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Universidade Federal de Goiás
Primeira professora com down

Primeira professora auxiliar com Síndrome de Down do Brasil fala sobre inclusão

Em 04/07/22 11:36. Atualizada em 05/07/22 10:15.

Curso de Pedagogia do Câmpus Goiás trouxe a professora, pioneira da educação inclusiva

Luana Cardoso*

Os relatos de resistência e transformação vivenciados por Débora Araújo Seabra, a primeira professora com síndrome de Down no Brasil, foram o tema principal da palestra “Inclusão social e educacional: diálogos sobre luta e resistência”. A professora, que leciona há 17 anos para crianças do ensino fundamental I em Natal (RN), e sua mãe, Margarida Araújo Seabra, são exemplos de luta e resistência e contaram sua trajetória no evento que aconteceu na última sexta-feira (01/07) e pode ser acessado pelo canal oficial da UFG no Youtube

A palestra foi organizada e mediada pelo curso de Pedagogia do Câmpus Goiás (CG) da Universidade Federal de Goiás (UFG). A professora do primário e sua mãe revezaram nas falas para contar suas histórias e experiências em relação à inclusão e conhecimento sobre a síndrome, que há muitos anos atrás era considerada uma doença. 

Durante sua trajetória profissional, até se tornar professora reconhecida, Débora passou por discriminação entre os próprios colegas da área, mas aprendeu a se impor e ir atrás do que acreditava. “Eu não desisto dos meus próprios sonhos, porque eu vim para cá para estudar e para terminar o meu curso todo e para ser excelente professora”, relatou a primeira professora auxiliar com Síndrome de Down no Brasil ao narrar os fatos dos primeiros anos de magistério, quando era excluída no ambiente de trabalho.

A trajetória profissional e de resistência teve tanto sucesso que Débora terminou o curso de magistério, se apaixonou pela educação e hoje trabalha como professora na mesma escola em que estudou. Há 17 anos atuando na profissão, a professora já recebeu inúmeras homenagens e prêmios, como o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação, premiação concedida pela Câmara a pessoas ou entidades que trabalham na defesa e na promoção da educação no Brasil e foi inspiração de um personagem do cartunista Maurício de Souza.

A mãe de Débora, Margarida, parceira de vida e de jornada para inclusão, lembrou que a discriminação e os preconceitos, muitas vezes, começam dentro da própria família. Relatou que quando recebeu a notícia de que a filha seria uma criança com Down teve medo, pois, naquela época, a síndrome era vista como sinônimo de incapacidade. “A perplexidade foi tão grande no episódio de nascimento dela, que eu desejei que ela morresse ainda na maternidade, porque eu tinha medo dela, muito medo. Depois eu fui entender, mais adiante, que eu não queria a morte da filha, eu queria o milagre da morte da síndrome”, conta a procuradora de justiça aposentada. 

A partir do nascimento de Débora, Margarida e o marido buscaram por alternativas para que a filha tivesse o melhor desenvolvimento e formação possíveis. “Por ser da área jurídica, eu passei a ser desafiada a procurar pelos direitos das pessoas com deficiência”, afirma. Juntos, Margarida e o marido foram pioneiros na luta pelo enfrentamento do preconceito e falta de recursos na cidade onde moravam. Ajudaram a desenvolver programas de inclusão nas escolas, na formação de equipes multidisciplinares para o atendimento de crianças com deficiência e necessidades especiais e desenvolveram metodologias de ensino. 

Apesar das situações de discriminação e maus-tratos sofridos por Débora durante os anos de profissão, ela soube se colocar e reagir em prol das mudanças. “Essa filha que me deu tanto susto, que me amedrontou tanto, é quem me apazigua hoje, é minha companheira, minha amiga”, finalizou Margarida ao se referir à filha, que hoje, é símbolo de transformação.

*Estagiária de Jornalismo sob supervisão de Kharen Stecca e orientação de Silvana Coleta

Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades