Professora da UFG lança dicionário da língua Noke Koi do Acre
Obra é resultado de mais 30 anos de vivência de Maria Sueli de Aguiar com a comunidade indígena de Tarauacá
Carolina Melo
O dicionário bilíngue Noke Koĩ-Português/Português-Noke Koĩ foi lançado oficialmente hoje na Universidade e contou com a presença de docentes, acadêmicos e da gestão superior. Em formato de e-book e com acesso livre, a obra é resultado de pesquisas realizadas pela professora da Faculdade de Letras (FL) da UFG, Maria Suelí de Aguiar, desde 1984. Tanto o dicionário quanto o livro impresso Noke Koĩ (Katukina) Pano, que apresenta a gramática da língua, foram lançados para a comunidade acadêmica no hall do bloco Bernardo Élis da FL, onde, até o dia 6 de maio, fica instalada a exposição fotográfica “Processos e vivências”, com os registros da pesquisadora desde o início dos seus estudos até a entrega do dicionário em uma versão impressa, bem como dos computadores doados pela UFG, para a etnia.
Ao ter contado pela primeira vez com o povo Noke Koi, antes conhecidos como Katukinas, quando ainda era uma estudante de graduação da Unicamp, Maria Sueli de Aguiar iniciou os estudos linguísticos da etnia com o objetivo de auxiliar na produção de materiais didáticos e, assim, contribuir para valorizar a cultura tradicional. Ao longo de sua imersão na comunidade, a primeira dificuldade que encontrou foi em relação à adequada identificação do nome do grupo indígena. “Normalmente, quando a gente chega em uma comunidade, a gente não pergunta qual o nome deles, já pressupomos que sabemos. Se perguntarmos, eles vão dizer outro nome, diferente daquele que conhecemos”. Segundo a professora, esse foi o caso do grupo indígena que habita as terras do noroeste do Acre, mais precisamente no rio Gregório, no município de Tarauacá, que em 2013 decidiu adotar definitivamente o nome Noke Koi.
Durante o evento de lançamento, além de resgatar sua experiência de mais de 30 anos com o povo Noke Koi, a professora Maria Sueli de Aguiar também relembrou os parceiros da Universidade que viabilizaram a concretização do projeto de publicação do dicionário e do livro impresso. Nesse sentido, a pesquisadora deu especial destaque para o trabalho realizado pelo Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (Ciar), agradecendo o trabalho em nome da professora Ana Bandeira, assim como para o apoio do ex-reitor da UFG, Edward Madureira, na entrega de computadores da UFG para a comunidade indígena, e da atual gestão ao longo do lançamento dos produtos.
O pró-reitor de Graduação, Israel Trindade, destacou a relevância da divulgação e lançamento das obras no momento em que se ganha luz a difícil realidade enfrentada pelos povos Yanomami. “Esse lançamento é uma resposta da Universidade em defesa da cultura, da língua e dos povos indígenas”, afirmou.
O vice-reitor Jesiel Carvalho valorizou o trabalho que vem sendo realizado pela Faculdade de Letras (FL) com as línguas das comunidades indígenas e que, consequentemente, reflete na Licenciatura Intercultural da UFG. “Estão entre os projetos acadêmicos de maior destaque que existem na UFG. São ações diferenciais, assim, que distinguem a UFG no cenário nacional e internacional”, afirmou. Sua fala também se somou ao do pró-reitor de Graduação ao afirmar sobre a relevância do lançamento das obras da professora Maria Sueli num momento em que ganha destaque os ataques sofridos pelos povos originários no Brasil.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Humanidades