
Projeto desenvolve plataforma de divulgação cultural e turística de Pirenópolis
Portal Inspiri divulga acervos tradicionais e contemporâneos de obras produzidas sobre o município
Da redação, com informações do Núcleo de Pesquisa de Teoria da Imagem
O projeto de extensão da Universidade Federal de Goiás (UFG) "Inspiri: educomunicação digital e ecoturismo cultural em Pirenópolis" encerra suas atividades deixando como legado uma plataforma de divulgação patrimonial e uma agenda de sustentabilidade para Pirenópolis, Cocalzinho e Corumbá de Goiás. O projeto foi desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa de Teoria da Imagem (NPTI), da Faculdade de Comunicação e Informação (FIC).
A plataforma multimídia inspirenopolis.weebly.com – ou Projeto Inspiri – é uma ferramenta de educomunicação aplicada à divulgação cultural e turística de Pirenópolis, criada pelo pesquisador social e artista multimídia Fred Le Blue Assis, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fred é egresso do curso de Publicidade e Propaganda da UFG e integra o NPTI. Nesse imagético e imaginário "portal da cidade", é possível ter acesso a uma série de conteúdos culturais de educação patrimonial produzidos e salvaguardados pelo projeto.
Em termos de pesquisa, Inspiri realizou uma reflexão sobre turismo, patrimônio e desenvolvimento sustentável, contando com pesquisa etnográfica visual e sonora mediada por Fred de abril a dezembro de 2022 no Centro Histórico de Pirenópolis e no Povoado de Jaranápolis. A proposta tem permitido amalgamar fragmentos de memória coletiva do anedotário socioespacial urbano e rural da cidade, "inspirado" pelo seu patrimônio arquitetônico, natural e cultural (material e imaterial).
Assim, Inspiri também tem divulgado acervos tradicionais e contemporâneos de obras produzidas sobre Pirenópolis, tendo estimulado na cena cultural local a produção de novos conteúdos artísticos, jornalísticos e historiográficos sobre os seus ambientes construídos ("Pedras"), naturais ("Rios") e vividos ("Almas").
Projeto reúne fragmentos da memória coletiva e do espaço urbano e rural de Pirenópolis (Fotos: Fred Le Blue Assis)
Em 2023, o projeto sociocultural Inspiri também coletou sugestões e ideias para uma gestão e planejamento territorial sustentáveis das políticas urbanas, sanitárias, sociais, educacionais, culturais, patrimoniais, turísticas e ambientais. Por meio da agenda colaborativa PIRI'nova, as autoridades e lideranças locais pautaram e foram pautadas nos mais diversos temas cotidianos de interesse comum, a partir de um think tank realizado com moradores de várias regiões, idades, etnias e classes sociais.
Inspiri e PIRI'nova são parte de uma estratégia poética de antropologia espacial para turistificação de territórios culturais do braço socioambiental turístico do movimento ARTEtetura e HUMANismo, chamado de ARTeteTURismo. Pirenópolis é rica em paisagens culturais com diversidade biológica, geológica, topográfica e antropológica que precisam ser preservadas e/ou transformadas por meio de instrumentos de políticas públicas de planejamento e gestão de uso do solo, bem como com ações educomunicativas participativas para conscientização histórica, social, urbana e ambiental.
Somente assim tem sido possível repensar a cidade de forma sustentável na esfera da ecologia, mas também da economia e equidade, e o papel de cada cidadão pirenopolino no tocante aos próximos 300 anos dessa pólis tão secular.
Pireneus 360º
Em 2023, esse projeto de extensão de divulgação turística iniciou uma terceira etapa, após já ter contribuído em termos socioeconômicos para a retomada do turismo regional em Pirenópolis, após meses recessão regional na cidade causada pelo lockdown, durante o ápice da pandemia do covid-19. Trata-se do Pireneus 360°: turismo, patrimônio e desenvolvimento sustentável em Cocalzinho, Corumbá, Pirenópolis e seus povoados.
Este desdobramento do Inspiri visa construir uma etnometodologia cultural-científica, que por meio da atividade de docência, pesquisa e extensão, aponte para novas formas de fazer ciência e educação, no contexto tecnológico digital, por meio de uma simbiose paratática entre o turismo, a sustentabilidade e o patrimônio. A busca por novos instrumentos de políticas públicas turísticas sustentáveis pode ser catalisada, consoante um esforço educomunicativo patrimonial dos territórios com potenciais turísticos dos Pireneus como um todo topográfico e antropológico.
O objetivo é descentralizar a alta concentração de turistificação somente em Pirenópolis e suas zonas envoltórias imediatas, de quinta à segunda. No que permita dar visibilidade pública a toda a macrorregião dos Pireneus em momento pós-pandêmico, por meio de ações educativas de interfaces sociais, ambientais, turísticas, sociais e culturais em uma perspectiva do turismo experiência, preferencialmente, de longa duração e na "baixa temporada".
A plataforma virtual Inspiri, enquanto aplicação teórica e prática de educação patrimonial, seguirá divulgando e catalisando os saberes-fazeres locais inspirados pela cultura material e imaterial dos três municípios em questão e seus povoados.
A iniciativa que tem um propósito interdisciplinar de ecologia, equidade e economia e tem atuado por meio de redes colaraborativas e interagenciais na elaboração de pesquisas acadêmicas, ações culturais e cursos formativos nas áreas de turismo de experiência e suas subvertentes (etnoturismo, ecoturismo, cicloturismo, turismo cultural, turismo rural, turismo gastronômico, entre outros), em interface com as de economia criativa, circular e solidária. O projeto demonstrou que é possível despertar os munícipes da região para seu potencial de empreendedorismo tecnológico e empresarial com responsabilidade socioambiental.
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Uma das vertentes do projeto é descentralizar a alta concentração do turismo somente em Pirenópolis
Parceria
O pesquisador atua em outros projetos socioculturais de extensão universitária junto ao NPTI: a campanha de mídia advocacy para a comunidade vicinal à UFG em relação ao combate da poluição sonora e atmosférica da usina termelétrica Xavantes, para a qual foi feito, em 2021, o vídeo e a canção "Usina Xavantes não gosta de índio"; e a colaboração como cocriador e tutor, em 2022, da atividade hipertextual socioambiental Ecos de 2030.
Ainda neste ano, o pesquisador também realizou uma viagem etnográfica visual a Pirenópolis por nove meses para recompor o acervo fotográfico iniciado pela professora da FIC Lisbeth de Oliveira, bem como para a construção do portal digital com produção de contéudo educomunicativo sobre patrimônio histórico da cidade e a gravação da canção "Pedra de Pirenópolis" no Festival Canto da Primavera. O projeto Inspiri também concorre em editais públicos para poder seguir para a sua quarta e última etapa – essa extrauniversitária –, que vai consistir na gravação de mais de 30 músicas compostas para a paisagem cultural e imaginário urbano de Pirenópolis.
Fonte: FIC
Categorias: Extensão Humanidades Fic