Kharen Stecca

“Temos um sistema grande, como pessoas extremamente qualificadas, mas é preciso desamarrar esse sistema de forma a aumentar o impacto da pesquisa na sociedade”, essa foi uma das constatações do Sociólogo Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE, que realizou a palestra de encerramento do 19º Conpeex. O evento  terminou na tarde do dia 25 de novembro com o tema da palestra de encerramento “A Ciência brasileira no bicentenário da Independência”. O professor traçou um histórico das instituições e planos que formaram a produção científica no Brasil e fez apontamentos de lacunas que precisam ser questionadas e repensadas para que a ciência chegue à sociedade de forma efetiva.

O pesquisador destacou dados da pesquisa do país como o crescimento do número de artigos em bases de dados internacionais, o investimento em ciência em relação ao PIB e a qualidade dos programas de pós-graduação. No entanto, ele acredita que há muita dificuldade de transferir para aplicações o conhecimento produzido, mas que essa dificuldade existe até mesmo em países com uma ciência bastante desenvolvida: “É que essa transferência não é um processo linear”, ressalta. 

Ele destacou algumas características comuns de países com grande desenvolvimento científico: investimento em educação pública, economistas focados em estudos sobre a educação, uma economia competitiva internacionalmente e relação da pesquisa com a área militar.

Para o professor, o sistema de pós-graduação que se confunde com a pesquisa, que é o modelo brasileiro, não é o mais interessante, pois acaba focando mais na qualificação profissional do que na produção de pesquisas. Ele também considera que a pós-graduação tem uma regulação muito forte no país e pouca ligação com as empresas, e que isso precisa mudar para melhorar a qualidade da pesquisa produzida e a transferência para o mercado.