiros?

É muito provável que a universidade queira comunicar sua seriedade, sua tradição, mas também sua contemporaneidade e dinamismo. Queira comunicar a qualidade da ciência que produz, sua capacidade de influenciar a comunidade e também as políticas públicas, evidenciando sua inserção em diversos âmbitos regulatórios. Muitos desses aspectos só poderiam ser percebidos após uma análise minuciosa de seus produtos, tomando um tempo muito mais longo e numa abrangência bem mais reduzida do que uma marca pode fazer.

Muito cuidado, no entanto, tem que se ter à sustentação dessa reputação. Obviamente, ela se dará sobre o produto, ou seja, sobre as formas com que conduzimos o nosso trabalho diário.

Os resultados do nosso trabalho são o reflexo das nossas escolhas no percurso. Essas escolhas se relacionam à nossa conduta, à integridade acadêmica.

É consenso que a integridade acadêmica deve se pautar em valores fundamentais não negociáveis como  a verdade, a equidade, o respeito, a responsabilidade e todas elas embasadas na coragem. Quando observamos esses valores em todas as ações que programamos em direção à realização do nosso trabalho, então, a conduta a ser seguida estará corretamente traçada.

No decorrer das atividades, quando não nos atentamos para as questões da integridade acadêmica, estamos sujeitos a incorrer em situações que podem afetar o resultado do nosso trabalho, diminuindo sua qualidade, como plágio, autoplástico, fatiamento do trabalho, falta de reprodutibilidade e, muitas vezes, conflitos de interesses. Esses últimos, podem ser especialmente danosos quando temos o foco da produção intelectual como fim de alavancar planos de internacionalização universitária. 

Esse problema é mais corriqueiro ao final do trabalho acadêmico, em que um produto é obtido, mas os parceiros não discutiram previamente as formas de comunicação ou de exploração desses produtos e não chegam a um acordo. Por exemplo, se um dos parceiros deseja depositar um pedido de patente e o outro deseja comunicar em um artigo científico e não houve uma discussão prévia dos interesses conflitantes, então, pode não haver um acordo e o produto perde impacto. Uma previsão antecipada dos possíveis produtos e a conversa aberta sobre as intenções dos parceiros pode resolver esses impasses antes mesmo  que eles surjam. Além do mais, a maioria dos produtos que geram patentes podem também gerar publicações científicas, bastando apenas ter uma estratégia estabelecida. 

Então, é fácil compreender que quando dedicamos tempo para o desenvolvimento correto de todas as etapas do nosso trabalho, prevendo as colaborações, os resultados e os diferentes produtos que podemos obter, estamos fortalecendo nossa propriedade intelectual e colaborando diretamente para a fortificação da reputação da universidade.

Dessa forma, a propriedade intelectual gerada pode ser usada para impulsionar os diversos planos da universidade, contando com nossa colaboração individual.

Nem sempre as questões relativas à integridade acadêmica são óbvias e podemos contar sempre com a orientação da universidade. A nossa UFG conta com o Comitê de Integridade Acadêmica, o CIA, que tem o papel de colaborar com a educação como meio de prevenção à má conduta acadêmica. O Comitê é abrigado na Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) e é acessível a qualquer um que busque por informação.

O mais importante é que nos mantenhamos atentos à conduta acadêmica e cientes de que nossas escolhas alavancam e garantem a qualidade e o impacto que nosso trabalho tem no mundo. Com isso em mente, estaremos sempre observando o pensamento íntegro e as melhores condutas na construção do nosso trabalho e do nosso saber!

Tatiana Duque Martins Ertner de Almeida é professora do Instituto de Química, presidente do Comitê Interno de Internacionalização do IQ, mantém linhas de pesquisa sobre propriedade intelectual, projetos de extensão de PI no ensino básico e coordena o curso de especialização em Propriedade Industrial da UFG

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom ufg

Categorias: colunistas IQ