O dicionário Michaelis define o substantivo feminino paralaxe enquanto um “deslocamento aparente de um objeto, quando se muda o ponto de observação”. É dessa forma que o coordenador do projeto, Prof. Dr. Odinaldo da Costa Silva (45) do curso Artes Visuais - Bacharelado, também concebeu o projeto.

Segundo Odinaldo, o projeto de ensinoParalaxe - processos e procedimentos em fotografia“consiste em um acompanhamento para estudantes do curso de Artes Visuais que tem interesse pela linguagem fotográfica e pretendem investir na prática e experimentação com essa linguagem”, escreve o professor. O mergulho nos processos relacionados à fotografia traz outras perspectivas do conceito construído a partir do significado de “escrita com a luz”.

O projeto Paralaxe nasceu em 2020 no contexto da disciplina de Fotografia, ministrada pelo professor Odinaldo. Na ocasião, as atividades aconteciam no formato de ensino devido à pandemia ocasionada pelo vírus SarS-CoV-2, o coronavírus. Contudo, apesar da execução da matéria, Odinaldo afirma que

“Esse modo emergencial limitou um pouco a prática da fotografia e tirou o brilho do processo ensino-aprendizagem presencial. Partindo desse fato, resolvemos focar nosso interesse pela linguagem fotográfica em um projeto de ensino que nos provocasse a fotografar”

Dessa forma, somente com a volta das atividades presenciais de ensino na UFG em maio de 2022 é que foi possível a realização das ações presenciais. É na presença do outro que pode-se potencializar o desejo de “conhecer, aprender e praticar a fotografia analógica”, afirma o fotógrafo e doutor em Artes pela UERJ.  

Ainda que o Paralaxe seja uma iniciativa do curso de Artes Visuais - Bacharelado, os estudantes do curso de Artes Visuais - Licenciatura podem fazer parte do projeto de ensino. Para isso, basta ter o “desejo de experimentar e praticar a linguagem fotográfica”, escreve Odinaldo.

Contudo, o acesso ao projeto é limitado à quantidade de equipamentos disponíveis para a realização das atividades. O coordenador explica que essa limitação se deve à "escassez de equipamentos que temos na FAV. Não conseguimos, no momento, ter um grupo de mais de 10 estudantes”.

Além dos aspectos práticos e conceituais relacionados à fotografia analógica, Odinaldo explica que o aprimoramento dos membros do projeto pode capacitá-los enquanto possíveis “multiplicadores dos conhecimentos acerca da fotografia” e complementa com a expectativa de “que esse aprendizado siga para a carreira profissional dos envolvidos”, finaliza.

A primeira incursão das e dos membros do projeto pôde ser verificada na exposição Transitus já finalizada e que se deu entre os dias 04 e 12 de julho de 2022 no ExpoLab da FAV. Porém há outras ações planejadas para o segundo semestre deste ano.

A proposta consiste na realização de um projeto de extensão noCentro de Ensino em Período Integral (Cepi) Lyceu de Goiânia. O prof. Odinaldo conta que será realizada uma “ação fotográfica no colégio e em seguida realizar duas mostras fotográficas, uma no próprio Lyceu (seguida de uma roda de conversa sobre o processo) e uma no ExpoLab, na FAV”.

Exposição Transitus
por Badu

O efeito paralaxe é definido como sendo a diferença na posição de determinados objetos quando esses são observados em diferentes faixas de visão. Mesmo sendo amplamente difundido no campo da astronomia no estudo dos deslocamentos de corpos celestes, essa definição é também empregada dentro da fotografia, compreendendo-se numa dinâmica de desvio, distorção ou alteração daquilo que é visto através do visor de alguns modelos de câmeras analógicas.

A primeira formação do projeto em questão foi constituída por sete discentes do curso de Artes Visuais localizados em diversos períodos do curso e atravessados pela fotografia em múltiplas abordagens. Nesse primeiro momento do projeto foram desenvolvidas relações de aprendizado com a fotografia analógica, de forma que todos os trabalhos desenvolvidos nessa etapa se nutrem da eternidade de filmes 35mm.

Desse modo, a exposição TRANSITUS apresentou os processos iniciados em diversas incursões realizadas entre março e abril deste ano. Uma vez munidos de filmes fotográficos de 36 poses, os olhares dos participantes do Paralaxe capturaram as particularidades, situações e detalhes do cotidiano que por vezes fogem às vistas desatentas, e assim; sombras, reflexos, folhagens, fios e arquiteturas são postos sob as lentes de modo a observar essas condições dos espaços em suas dinâmicas de manifestação. Foram os e as artistas participantes dessa exposição; Arthur Leal Monteiro,Badu (Emmanuel Felipe),Giulianna Vitto,Luminismo (Luiza Maria), Nicolas Montefusco,Pedro Lucas Menezes,Thaysa Alarcãoe Odinaldo Costa.