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Universidade Federal de Goiás
hepatites

Julho Amarelo mês sobre a conscientização das Hepatites Virais

Em 28/07/22 17:11. Atualizada em 28/07/22 17:14.

Saiba como se prevenir e conheça a história da profª. Regina Maria Bringel Martins uma das precursoras nos estudos de hepatites virais no estado de Goiás

Elas podem se manifestar de forma silenciosa ou não, tontura, mal-estar, enjoo, dor abdominal, pele e olhos amarelados e  urina escura são alguns dos sintomas de um quadro de hepatite, doença que atinge o fígado e que pode causar alterações leves, moderadas ou graves. Graças à evolução da ciência e de estudos de pesquisadores até o momento, foram identificados cinco vírus causadores das  hepatites virais designados por letras do alfabeto de A até E. Segundo o Ministério da Saúde  no Brasil, as hepatites mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo mais frequente  na África e na Ásia.

De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, no período de 2010 a 2014, a taxa de incidência de hepatite A no Brasil apresentou pouca variação e após esse período mostrou queda expressiva, atingindo 0,2/100 mil habitantes em 2020. As taxas de hepatite B apresentaram discreta tendência de queda anual até 2019, com diminuição importante nas notificações no último ano, chegando a 2,9/100 mil habitantes. As taxas de detecção de hepatite C eram menores que as de hepatite B até 2015, ano em que houve a mudança de definição de caso de hepatite C para fins de vigilância epidemiológica, e a partir de então tornaram-se maiores que as de hepatite B. Todavia, também se observa uma queda importante da taxa de detecção da hepatite C em 2020, devido à diminuição das notificações de casos

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a cada ano, há 10 mil novas infecções por hepatite B, causam uma média de 23 mil mortes. Quanto à hepatite C, estima-se aproximadamente 67 mil novas infecções a cada ano e 84 mil mortes. E para reforçar a importância e conscientização, a OMS declarou o dia 28 de julho, como o dia mundial de luta contra Hepatites Virais, e como a informação é a melhor forma de prevenção, conheça um pouco sobre as Hepatites A, B e C e saiba como se prevenir:

 

Hepatite A

É uma infecção causada pelo vírus da hepatite A (HAV) e pertence à família Picornaviridae. Ele se replica no fígado, é excretado na bile e eliminado nas fezes, a principal via de transmissão é fecal-oral, ou seja, ingestão de água e alimentos contaminados. 

A doença tem grande relação com alimentos ou água contaminada, consequentemente os baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal corroboram para a infecção. Outras formas de transmissão são os contatos pessoais próximos e os contatos sexuais (especialmente em homens que fazem sexo com homens – HSH). 

O diagnóstico é realizado por exame de sangue. A  principal medida de prevenção contra a hepatite A é a vacina, que inclusive faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos, ou seja, 4 anos, 11 meses e 29 dias). 

O Ministério da Saúde, em seu último boletim epidemiológico sobre as  Hepatites virais, divulgado em 2021, mostra que no  Brasil, os casos de hepatite A concentram-se, em sua maioria, nas regiões Norte e Nordeste, que juntas reúnem 55,4% de todos os casos confirmados no período de 1999 a 2018. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste abrangem 17,7%, 15,4% e 11,2% dos casos do país, respectivamente. 

Hepatite B

O vírus da  hepatite  B (HBV)  é classificado na família Hepadnaviridae. Ela também agride o fígado e está presente no sangue e secreções. O HBV é ainda classificado como uma infecção sexualmente transmissível. Aproximadamente 5% a 10% das pessoas adultas poderão desenvolver uma infecção crônica pelo HBV, podendo  desenvolver cirrose e ou câncer de fígado.

A prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é possível com mudanças comportamentais referentes ao risco de transmissão parenteral, como o não compartilhamento de objetos cortantes de higiene pessoal (escova de dente, lâmina de barbear, alicates de unha, dentre outros) e de seringas/agulhas, além da triagem para o HBV nos bancos de sangue e o esclarecimento sobre a impossibilidade de portadores da Hepatite B  e daqueles que tiverem em risco recente de infecção de doarem sangue, órgãos, tecidos ou sêmen. Relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada, a confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança também são meios de transmissão do HBV.

Segundo a OMS, apenas cerca de 18% das pessoas que vivem com hepatite B foram diagnosticadas e dessas, apenas 3% estão recebendo o tratamento. O diagnóstico é  feito por meio de testes sorológicos capazes de detectar a presença dos marcadores específicos, como antígenos (HBsAg e HBeAg) e anticorpos (anti-HBs, anti-HBe e anti-HBc), bem como pela pesquisa do DNA viral utilizando técnicas da biologia molecular. Após o resultado positivo e confirmação, o tratamento será realizado com antivirais específicos. Atualmente, os  tratamentos disponíveis não curam a infecção pelo HBV, mas podem retardar a progressão da cirrose, reduzir a incidência de câncer de fígado e melhorar a sobrevida em longo prazo. 

