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Universidade Federal de Goiás
Algoritmo

Livro aborda impactos sociais e políticos dos algoritmos

Em 12/12/23 15:00. Atualizada em 12/12/23 15:05.

Obra de professores da UFMG e UFG propõe pensar algoritmos como instituições emergentes da sociedade contemporânea

Da Redação

A Oxford University Press lança globalmente nesta terça-feira (12/12) o livro Algorithmic Institutionalism: the changing rules of social and political life (Institucionalismo Algorítmico: as mudanças nas regras da vida social e política, em tradução livre). De autoria dos professores Ricardo Fabrino Mendonça e Virgilio Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Fernando Filgueiras, da Universidade Federal de Goiás (UFG), a obra aborda a crescente presença de algoritmos em decisões cotidianas que afetam nossas vidas, e os impactos sociais e políticos desse fenômeno.

Em tempos de maior atenção ao avanço da Inteligência Artificial (IA) e de curiosidade generalizada sobre as consequências da automatização de uma série de dinâmicas sociais, os autores tratam de temas complexos de forma acessível e teoricamente informada, agregando discussões da ciência política e da ciência da computação.

Algoritmos são, de forma muito simples, sequências de instruções executáveis visando a um certo fim. No caso dos algoritmos de IA, as instruções não precisam ser completamente escritas a priori, pois são obtidas com base nos dados usados para treinamento.

O termo se popularizou em referência às escolhas que plataformas fazem para alimentar nossas timelines. Algoritmos estão, todavia, na multiplicidade de softwares e aplicativos que atravessam a vida cotidiana, moldando decisões que vão da rota indicada pelo Waze aos dates sugeridos pelo Tinder, passando pelo preço da corrida de Uber ou pela decisão de quem deve ter acesso a uma política social específica ou prioridade na fila de transplantes.

Algoritmos prometem soluções ágeis, eficientes e impessoais, que levam em consideração grandes volumes de dados e possibilitam a rápida alocação de recursos. No entanto, diversos estudos mostram como o boom dos algoritmos também alimenta diversos problemas, que vão do fortalecimento da polarização ao reforço de preconceitos e injustiças.

É cada vez mais evidente, por exemplo, como algoritmos têm reforçado, em diferentes áreas, decisões e visões racistas, naquilo que se convencionou chamar de racismo algorítmico. Algoritmos de IA como ChatGPT apresentam conveniência e oportunidades, mas também trazem riscos de diversas natureza.

 

Leia também: Livro aborda cidades inteligentes e o papel do engenheiro

 

Fernando Filgueiras

Fernando Filgueiras, coautor do livro, é professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Instituições emergentes

Algorithmic Institutionalism discute essas questões avançando um argumento inovador: é possível pensar os algoritmos como instituições emergentes das sociedades contemporâneas. Isso porque eles operam como conjuntos de regras que ajudam a estruturar normas e contextos em que seres humanos e máquinas agem. Assim, algoritmos influenciam comportamentos individuais e têm consequências coletivas sobre sociedades.

Os autores abordam essas questões explorando exemplos de algoritmos adotados na área de segurança pública, na plataformização de governos e na construção de sistemas de recomendação em diversas áreas. Algoritmos estão estruturando novas ordens políticas, baseadas em uma racionalização obtida com sistemas computacionais.

Ao final, os autores argumentam que, assim como outras instituições complexas foram democratizadas no passado, é preciso pensar como algoritmos podem ser democratizados, de modo a conter os riscos que representam para a sociedade contemporânea.

Ricardo Mendonça argumenta que "o livro supre uma lacuna importante ao oferecer um olhar transdisciplinar sobre um problema complexo, que traz muitos desafios políticos no contemporâneo".

"Algoritmos são novas e intrigantes instituições que requerem avanços da teoria institucional para compreendê-las", acrescenta Fernando Filgueiras, professor da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da UFG.

De acordo com Virgílio Almeida, o livro analisa o papel dos algoritmos como instituições em vários contextos, como, por exemplo, os algoritmos de recomendação, que surgem ao mediar o conhecimento e influenciar o comportamento dos cidadãos e consumidores em processos complexos.

* Crédito da foto de capa: Shutterstock

Fonte: Secom UFG

Categorias: Tecnologia FCS inteligência artificial