Texto: Ricardo Lima
Fotos: Evelyn Parreira

O encontro de diferentes culturas pode criar espaços de estranhamento e hibridismo. Por isso, segundo a professora Lucienne Martins Borges, da Universidade Laval, em Quebec, no Canadá, estratégias como o uso de intérpretes e a contextualização histórica das experiências dos participantes em pesquisas são essenciais como ferramentas de trabalho para pesquisadores e formuladores de políticas públicas.

O tema foi abordado na palestra "O papel da cultura no processo de integração de imigrantes: aspectos a serem considerados em pesquisas acadêmicas e na formulação de políticas públicas", ministrada na última quinta-feira (29/2) na Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (Face) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O evento foi organizado pelo Grupo de Pesquisa em Aprendizagem nas Organizações (GPAO), pelo Laboratório de Pesquisa em Empreendedorismo e Inovação (Lapei), pelo Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas ao Setor Público (Cepasp) e pelo Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGADM).

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Professora Lucienne Martins Borges, da Universidade Laval, do Canadá, durante palestra ministrada na Face

Integração cultural

"Esses momentos de contato podem carregar tanto intolerâncias quanto oportunidades de compreensão mútua", destacou Lucienne. A cultura, portanto, emerge como uma ponte vital entre sujeitos e seus ambientes, moldando a experiência de imigrantes em suas novas terras.

A professora abordou a cultura como fonte de dessemelhança complementar entre indivíduos. "A cultura fornece respostas satisfatórias à questão da diferença entre os povos", ressaltou. Composta por elementos significativos, dotados de propriedades e funções, a cultura conecta o mundo interno ao externo do ser.

Aspecto psicocultural

A palestra também abordou os impactos psicológicos enfrentados pelos imigrantes. "A ruptura de laços significativos e a perda da identidade cultural são alguns impactos psicológicos da imigração", mencionou.

Além disso, foi discutida a distinção entre migrações voluntárias (como trabalho e estudos) e involuntárias (devido a conflitos e perseguições). Refugiados, apátridas e solicitantes de refúgio foram conceituados, revelando a complexidade dessas trajetórias.

A professora também falou sobre o Serviço Especializado de Assistência Psicológica a Imigrantes e Refugiados (Sapsir, na sigla em francês), da Universidade Laval. Fundado em 2000, o Sapsir oferece suporte intercultural e aborda questões complexas de saúde mental enfrentadas por esses grupos. "A equipe de profissionais mediadores interculturais foi estabelecida em 2017", pontuou a palestrante.