A triagem sorológica em gestantes é recomendada no Brasil, e faz parte do programa de pré-natal como item da lista dos chamados “Testes da Mamãe”, bem como a profilaxia em recém-nascidos de mães HBsAg reagentes.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B. O SUS disponibiliza a vacina nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para todas as pessoas, independentemente da idade. Caso você não tenha sido vacinado ou não tenha feito as três doses da vacina, procure a UBS mais perto de você.

Hepatite C

O vírus da hepatite C (HCV) pertence ao gênero Hepacivirus, da família Flaviviridae. A infecção pelo HCV pode induzir um  processo infeccioso e inflamatório que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Novas estimativas da OMS mostram que  a hepatite C  causa a cada ano 67 mil novas infecções e 84 mil mortes, e que cerca de 22% das pessoas cronicamente infectadas por hepatite C foram diagnosticadas e apenas 18% delas estão recebendo o tratamento.  A maior prevalência de hepatite C está entre pessoas que têm idade superior a 40 anos, sendo mais frequentemente encontrada nas regiões Sul e Sudeste do país. Pessoas submetidas a hemodiálise, privados de liberdade, usuários de drogas e pessoas vivendo com HIV são exemplos de populações mais vulneráveis à infecção pelo HCV.

A prevenção do HCV também é possível com mudanças comportamentais referentes ao risco de transmissão parenteral, como o não compartilhamento de objetos cortantes de higiene pessoal, como também  é no caso da Hepatite B. A transmissão do HCV pode acontecer por contato com sangue contaminado, pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de drogas, reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos e procedimentos médicos invasivos sem os devidos cuidados de biossegurança;

Em geral, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica. Normalmente, o diagnóstico ocorre após teste rápido de rotina ou por doação de sangue. Esse fato reitera a importância da realização dos testes rápidos ou sorológicos, que apontam a presença dos anticorpos anti-HCV. Mas a hepatite C tem cura utilizando  antivirais de ação direta (DAA) que revolucionaram o tratamento da hepatite C, possibilitando a eliminação da infecção. Todas as pessoas com infecção pelo HCV podem receber o tratamento pelo SUS. Não há vacina contra a hepatite C, portanto, para evitar a infecção, não  compartilhe  com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue, como seringas, agulhas, alicates, escova de dente e etc. Usar preservativo nas relações sexuais, não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas e mulheres grávidas precisam fazer exames para detectar as hepatites B e C, o HIV e a sífilis.

História

Considerada como uma das precursoras dos estudos das hepatites a professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), Regina Maria Bringel Martins, formada em Farmácia Bioquímica pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em 1981, tem mais de 40 anos dedicados aos estudos e à ciência.

Ela conta com muito entusiasmo que viu a evolução da descoberta e o tratamento da hepatite C. “Quando eu comecei, não imaginava que teríamos a cura para algumas das hepatites. Quando a hepatite C foi descoberta, em 1989 graças às técnicas de biologia molecular, eu iniciei em 1992 o meu doutorado em microbiologia sobre a soroepidemiologia da infecção pelo vírus da hepatite C em grupos populacionais de Goiânia, ou seja, de lá até aqui, muito foi desvendado. O primeiro tratamento  eficaz contra essa infecção chegou ao público em 1993, que eram as injeções de interferon, hoje já possuímos os antivirais altamente eficazes , (...) e se formos parar para pensar, foi um período até curto, da descoberta do vírus  ao tratamento”, conta Regina Bringel. A professora possui centenas de artigos publicados e foi orientadora de inúmeros trabalhos de mestrado e doutorado, onde muitos estão relacionados às hepatites virais.

PROFESSORA Regina Maria Bringel
Professora, Regina Maria Bringel Martins do IPTSP

 

A virologia sempre fez parte da história do IPTSP, em 1962 o instituto era chamado de  Instituto de Microbiologia, Parasitologia e Virologia, e ao final da década de 1980 quando IPTSP ainda era denominado de Instituto de Patologia Tropical (IPT), foram criados cinco setores, dentre eles o departamento de Microbiologia que  compreendia  as áreas de Bacteriologia, Micologia e Virologia. O  resgate histórico foi necessário para contextualizar sobre o início dos estudos das hepatites virais - Regina Maria Bringel fala que em 2001 o instituto foi sede do XXII Encontro Nacional de Virologia e VI Encontro de Virologia do Mercosul no qual trabalhou e coordenou com a professora emérita Divina das Dôres de Paula Cardoso que também e  possui estudos sobre os  vírus causadores de hepatites. A docente Regina Maria Bringel foi subchefe e chefe do departamento  de Microbiologia e do departamento de Microbiologia, Imunologia, Parasitologia e Patologia do IPTSP entre os anos de 1995 e 1999; Ela também ocupou a vice-diretoria e coordenação de graduação entre os anos 2000 e 2003 e a  direção do IPTSP de 2006 a 2014. Atualmente, a professora ministra aulas no IPTSP nos programas de pós-graduação  e na graduação no instituto. 

 

 Linha do tempo - Hepatites Virais

Fonte: Secom UFG

Categorias: Saúde IPTSP