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Universidade Federal de Goiás
Influencer

Influencers digitais reafirmam padronização da beleza, segundo pesquisa da UFG

Em 07/03/23 09:58. Atualizada em 07/03/23 09:59.

Estudo mostra repetição de padrões estéticos corporais por meio dos influenciadores digitais

Jayme Leno (Foto de capa: Freepik)

Influenciadores digitais são personalidades midiáticas que se promovem por meio das redes sociais, como o Instagram, tornando-se ídolos contemporâneos. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) constatou que esses influencers contribuem para promover e vender um padrão de beleza perpetuado há décadas, que limita a autonomia de escolha dos sujeitos e induz a um ciclo lucrativo para as empresas. O estudo foi realizado por Luciano Campos de Amaral no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF) da Faculdade de Educação Física e Dança (FEFD).

De acordo com o estudo, o setor comercial utiliza elementos culturais para estimular o consumo de produtos. Os influenciadores digitais são os elementos da atualidade com capacidade de influenciar milhares de indivíduos nas suas decisões de compra. Luciano ressalta que “a indústria cultural tende a reforçar um indivíduo consumista e muitas vezes acrítico". Ou seja, o mercado capitalista tenta induzir a decisão de compra a partir da construção de um sujeito ideal projetado pela padronização estética. Para isso,  utiliza fatores da vida cotidiana, como a atividade física e o lazer, para manter o sujeito ligado o tempo todo e sem tempo para pensar.

O estudo  teórico-bibliográfico de Luciano utiliza a teoria crítica da Escola de Frankfurt, com foco no autor Theodor W. Adorno, para compreender o papel dos influenciadores digitais na sociedade de consumo. O pesquisador acompanhou quatro perfis de influenciadores do Instagram, de janeiro a abril de 2022, para referenciar a discussão teórica. De acordo com o estudo, os influenciadores trazem dicas de moda, saúde e estética, sem terem formação nas áreas, e, assim, produzem uma falsa formação cultural, que contribui para a venda de um padrão estético de consumo.

De acordo com a pesquisa, esses personagens midiáticos prestam melhor que ninguém um fetichismo de liberdade/desejo a ser conquistado. “Os influenciadores das redes sociais, vendem um corpo, um estilo de vida saudável e atlético que desperta uma familiaridade ideológica, onde nos vemos alcançando esse objetivo também”, afirma Luciano. Contudo, existem vários fatores por trás das telas que não são repassadas aos seus seguidores, como os procedimentos estéticos utilizados para manter esse padrão que vendem, além de uma situação financeira que permite levar esse estilo de vida saudável, com profissionais adequados.

O debate levantado pela pesquisa é a de que as pessoas têm a tendência a dar mais importância às coisas que elas usam, consomem e possuem do que a sua real finalidade. “O status de posse é mais importante do que a própria alimentação”, afirma o pesquisador. Ele acrescenta a importância de se buscar a autonomia de pensamento para evitar as seduções midiáticas que possuem apenas a finalidade de lucrar. 

Autonomia

Luciano destaca textos, como de Adorno, “Educação e Emancipação", que discutem o perfil de uma sociedade que tende a agir a partir de um comportamento de rebanho e que reflete na perda do poder de escolha. A relevância científica do trabalho, de acordo com o pesquisador, são as reflexões sobre a padronização e formação dos corpos estéticos que legitimam a venda do belo através dos influencers. Luciano afirma que procurou “contribuir com a possibilidade de emancipação dos sujeitos, na configuração de sua existência individual e grupal para realizar nos indivíduos as características do ser humano”.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades destaque