Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Niquelândia capa

Pesquisa aborda preservação da biodiversidade em áreas mineradas

Em 02/05/23 09:29. Atualizada em 08/05/23 09:21.

Estudo destaca a necessidade de adesão às ações de recuperação ambiental

Larissa Rocha

Com o objetivo de evidenciar o quão aceita é a recuperação de áreas verdes por proprietários rurais, na cidade de Barro Alto, que está localizada ao norte, no interior do estado de Goiás, foi realizada a pesquisa, “Percepção ambiental sobre a biodiversidade em uma região sob influência de atividade mineradora", por Nicole Mércia Alves Gomes. A pesquisa foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-V), da Universidade Federal de Goiás (UFG). Os resultados mostram que há intenções positivas por parte dos proprietários da região em realizar a recuperação ambiental em propriedades atingidas pela mineração.

O estudo, gerido pela Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape), foi feito durante o Projeto de Monitoramento da Biodiversidade nos municípios de Niquelândia e Barro Alto-GO, numa ação de convênio entre a Funape e a Anglo American, mineradora que atua na região. Segundo Nicole Mércia, sua função no projeto era desenvolver o Diagnóstico Socioparticipativo para a empresa, levantando dados socioambientais. Porém, após visitar as propriedades rurais, ela teve a oportunidade de desenvolver esta pesquisa para o mestrado, pensando no cenário ambiental. 

A pesquisadora afirma que a mineração é uma atividade bastante importante para a região, principalmente na geração de serviços e no aumento do fluxo de pessoas no comércio. Entretanto, ela reforça a existência e o conhecimento acerca dos impactos e efeitos negativos da mineração, como a degradação da biodiversidade da região, impactos socioeconômicos e culturais e a compra de propriedades pelas mineradoras. Conforme relatos dos entrevistados, muitos proprietários negociaram a venda de suas terras por conta da expansão da atividade, ação que  segundo o estudo, vem atingindo também as comunidades tradicionais da região em prol do extrativismo.

Para fazer a identificação das intenções e ações dos proprietários com relação à preservação dos ambientes atingidos pela mineração foram utilizados métodos como o comportamento percebido, a norma subjetiva e principalmente, a atitude dos indivíduos, além de alguns construtos pessoais como a idade e a escolaridade. Segundo Nicole, a seleção desses dados foi realizada no período da pandemia e o contato com os participantes do estudo foi mais restrito. Ao todo 87 pessoas foram entrevistadas, mas apenas 32 foram aptas a responder a pesquisa. Os participantes tinham de 20 a 80 anos de idade e a maioria possuía o ensino médio completo. 

A pesquisa constatou que embora muitas respostas tenham sido positivas acerca da preservação e recuperação ambiental, muitas das propriedades visitadas tinham poucas árvores nas proximidades das casas. Sobre isso a pesquisadora reforça que, “os proprietários rurais têm o poder de modificar a paisagem” e que eles precisam entender que a intenção e ação de conservar áreas dentro de suas propriedades é essencial para o desenvolvimento de ações conservacionistas na biodiversidade da região.

Com relação à intenção e realização da preservação ambiental, Nicole evidencia que a educação possui papel importante, pois se constatou que quanto maior a escolaridade, maior a intenção em recuperar áreas. Segundo ela, “proprietários rurais com maior escolaridade podem ter uma visão mais clara dos benefícios da conservação e logo ter uma maior intenção de desenvolver ações de restauração”. 

Além de evidenciar que os proprietários são favoráveis em recuperar terras degradadas, o estudo mostra que eles possuem uma boa imagem da conservação e dos benefícios da sua realização. Nicole afirma que para atingir esse tipo de comportamento pró-ambiente, é necessário que eles tenham essa posição em mente: “Se este grupo pensar que a recuperação ambiental é algo favorável para suas terras e para eles, há uma grande chance de desenvolverem ações desse tipo”, salienta a pesquisadora.

Fonte: Secom UFG

Categorias: destaque