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Universidade Federal de Goiás
Painel Econômico

PAINEL ECONÔMICO

Em 18/08/23 08:17. Atualizada em 18/08/23 12:09.

Além da redução da taxa de desocupação de todos os trabalhadores, houve melhoria de outros indicadores

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 159, agosto de 2023.

No Relatório Focus do Banco Central relativo à primeira semana de 2023, a expectativa do mercado para o crescimento da economia brasileira neste ano era de 0,78%, para a inflação de 5,62% (medida pelo IPCA) e para o dólar de R$ 5,28. De lá para cá, dados econômicos positivos foram sendo divulgados e o ambiente político foi se amainando, a ponto de haver avanço significativo da definição das novas regras fiscais do país (arcabouço fiscal) e a aprovação na Câmara dos Deputados da Reforma Tributária – algo já tentado em vários governos nos últimos anos. Com isso, paulatinamente, o humor do mercado foi melhorando, levando consigo as expectativas dos agentes econômicos.  Assim, o Relatório Focus do dia 11 de agosto sugere números bem melhores do que os do Relatório que inaugurou o ano, com o PIB terminando em 2,29%, a inflação em 4,84% e o dólar em R$ 4,93.

Nesta perspectiva, a resiliência do mercado de trabalho doméstico tem chamado a atenção dos analistas. Na mesma linha do que aconteceu com outras variáveis macroeconômicas do país, as previsões iniciais apontavam para resultados pouco favoráveis para esse mercado nesse ano. Contudo, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD-C, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a taxa de desocupação do país voltou a cair no segundo trimestre de 2023 (2ºT/2023), atingindo 8,0%. O recuo foi de 0,8 ponto percentual (p.p.) na comparação com o 1ºT/2023 (8,8%) e de 1,3 p.p. em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (9,3%). Na ordem, os melhores resultados para o segundo trimestre do ano considerando-se a série iniciada em 2012 são os de 2014 (6,9%), 2013 (7,5%) e 2012 (7,6%), seguidos justamente pelo resultado de 2023.

Os Estados que apresentaram as menores taxas de desocupação no 2ºT/2023 foram Rondônia (2,4%), Mato Grosso (3,0%) e Santa Catarina (3,5%). As maiores taxas, por sua vez, ficaram com Pernambuco (14,2%), Bahia (13,4%) e Amapá (12,4%). O Estado de Goiás apresentou a 9ª menor taxa de desocupação dentre os 26 Estados e o Distrito Federal. Por aqui, também houve queda do indicador nas duas bases de comparação: a taxa de desocupação do segundo trimestre de 2023 bateu em 6,2%, ante os 6,7% registrados no trimestre anterior e os 6,8% do mesmo período do ano anterior. Tal qual ocorreu para o Brasil, o resultado do indicador goiano foi o menor para um segundo trimestre do ano desde 2014.

O rendimento médio real habitual de todos os trabalhos no país não apresentou alteração estatisticamente significativa na comparação com trimestre anterior, mas aumentou 6,2% em relação ao mesmo período do ano anterior (2ºT/2022), atingindo R$ 2.921. Entre o 2ºT/2023 e o 2ºT/2022, o número de pessoas que estavam procurando trabalho por dois anos ou mais caiu 31,7% – 2,985 milhões contra 2,04 milhões de pessoas, com redução de 945 mil pessoas entre os dois trimestres analisados.

Com o melhor dinamismo do mercado de trabalho, fica relativamente mais fácil obter empregos com carteira assinada. A taxa de informalidade ficou estável em relação ao trimestre anterior, mas caiu ,08 p.p. em relação ao mesmo trimestre de 2022. A mesma estabilidade foi registrada para os empregados do setor privado com carteira assinada e para os que não têm carteira assinada na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve aumento de ambos os tipos de empregados, mas o número daqueles que possuem carteira assinada (36.773 mil) aumentou, 2,8%, sendo este aumento ligeiramente maior do que o daqueles que atuam na informalidade (13.109 mil pessoas, com variação de 2,4%).

Historicamente com a taxa de desocupação superior à dos homens, as mulheres ocuparam papel de destaque na queda do número de pessoas desocupadas no país no 2ºT/2023. Considerando-se os dados por sexo, verifica-se que na comparação com o trimestre anterior, a taxa de desocupação das pessoas do sexo masculino caiu 0,3 p.p. (de 7,2% para 6,9%), enquanto a das pessoas do sexo feminino recuou 1,3 p.p. (de 10,8% para 9,6%). Em termos absolutos, o total de pessoas desocupadas no Brasil caiu 758 mil entre o 1ºT/2023 e o 2ºT/2023 (de 9,432 milhões para 8,674 milhões), ao tempo em que o de pessoas ocupadas aumentou em 1,085 milhão, passando de 97,825 milhões para 98,910 milhões. As mulheres foram responsáveis por 59,2% desse total, com 642 delas a mais ocupadas no 2ºT/2023 e os homens por 40,2%, com acréscimo de 442 mil pessoas. Ou seja, pode-se atribuir às mulheres a maior parte da queda da taxa de desocupação do país nesse período.

A análise pelos grupamentos evidencia que as atividades que tiveram maior aumento de pessoas ocupadas foram, respectivamente, Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (variação de 4,2%, com 716 mil pessoas a mais ocupadas), Serviços domésticos (2,4% de aumento, com 136 mil pessoas adicionais) e Alojamento e alimentação (1,9% de aumento, com acréscimo de 102 mil pessoas). As características das ocupações nessas atividades favorecem o emprego de mulheres em relação a outras atividades, como a Agricultura, pecuária e a Construção, que tiveram queda do número de pessoas ocupadas no período analisado.

Outro grupo que também possui altas taxas de desocupação de forma recorrente, mas acabou por contribuir para redução da taxa total dos trabalhadores domésticos entre o primeiro e o segundo trimestres desse ano é aquele composto por pessoas que têm entre 14 e 24 anos. A taxa de desocupação das pessoas que possuem entre 14 e 17 anos no país ainda é muito elevada, atingindo 29,8% no 2ºT/2023, mas caiu 3,3 p.p., saindo dos 33,1% registrados no 1ºT/2023. A taxa daqueles que têm entre 14 e 24 anos é a segunda mais alta dentre os grupos de idade (16,6% no 2ºT/2023) e caiu 1,4 p.p. entre esses dois trimestres. Os demais grupos de idade também tiveram quedas da taxa de desocupação, só que bem menores do que as registradas pelas pessoas com idade entre 14 e 24 anos: o grupo composto por pessoas de 25 a 39 anos teve queda de 0,8 p.p. (de 8,2% para 7,4%); o de pessoas que têm entre 40 e 59 anos de 0,3 p.p. (de 5,6% para 5,3%); e o de pessoas com idade superior a 60 anos de 0,5 p.p. (de 3,9% para 3,4%).

Em suma, ao menos até o final do segundo trimestre do ano, o mercado de trabalho brasileiro continua mantendo resiliência, com comportamento melhor do que o esperado. Além da redução da taxa de desocupação de todos os trabalhadores, houve melhoria de outros indicadores, especialmente de grupos que historicamente encontram maiores dificuldades no mercado de trabalho, como as mulheres e os jovens com idade entre 14 e 24 anos.

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – N. 159/agosto de 2023.
Equipe Responsável: Prof. Edson Roberto Vieira e Prof. Antônio Marcos de Queiroz

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunistas Face