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Universidade Federal de Goiás
Lancet

UFG integra grupo internacional que monitora impactos das mudanças climáticas na saúde

Em 30/11/23 17:41. Atualizada em 01/12/23 06:50.

Professora Raquel Santiago, da Fanut, é coautora dos relatórios do Lancet Countdown e está em Dubai para a COP 28

Luiz Felipe Fernandes

O ano de 2023 caminha para entrar para a história como o mais quente em 125 mil anos, segundo o Copernicus, Programa de Observação da Terra da União Europeia. Um estudo publicado na revista Earth System Science Data mostra que, entre 2013 e 2022, o aquecimento induzido pelo homem atingiu 1,14 grau Celsius em média. De acordo com o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a temperatura global atualmente está 1,5 grau Celsius acima do período pré-industrial.

As evidências científicas da emergência climática se acumulam na velocidade de seus efeitos. Os impactos ao meio ambiente envolvem derretimento das calotas polares, aumento do nível dos oceanos, alterações nos ecossistemas e perda de biodiversidade. Também são cada vez mais comuns eventos extremos, como ondas de calor, incêndios florestais e mudanças nos padrões das chuvas que levam a inundações sem precedentes ou secas prolongadas.

A crise está diretamente relacionada à saúde humana. Nesse contexto, a The Lancet, uma das mais importantes revistas da área médica, lançou uma iniciativa para monitorar as implicações sanitárias das mudanças climáticas, reunir as melhores evidências científicas sobre o tema e oferecer recomendações a gestores governamentais de países de todo o mundo. O Lancet Countdown (contagem regressiva, em português) é uma colaboração internacional e multidisciplinar que reúne 114 cientistas e profissionais de saúde de 52 instituições e agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

A Universidade Federal de Goiás (UFG) está representada no grupo pela professora da Faculdade de Nutrição (Fanut), Raquel Santiago. Desde 2021 ela contribui para a elaboração dos relatórios da América do Sul, da América Latina e do Brasil, cujas edições de 2023 devem ser divulgadas ainda este ano. Raquel também levará os resultados para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), que começa nesta quinta-feira (30/11) em Dubai, nos Emirados Árabe Unidos.

 

Leia também: Pesquisadores pedem a inclusão do Cerrado nas discussões da COP28

 

Raquel Santiago

Professora da Fanut, Raquel Santiago, integra equipe que elabora recomendações de políticas públicas (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Recomendações

Nos relatórios do Lancet Countdown, os especialistas elegem alguns indicadores relacionados à relação entre mudanças climáticas e saúde e elaboram recomendações para orientar políticas públicas. A professora da UFG explica que o relatório brasileiro de 2023 destaca dois pontos: a emissão de gases de efeito estufa pela atividade agrícola e a importância de sistemas alimentares mais sustentáveis para o combate à insegurança alimentar e nutricional.

Segundo Raquel, os eventos climáticos extremos trazem impactos importantes na saúde humana e ambiental. "Além dos impactos nas cadeias de abastecimento, preços de alimentos e perdas econômicas, a mudança climática está aumentando o risco de insegurança alimentar e desnutrição", alerta.

Isso agrava um contexto que já é alarmante, uma vez que estima-se que 117 milhões de brasileiros estejam em insegurança alimentar, de acordo com o Centro de Estudos, Políticas e Informação sobre Determinantes Sociais da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

 

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Lancet

Pesquisadores de instituições de todo o mundo fazem parte da iniciativa da prestigiada revista The Lancet

 

Saúde planetária

Além disso, a professora da UFG coordena o Hub Latino-Americano de Saúde Planetária, que discute e propõe ações relacionadas à proteção à saúde e ao bem-estar humanos em consonância com a proteção dos sistemas naturais da Terra. No grupo brasleiro, Raquel coordena os trabalhos interdisciplinares sobre sistemas alimentares sustentáveis.

"No grupo de saúde planetária, trabalhamos bastante com a lógica da inserção dessa temática nos currículos da graduação e da pós-graduação, para que essa discussão faça parte da formação das pessoas", pontua. Nesse sentido, uma das ações é a elaboração de uma disciplina de saúde planetária para o público latino-americano.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Emergência climática Fanut COP 28 Saúde