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Universidade Federal de Goiás
Laura

Meu caminho acadêmico enquanto mulher negra na UFG

Em 28/03/23 12:52. Atualizada em 29/03/23 09:09.

Laura Luíza*

Laura

Celebrar uma conquista é como reduzir ansiedades da mente para ocupar esses espaços com felicidade. Aos 17 anos, a torcida pela vaga na Universidade Federal e, aos 21 anos, a incerteza sobre o futuro profissional. As aflições e inseguranças são comuns a todos os estudantes, independentemente da idade. Minha trajetória teve início no curso de Relações Internacionais na Universidade Federal de Goiás (UFG), onde, além do desenvolvimento técnico de excelência, pude me ampliar socialmente. O período vivenciado na graduação atraiu uma inquietação a mais para mim, assim como para todas as pessoas que fazem parte das minorias sociais, agora oficialmente acolhidas pela UFG com a Secretaria de Inclusão (SIN). 

A graduação em Relações Internacionais proporciona um conhecimento amplo, que abrange desde as ciências sociais até o comércio exterior. Embora o estudo da área seja multicultural, é comum que estudantes de classes econômicas ou sociais mais favorecidas tenham bases mais sólidas e incentivos maiores ao buscar por posições na diplomacia ou em empresas multinacionais. Na maioria das ocasiões, estas vantagens não são explícitas, mas estruturalmente reproduzidas na sociedade brasileira. Felizmente, a UFG conta com um corpo docente que cada vez mais observa as disparidades sociais e, consequentemente, implementa ações em busca de reduzir assimetrias e fortalecer estudantes de grupos minoritários. 

Como estudante de Ciências Sociais, fui apresentada a autores e tive debates imprescindíveis para o reconhecimento de identidades na sociedade brasileira, o que também me possibilitou reconhecer lutas semelhantes em outros países. Em minha faculdade, foi igualmente gratificante ver instituições estudantis suscitarem a memória do histórico de minorias sociais e promoverem propostas para um futuro inclusivo através de suas pesquisas e eventos organizados. Com o mesmo nível de esperança, porém com uma parte de pesar, fez parte da minha graduação ver estudantes se defenderem publicamente de atos racistas implícitos e explícitos praticados dentro da academia, imediatamente repudiados pelo corpo estudantil e por colegas. 

Em minha trajetória universitária, a UFG pôde ampliar minha concepção de mundo através da convivência com pessoas oriundas dos mais diversos contextos. Neste sentido, pude concluir que a pluralidade e o respeito fertilizam os mais belos espaços na sociedade. Além disso, foi nesta etapa que compreendi a expressividade positiva da negritude e me afirmei, orgulhosamente, por ser uma mulher negra em todos os espaços que ocupo. Ao ter participado de projetos de pesquisa, instituições estudantis, mediação de debates e um estágio corporativo, espero que o meu desempenho, associado à minha imagem, possa incentivar outras estudantes a encarar as mesmas experiências com mais segurança e com o mesmo entusiasmo. 

Agora, no ano de 2023 e com um diploma em mãos, iniciarei uma nova etapa profissional, para a qual fui, felizmente, preparada pela Universidade. Da minha parte, tenho expectativas extremamente positivas em trabalhar para a empresa multinacional Agrex do Brasil, que abriu portas para meu crescimento na minha área de formação. Mais do que isso, sinto-me esperançosa ao ver que o mundo corporativo avança e promove políticas de inclusão que impactam positivamente o futuro dos estudantes. Portanto, percebo que a instrução técnica proporcionada pela Universidade Federal de Goiás foi fundamental para a minha construção humana e profissional. Concluo que a instituição se fortifica ao criar a Secretaria de Inclusão, órgão de suporte impactante, pois ainda há inúmeros lugares nos quais estudantes que são parte de minorias sociais devem ser admitidos sem preconceitos.

*Laura Luíza é formanda em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Goiás, pesquisadora de Comércio Exterior pelo projeto Inova Export e Assistente de Commodities na multinacional Agrex do Brasil

 

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom UFG

Categorias: artigo