O noivo, Cristiano Kochhann, está internado no Hospital das Clínicas da UFG há dois meses para tratamento de uma doença grave. O desejo de se unir em matrimônio com Eliane já estava nos planos do casal para o ano de 2023, mas diante do diagnóstico da doença, Cristiano e Eliane decidiram se casar ainda em 2022. Para atender ao pedido do casal, a Comissão de Cuidados Paliativos do HC-UFG, em parceria com o Grupo de Trabalho de Humanização e o apoio de outros profissionais da instituição, como também de voluntários, organizaram a cerimônia.

Com direito a mesa com bolo e docinhos, música na entrada da noiva, padrinhos, convidados e o registro da cerimônia por uma fotógrafa profissional, os noivos receberam as bênçãos dos segmentos espírita, católico e evangélico e se casaram perante a juíza de paz Suzy Kerlly Silva de Espíndola Almeida e a escrevente Yara Pio Ramos, do 3º Cartório de Registro Civil de Goiânia, que celebraram o casamento civil.

“Desde que a gente se conheceu, foi tudo muito instantâneo. Foi um sentimento, um relacionamento como eu nunca vivi antes. Acredito que a nossa história daria para fazer um filme ou escrever um livro, porque é tudo muito intenso. A gente tinha planejado nosso casamento para o ano que vem, mas ele ficou doente, então achamos melhor antecipar, pois a gente só vive junto agora. Ele morava em Cachoeira de Goiás e eu aqui em Goiânia. Ele tinha planos de vir pra cá, mas Deus organizou e antecipou essa vinda dele para Goiânia”, relatou a noiva, Eliane Souza, que é professora e reside em Goiânia.

O noivo, Cristiano Kochhann, que trabalhava como operador de máquinas na cidade de Cachoeira de Goiás, a 170 quilômetros de Goiânia, conta que conheceu Eliane durante a inauguração de um empório do tio dele. “A gente se conheceu e logo começamos a namorar. Tem seis meses que a gente namora. A gente ia esperar completar um ano pra gente se casar, mas com eu fiquei sabendo da minha doença, e pensando tanto nela como em mim, e pra deixar ela amparada, eu decidi chamar ela pra casar antes...”, contou. “Ela me ajuda muito, ela está aqui comigo todos os dias. É ela que me fortalece. Por isso, eu quero me casar com ela pra gente viver juntos o resto da vida”, declarou Kochhan momentos antes da cerimônia.

A mãe do noivo, a senhora Maria Patrícia Manoela de Jesus, que é evangélica, deu a benção ao casal e deixou uma mensagem de fé e esperança. “Mesmo que muitos possam dizer “pra quê casar se ele está com essa doença e pode ser terminal? Para Deus nada é terminal. Ele que dá a palavra final. Meu filho já havia decidido se casar, que fosse aqui ou lá fora, mas o hospital acolheu a ideia dele, de maneira muito generosa e gratificante, e fez esse evento. Então, eu fico muito feliz, muito mesmo de estar aqui e poder dar a benção para ele como mãe, como serva de Deus e saber que eles serão felizes para sempre”. O enfermeiro Eric Benchimol Ferreira deu a benção como representante do segmento espírita e o Frei Ronaldo Alves da Silva, da Paróquia São Francisco de Assis, deixou a mensagem do segmento católico e abençoou o casal.

O médico geriatra e paliativista, Ricardo Borges, que coordena a Comissão de Cuidados Paliativos do HC-UFG/Ebserh, salientou a importância para o paciente e os familiares de ações como essa. “A vida continua, apesar de uma doença grave. Os cuidados paliativos, além de aliviarem os sintomas de sofrimento, ajudam o paciente e os familiares a se adaptarem à nova realidade imposta pela doença. As instituições e os profissionais de saúde precisam compreender que o cuidado não é só físico, mas mental, social e espiritual”.

Tratamento no HC-UFG

Cristiano começou a se sentir mal no dia 7 de setembro, quando veio passar o feriado em Goiânia com a namorada. Eliane o levou a um Cais e de lá ele foi levado para um hospital da rede pública de Goiânia. “Me levaram para um hospital achando que eu tinha infartado, mas chegando lá, depois que fizeram os exames, viram que não era infarto e então eu consegui a vaga no HC”, relatou. Com a confirmação do diagnóstico, Kochhan foi encaminhado para o HC-UFG, onde está internado para o tratamento da doença.

Após a cerimônia, Cristiano Kochhann ganhou de presente uma alta hospitalar temporária e pode ir para casa passar alguns dias de lua-de-mel junto de sua esposa. Ele retornou para o HC na quinta-feira, 10, para retomar o tratamento.

Agradecimentos

Diante de tamanha felicidade, o casal agradeceu a todos que colaboraram para a concretização do sonho de se casarem: Arlene Barcelos, enfermeira do HC-UFG e tia da noiva, e a amiga Maria Ladjane, que fizeram a ornamentação da capela e doaram os docinhos e bem-casados; Patrícia Martins Ferreira, terapeuta ocupacional, que doou as flores pra enfeitar a capela; Thais Brisolla Silva, fotógrafa que fez o registro fotográfico do casamento e doou as fotos digitais para o casal; Amanda de Oliveira Cardoso, nutricionista, doou o bolo; Márcia Beatriz emprestou os forros que ajudou enfeitar a capela.

E agradeceram também à equipe médica (Dr. Cássio, Dr. Ricardo Borges e residentes), equipe de enfermagem e equipe de apoio. Todos contribuíram com muito carinho.

“Foi muito emocionante ver minha sobrinha se casando com o homem que ela ama, no hospital onde trabalho há quase 30 anos. E tenho certeza de que a dedicação e carinho dos profissionais são gotas de esperança neste momento tão difícil na vida deles. Gratidão!", afirmou Arlene Barcelos.

Fotos por Thais Brisolla Silva