
UFG se prepara para lançar Centro de Ciência Aberta
Universidade entra na vanguarda de uma cultura científica mais colaborativa, transparente e democrática
Texto: Luiz Felipe Fernandes
Fotos: Carlos Siqueira
A Universidade Federal de Goiás (UFG) dá mais um passo para integrar a vanguarda de um movimento mundial que propõe mudanças estruturais na forma como o conhecimento científico é produzido, organizado, compartilhado e reutilizado. Com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2024, o Centro de Ciência Aberta da UFG atuará nas diversas frentes que integram esse movimento, que incluem ações para o correto armazenamento e compartilhamento de dados de pesquisa, códigos e recursos educacionais, além de atividades de divulgação científica e promoção da ciência cidadã.
Os detalhes do projeto foram apresentados nesta quinta-feira (5/10) na Reitoria da UFG pelas professoras Rejane Faria Ribeiro-Rotta, secretária adjunta de Relações Internacionais, e Laura Vilela Rodrigues Rezende, da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC). A consolidação do Centro de Ciência Aberta ocorre na esteira do desenvolvimento do Repositório de Dados de Pesquisa da UFG, cujo projeto foi contemplado em 2021 em edital da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).
Agora, além do repositório, em breve a Universidade terá à disposição um local para assessoramento e capacitação de pesquisadores em relação às novas demandas relacionadas à abertura dos dados e para institucionalizar uma cultura científica mais colaborativa, transparente e democrática. A previsão é de que o lançamento ocorra durante a Semana de Ciência Aberta da UFG, em abril de 2024. O evento, de caráter formativo, apresentará experiências nacionais e internacionais e promoverá oficinas e grupos de trabalho para a elaboração de minutas de documentos que vão regulamentar a ciência aberta na instituição.

Na reunião, a professora Rejane ressaltou que desde 2018 agências de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o CNPq exigem que os pesquisadores elaborem um Plano de Gestão de Dados (PGD) na submissão de propostas. "Geralmente os pesquisadores não pensam nos dados, apenas nos resultados de sua pesquisa", pontuou.
Segundo Laura, exigências semelhantes têm sido feitas em relação à divulgação científica, para que a ciência produzida nas instituições não fique restrita à academia e chegue à sociedade. A professora acrescentou que a ciência aberta também contempla o controle e a proteção dos dados, como nos casos de embargos e patentes.
UFG sai na frente
Para a pró-reitora de Pesquisa e Inovação da UFG, Helena Carasek, é preciso que a comunidade acadêmica compreenda o que é esse movimento, que já é realidade em algumas áreas de conhecimento. Ela citou, por exemplo, a opção dada por periódicos científicos de publicar, no ato da submissão, versões preliminares de um artigo (os chamados pré-print, que ainda não foram revisados por outros cientistas).
"Esta é uma grande oportunidade para a UFG sair na frente, já que ainda são poucas as instituições brasileiras que têm se atentado para esse movimento", afirmou a pró-reitora. Por isso, conforme acrescentou a pró-reitora adjunta da PRPI, Fabíola Souza Fiaccadori, o Centro de Ciência Aberta da UFG terá um importante papel formativo.
A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, afirmou que o centro se integrará ao complexo de produção e difusão científica da Universidade. A expectativa é de que ele seja mais um instrumento de combate às investidas que tentam deslegitimar a ciência, muitas vezes se valendo de distorções deliberadas do próprio discurso científico.
Também participaram da reunião o pró-reitor de Pós-Graduação da UFG, Felipe Terra Martins, e o pró-reitor adjunto, Wilson José Flores Junior.

Dimensões da Ciência Aberta
Durante a reunião, as professoras Rejane e Laura apresentaram alguns dos conceitos que orientam o movimento em prol da ciência aberta. No contexto internacional, uma das ações nesse sentido se deu com o Plano S, iniciativa da Comissão Europeia para garantir acesso aberto a todas as publicações científicas que trazem resultados de pesquisas com financiamento público. Atualmente muitos periódicos cobram taxas exorbitantes para que pesquisadores publiquem seus artigos em acesso aberto ou cobram pela assinatura.
Além do acesso, o arcabouço da ciência aberta inclui a abertura de dados, códigos computacionais, blocos de notas, recursos educacionais e do processo de revisão por pares. Outra prática promovida pelo movimento é a ciência cidadã, que se baseia na integração e participação da sociedade na atividade científica.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Institucional Ciência Aberta Ciência Cidadã