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Universidade Federal de Goiás
Nanocristais

Nanocristais, ciência básica e as possibilidades da ciência

Em 23/11/23 11:45. Atualizada em 24/11/23 13:59.

Área de estudo da Física, a Óptica pode trazer inovações em tratamentos e diagnósticos

Texto: Kharen Stecca
Foto: Carlos Siqueira

Nanocristais são uma classe de nanopartículas, objetos de dimensão submicroscópica que se comportam como um sistema único no que diz respeito às suas propriedades e ao seu transporte. Muitos tipos de nanocristais são estudados pela ciência, mas no Instituto de Física (IF) da Universidade Federal de Goiás (UFG) alguns foram priorizados, como aqueles contendo o ítrio, o alumínio e/ou o bório.

Esses cristais podem conter íons ativos que absorvem a radiação eletromagnética e possuem a propriedade específica de fotoluminescência. Essa propriedade é estudada pela Fotônica, um ramo da Óptica na área de Física. Não, você não vai brilhar no escuro! Mas com a ajuda de equipamentos de raios X esses cristais podem ser utilizados como espécies de contraste no organismo sem serem considerados objetos estranhos, se impregnar nas células, possibilitando pensar novas estratégias para diagnósticos de doenças com base na medição da temperatura de um tumor, por exemplo.

Mas essa não é a única possibilidade de aplicação da técnica. Ela pode ser utilizada para mapeamentos geológicos, usos em displays, elementos para lasers, estudos de plantas, entre outras aplicações. Pode ainda ser utilizada nas chamadas theranostics, que são a junção da terapia com o diagnóstico em tratamento de doenças por meio da termometria (o nome é uma junção das palavras em inglês therapeutics e diagnostics).

Essas pesquisas são extremamente promissoras, mas estão no campo do que é chamado de ciência básica, ou seja, pesquisas que desenvolvem materiais, processos e técnicas e que propõem estratégias para que no futuro – que pode ser de anos ou décadas – eles possam revolucionar a ciência.

Ainda pouco valorizada pela divulgação científica, até mesmo por uma perspectiva de que a ciência que precisa ser divulgada é a ciência aplicada, que traz benefícios diretos e imediatos à população, é preciso direcionar um novo olhar a esses trabalhos. Não por acaso, a ciência básica é o mote da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2023 e também do 20º Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (Conpeex) da UFG.

 

Palestra nanocristais

Professor Alain Ibanez, da França, participou da 40ª Semana da Física da UFG com palestra sobre nanocristais

 

Em novembro, o IF recebeu o professor francês Alain Ibanez para uma participação na 40ª Semana da Física da UFG, mas também para troca de experiências, projetos e ideias. Diretor de pesquisa do Institut Néel, do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), em Paris, o professor comentou que essas técnicas podem ser promissoras não só nos diagnósticos, mas também na ativação de fármacos por meio de luz, por exemplo, em tratamentos quimioterápicos e em tratamentos de fototerapia dinâmica.

Mas e o que a Física tem a ver com a medicina? Os estudos físicos de ciência básica têm o objetivo de melhorar esses materiais, descobrir novas matrizes de nanopartículas que podem ser utilizadas e semear novas possibilidades de tratamento que podem demorar anos para chegar a aplicações práticas, mas que podem futuramente revolucionar áreas de estudo.

Parceria

O professor explicou que, quando se trata de ciência básica, estamos um passo antes da inteligência artificial, pois estamos montando os bancos de dados que em algum momento poderão ser otimizados pelos computadores.

"Ciência básica é feita por pessoas que estão dispostas a sair da caixa. Para isso, uma importante estratégia é a troca de experiências entre pessoas que estudam a mesma área, pois cada um pensa de uma forma diferente e, a partir disso, é possível pensar em inovação". Ele ressaltou que cada um tem um pouco de conhecimento e ao trocar experiências com outros colegas é possível ir além desses limites.

 

Palestra nanocristais

Na palestra, o professor Alain Ibanez abordou a importância das parcerias: "ciência básica é para quem pensa fora da caixa"

 

A UFG e o CNRS já possuem uma parceria desde 2007, por meio do recebimento mútuo de estudantes e também da produção de pesquisas em colaboração. Alain afirmou que é comum a troca de experiências, equipamentos e também o desenvolvimento de pesquisas complementares. O professor reforçou a importância dos congressos científicos na produção dessas parcerias e do conhecimento conjunto. "Conferências não são passeios, são lugares de muito trabalho e de muitas possibilidades de parcerias", avaliou.

Tanto o professor Alain como o professor Lauro Maia, do IF, que também já foi professor pesquisador na instituição francesa e continua ativo nesse trabalho, ressaltaram que hoje, com as ferramentas de interação on-line, ficou mais fácil o trabalho de colaboração, mas que nada substitui a interação pessoal com outros pesquisadores.

 

* Crédito da foto de capa: Derek Smith, Universidade de Michigan.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Ciências Exatas IF Semana da Física Ciências Naturais