Janyelle da Mata

O câncer de mama é a doença que mais mata mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Durante os dois anos de pandemia, houve uma redução de 51% no número de mamografias em Goiás e 45% no Brasil, segundo o DATASUS. Para agilizar o diagnóstico precoce no Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiânia e região, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG/Ebserh) passou a oferecer o serviço de mamografia contrastada na quarta-feira, (7/07). 

Em 2020, o DATASUS registrou 50.100 mamografias no estado de Goiás, uma redução de cerca de 44.300 exames, em comparação com 2019. Segundo o professor da Faculdade de Medicina (FM-UFG) e coordenador do Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (Cora), Ruffo de Freitas Júnior, houve um aumento de 7% no diagnóstico de casos avançados de câncer de mama. “É certo que em um futuro próximo, isso deve repercutir em termos de aumento da mortalidade causada pela dificuldade de acesso aos exames de prevenção durante a pandemia”, afirmou. 

O professor explica que a realidade do HC é a mesma de outros hospitais do SUS, em relação à mamografia. Mesmo com o relaxamento das medidas sanitárias contra a covid-19 em 2021, a recuperação do número de mamografias foi lenta, ficando abaixo da média. Diferente da experiência de clínicas privadas, que um ano após o início do coronavírus já haviam equiparados os números. O número voltou a aumentar no SUS de Goiás em 2022. Segundo o DATASUS foram realizadas aproximadamente 42.400 mamografias no primeiro semestre do ano.  

Mamografia contrastada

A mamografia convencional consiste na obtenção de Raio-x da mama para análise, e pode falhar, não conseguindo revelar lesões no tecido no estágio inicial em até 20% dos cânceres, segundo o professor. A ressonância magnética e a mamografia de contraste são avanços tecnológicos, expondo fluxos sanguíneos anormais no seio. “O exame permite identificar alguma área que tenha um diferente fluxo de sangue, permitindo a identificação de lesões e alterações que antes não poderiam ser visualizadas em mamografia convencional”, conta Ruffo. 

Assim como outros exames de imagem, a ressonância magnética também tem algumas restrições. Pacientes que portam válvulas ou marca-passos são contraindicadas para esse método. Além disso, o professor explica que não há ressonância magnética da mama no SUS, ficando restrita apenas ao tórax. Sendo assim, é de grande avanço a disponibilidade da mamografia contrastada como parte do acompanhamento de câncer de mama do Cora-HC/UFG. “Permitirá um diagnóstico mais preciso e a possibilidade real de identificar lesões que não são vistas em mamografias convencionais”, afirma. 

O aparelho utilizado para a mamografia de contraste é inteiramente digital. A verba para a aquisição da máquina e para o treinamento de profissionais qualificados veio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Para o exame disponível no HC-UFG, é necessário a utilização de contraste, para que seja possível a análise do fluxo de sangue no interior da mama das pacientes. Aumentando a probabilidade de descoberta precoce do câncer. 

Prevenção é fundamental

O câncer de mama tem uma taxa de recuperação de 95% em casos de diagnóstico precoce, segundo Ruffo. A localização de lesões iniciais só é possível com exames de imagem. O professor explica que a rapidez no diagnóstico proporciona ao paciente tratamento adequado e com menor mutilação; a chance de cirurgia com preservação da mama; e diminuição da probabilidade de quimioterapia. “O diagnóstico precoce diminui os gastos financeiros do paciente”, conta.

O Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (Cora-HC/UFG) atende exclusivamente pelo SUS. O acesso é pelas Unidades de Atendimento SUS que marcam as consultas por meio do gerenciamento de setor de agendamento de consultas e regulação da Secretaria de Saúde do município de Goiânia.

Acesse para saber como utilizar as Unidades de Atendimento SUS: https://saude.goiania.go.gov.br/sobre-a-secretaria/consultas-sus/