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Universidade Federal de Goiás
epilepsia visual

HC-UFG realiza cirurgia inédita para tratamento de epilepsia focal visual

Em 27/06/23 08:07. Atualizada em 27/06/23 08:23.

Procedimento também teve a participação de neurocientistas da Holanda e da UFRN

Texto e fotos: Thalízia Cruvinel
O Serviço de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da UFG, vinculado à Rede Ebserh, realizou uma cirurgia inédita para o tratamento de epilepsia. O procedimento foi realizado nesta terça-feira, 20/06, e contou com a participação de três neurocientistas: Sérgio Neuenschwander, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Pieter Roelfsema e Matthews Self, do Instituto de Neurociências da Holanda.

A cirurgia foi realizada em um paciente do sexo masculino, 45 anos de idade, com diagnóstico de epilepsia focal visual. O paciente foi encaminhado para o Núcleo de Neurociências do HC-UFG há cerca de um ano, onde vem sendo acompanhado, por apresentar epilepsia focal visual refratária ao melhor tratamento medicamentoso disponível, para avaliação quanto à possibilidade de tratamento cirúrgico.

“O procedimento consiste na estimulação cerebral profunda do núcleo geniculado lateral do tálamo”, explica o Chefe do serviço de Neurocirurgia do HC-UFG/Ebserh e professor da Faculdade de Medicina da UFG, Prof. Dr. Osvaldo Vilela Filho, que liderou a equipe que realizou a cirurgia, composta por ele, pelos residentes do serviço de Neurocirurgia e pelos três neurocientistas. O núcleo geniculado lateral (NGL) faz parte do tálamo, que serve como principal centro de processamento de informações visuais. Essa foi a primeira vez em que o NGL foi fisiologicamente investigado em seres humanos; anteriormente, este núcleo só foi estudado em animais, como ratos, gatos e primatas não humanos.

“Essa é uma cirurgia minimamente invasiva em que utilizamos um aparelho chamado estereotáxico, que permite que marquemos um ponto dentro do cérebro e que aquele ponto seja atingido precisamente através de apenas um orifício feito na parte superior do crânio (trepanação)”, explica Osvaldo Vilela Filho. O procedimento cirúrgico durou 15 horas e foi realizado com o paciente acordado, sob anestesia local. “É fundamental que o procedimento seja realizado com o paciente acordado para que ele possa participar dos testes realizados no transcurso da cirurgia que nos permitem comprovar que o NGL foi atingido de forma precisa”, afirma o professor.

Logo após a cirurgia, o paciente foi encaminhado para a UTI, onde ficou em observação no pós-operatório, mas já teve alta da unidade e foi encaminhado para um leito de enfermaria. O paciente também já passou por uma ressonância de controle, que comprovou que o eletrodo foi precisamente implantado no NGL.

Segundo Osvaldo Vilela Filho, com base nos resultados obtidos após a realização deste estudo, os cientistas esperam criar uma nova prótese ocular para pessoas cegas.

A primeira cirurgia de estimulação cerebral profunda do NGL em humanos do mundo foi realizada há dois anos pelo Prof. Dr. Osvaldo Vilela e sua equipe no HC da UFG, e o resultado da pesquisa foi apresentado no Congresso Mundial de Neurocirurgia Funcional e Estereotáxica, realizado em setembro de 2022, na cidade de Incheon, Coréia do Sul. No dia 06/06/2023, o chefe do Serviço de Neurocirurgia enviou o resultado da pesquisa para a Revista Journal of Neurosurgery e aguarda resposta para a publicação.

Foto de capa - Neurocirurgia - Epilepsia Focal Visual.jpeg
Serviço de Neurocirurgia do HC-UFG realiza cirurgia inédita em paciente com diagnóstico de epilepsia focal visual

Tipos de epilepsia

Atualmente, de acordo com a nova classificação da Liga Internacional contra Epilepsia (ILAE), existem três grandes categorias de epilepsia: focal, generalizada e desconhecida.

A epilepsia focal é caracterizada por crises que se iniciam em uma região especifica do cérebro, conhecida como foco. Essas crises podem se espalhar para outras regiões cerebrais, mas o inicio é sempre localizado.

A epilepsia generalizada, por sua vez, tem inicio em ambos os hemisférios do cérebro ao mesmo tempo, afetando o corpo inteiro. Nesse tipo de epilepsia, as crises são simétricas.

Por fim, a epilepsia desconhecida é aquela em que não é possível identificar se as crises têm inicio em uma região localizada ou em ambos os hemisférios do cérebro ao mesmo tempo. Essa categoria é usada quando há falta de informações para uma classificação mais precisa.

É importante frisar que essa classificação não apenas ajuda no diagnóstico, como também ajuda na pesquisa e no desenvolvimento de novas terapêuticas.

 

Fonte: Ebserh

Categorias: Saúde Ebserh